Maurício Moura é economista e pesquisador brasileiro na área de políticas públicas e análises eleitorais na The George Washington University, nos Estados Unidos, e participante do Owner/President Management Program da Harvard Business School. Maurício Moura tem PhD. em Economia e Política do Setor Público e é fundador da empresa IDEIA Big Data. Foi pioneiro na aplicação de técnicas de microtargeting eleitoral no Brasil em 2010 e em Portugal em 2013. Também levou as técnicas de microtargeting e Big Data para a Bolívia, Peru e Colômbia. Em 2017, coordenou a campanha da candidata democrata Priscila Sousa em Framingham, MA, a primeira brasileira a se candidatar a um cargo majoritário nos Estados Unidos. É sócio efetivo do movimento Todos pela Educação, membro do Rotary Club International de Arlington, VA (EUA) e membro do conselho da The Graduate School of Political Management da The George Washington University. Maurício Moura conquistou vários prêmios internacionais, como o Pollie Awards e Victory Awards em 2015. Em 2017, ganhou as medalhas de Prata e Bronze no Goldie Awards, a EAPC Polaris Award e novamente o Victory Awards, na categoria Inovador Político do Ano. “Impossível precisar mas é possível dizer que as redes sociais ganharam muito peso desde o último ciclo eleitoral. E parte fundamental disso foi o maior acesso a telefonia celular”, afirma o pesquisador.
Maurício, essa será a eleição mais difícil e imprevisível dos últimos anos?
Certamente. Por três fatores: Primeiro, quebrou-se o monopólio de PT e PSDB na disputa do primeiro turno. Hoje temos 5 candidatos com chances reais de ir ao segundo turno. Segundo, o nível alto de indignação com a política que gera um potencial alto de não voto (brancos/nulos e não comparecimento). Isso dificulta saber quem pode mais se beneficiar com esse cenário. Por último, um período mais curto de campanha e com muito menos recursos.
Bolsonaro pode ser considerado um candidato fora do “Status quo?”.
Depende. No sentido político obviamente que não porque ele e sua família habitam o Parlamento brasileiro faz muito tempo. Todavia, o seu discurso tem outra lógica. Ele se coloca como diferente de “tudo que esta aí”. O julgamento disso o eleitor vai fazer.
Qual o peso real das redes sociais e da internet nesta eleição?
Essa é a pergunta mais difícil de responder e a mais importante. Impossível precisar mas é possível dizer que as redes sociais ganharam muito peso desde o último ciclo eleitoral. E parte fundamental disso foi o maior acesso a telefonia celular, a smartphones (Facebook aponta que o brasileiro acessa o celular para ver a internet em média 30 vezes por dia) e principalmente o aumento exponencial de usuários de WhatsApp. Os pleitos de México, Colômbia e Chile nos ensinaram que todo o conteúdo da campanha passou pelo WhatsApp via grupos e compartilhamentos. Essa campanha o WhatsApp será o protagonista.
Mulheres ou as classes menos favorecidas, quem decidirá esta eleição?
Acho quem não aparecer para votar vai decidir porque pode aumentar ou diminuir o peso dos votos válidos de um determinado candidato. Explico: se a camada mais popular liderar o não voto, quem ganha são candidatos mais alinhados com a classe média. Esse foi o caso de Doria em 2016 na cidade de São Paulo.
Ideologias ainda terão espaço nas eleições ou quando se decide em quem vai votar outros fatores são mais importantes?
Acho que esse ano o eleitor vai olhar muito fortemente o tripé: ética, economia e segurança pública. O debate vai ser pautado essencialmente por esses temas.
Temos a sensação que o ex-presidente Lula tornou-se maior que o PT. Você como um estudioso tem o mesmo sentimento?
Certamente. O nível de apoio ao ex-presidente nas classes populares é muito maior que o suporte ao PT. Aliás, essa é outra grande temática do pleito: qual a capacidade de transferir votos para alguém do PT. Vemos muito em pesquisa que muita gente vota Lula mas não vota PT.
A aliança do ex-governador Alckmin com os partidos do chamado “centrão”, não será um risco que já vimos em outras oportunidades, caso ele seja o vencedor das eleições de outubro?
Acho que o mérito do governador é falar diretamente ao público que na realidade atual para governar é preciso compor com outros partidos. Essa é a grande entrava para se governar no país. Espero que independente de quem ganhe, tenha êxito nessa relação com o Congresso.
O isolamento de Ciro Gomes pelo PT, diminuiu as chances do ex-ministro e ex-governador do Ceará?
Diminuiu porque perde capilaridade e estrutura eleitoral. O PT é muito forte no Nordeste e vai competir diretamente com Ciro pelos votos daquela região do país.
Em que faixa etária o desencantamento com a política se tornou maior?
Entre os mais jovens. A juventude é super digital e a política segue analógica. Vivem em dois mundos diferentes.
Se Bolsonaro vencer, ele terá maiores dificuldades em governar do que outros candidatos?
Quem vencer sem apoio multi e pluripartidário terá dificuldades independente do eleito.
Não existe impossível na política, mas seria imaginável uma “união” entre PT e PSDB num eventual segundo turno contra Jair Bolsonaro?
Essa vou deixar PT e PSDB responderem. Em 1989 essa união aconteceu. Quem sabe?
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