Em uma decisão que promete reverberar por toda a indústria de mídia e jornalismo digital, o The Guardian anunciou nesta quarta-feira (13) que encerrará sua atividade na plataforma X, antes conhecida como Twitter. Esse movimento ocorre após uma série de deliberações internas, nas quais o jornal britânico avaliou que os “benefícios de estar no X agora são superados pelos negativos, e os recursos podem ser melhor empregados em outras plataformas para promover nosso jornalismo”. No comunicado, o The Guardian ressaltou que, nos últimos meses, a rede tem se tornado um ambiente tóxico, com grande disseminação de conteúdos perturbadores, incluindo teorias conspiratórias e manifestações de racismo e intolerância, especialmente ligadas à extrema-direita.
O impacto dessa decisão é significativo, visto que o The Guardian e seu jornal irmão, o Observer, possuem mais de 40 contas na plataforma, somando mais de 20 milhões de seguidores. Este é um passo que levanta uma questão fundamental sobre o papel das plataformas de mídia social no mundo moderno e a responsabilidade das instituições de imprensa em manter a integridade e a ética de sua presença digital. A decisão do The Guardian não foi um movimento isolado; grandes veículos e até celebridades vêm reconsiderando sua permanência no X devido à mudança de postura da plataforma desde que Elon Musk a adquiriu.
A trajetória do X, desde um espaço para o debate público até o cenário atual, levanta preocupações sobre a influência das redes sociais nos discursos políticos e culturais. Musk tem imposto sua visão de “liberdade de expressão” de maneira controversa, promovendo mudanças que, aos olhos do The Guardian, comprometem a qualidade e a segurança da plataforma. O Panorama Mercantil (do qual sou o seu publisher e fundador), por exemplo, também se retirou do X há cerca de dez meses, reconhecendo que a rede social, sob a nova administração, tinha perdido seu propósito original de ser um fórum de debate público saudável. Essa decisão editorial crítica e a mudança de estratégia digital do The Guardian, bem como de outros veículos, refletem uma crescente rejeição ao modelo atual da plataforma, e sugerem que o X pode estar caminhando para se tornar irrelevante para o jornalismo de qualidade.
A saída do The Guardian do X é uma declaração forte sobre a credibilidade no jornalismo digital. Como um dos veículos de imprensa mais respeitados do mundo, o The Guardian construiu sua reputação com base em uma cobertura rigorosa e independente, e ao escolher deixar a plataforma, ele envia uma mensagem de integridade e proteção à sua imagem. Com a proliferação de teorias conspiratórias e discursos de ódio que passaram a ser endossados, direta ou indiretamente, pelo próprio Elon Musk, o The Guardian entendeu que sua permanência no X poderia comprometer a imagem de imparcialidade e confiabilidade que defende.
De fato, a plataforma deixou de ser um ambiente seguro para debates construtivos e factuais. Ao deixar o X, o The Guardian protege sua credibilidade ao não se associar a um espaço onde a desinformação e o extremismo prosperam. A decisão pode ser um passo importante para reafirmar a seriedade do jornalismo perante o público e um exemplo para outros veículos que ainda hesitam em tomar ações semelhantes.
Desde a aquisição do X por Elon Musk, a plataforma tem sido palco de um ambiente de permissividade em relação a discursos extremistas e práticas que muitos consideram tóxicas. Musk, conhecido por seu estilo de gestão pouco ortodoxo e sua visão ampla sobre a liberdade de expressão, fez alterações que abalaram a estrutura da rede, incluindo a reintegração de contas banidas por espalhar desinformação. Ao permitir que essas vozes retornem ao X, Musk promoveu um espaço menos regulado, no qual a disseminação de ódio e teorias conspiratórias ganhou fôlego.
O The Guardian, ao reconhecer a influência negativa de Musk, se afasta de um ambiente que considera ser uma ameaça ao debate sadio e informado. A escolha do jornal evidencia uma crítica direta à falta de moderação da plataforma, que passou a ser um risco para a disseminação de notícias responsáveis. Além disso, mostra como a liderança de Musk contribuiu para afastar o X do seu propósito inicial, transformando-o em um espaço de conflito ideológico que prejudica o ambiente informativo.
Para o The Guardian, a decisão de abandonar o X também passa pela observação de que a plataforma tem promovido conteúdos perturbadores e de apelo negativo. O algoritmo, segundo especialistas, favorece o engajamento com base na indignação, e esse modelo, ao incentivar conteúdos polarizantes, cria um ambiente propício à desinformação. Assim, teorias conspiratórias e discursos de ódio ganham mais visibilidade e alcance, minando o propósito jornalístico.
Como um veículo que busca promover um jornalismo ético e informativo, o The Guardian constatou que os efeitos desse tipo de conteúdo ultrapassam o impacto direto e afetam a confiança dos leitores. A escolha de sair do X revela uma postura responsável e uma crítica à lógica algorítmica da plataforma, que prioriza conteúdos divisivos e potencialmente perigosos. Ao sair do X, o jornal se isenta de contribuir para um sistema que considera prejudicial à sociedade e à saúde do debate público.
Ao decidir sair do X, o The Guardian também avalia que os recursos podem ser melhor alocados em outras plataformas que ofereçam um ambiente mais positivo para a divulgação de seu conteúdo. O gerenciamento de mais de 40 contas no X consome uma quantidade significativa de recursos humanos e tecnológicos. Com a decisão de sair, o jornal poderá concentrar seus esforços em redes que permitam um engajamento mais saudável e construtivo.
Este redirecionamento de recursos é um sinal de que o jornal está disposto a investir em ambientes que respeitem seu compromisso com a qualidade informativa. A decisão reflete uma visão estratégica de longo prazo, onde a presença nas redes sociais é pautada pela segurança, pela confiabilidade e pela relevância dos conteúdos. O The Guardian se alinha, assim, com uma tendência crescente de priorizar plataformas que incentivam a interatividade positiva e o respeito mútuo.
Ao se retirar do X, o The Guardian também assume um risco calculado no relacionamento com seu público. O jornal possui milhões de seguidores na plataforma, mas, com a decisão de sair, renuncia ao contato direto com esse grupo. Entretanto, a postura da empresa demonstra que a lealdade dos leitores é valorizada de forma ética, e que manter a integridade é mais importante do que sacrificar seus valores em prol de engajamento digital.
Essa decisão não significa o abandono completo dos leitores da plataforma, que ainda poderão compartilhar conteúdos do jornal. O The Guardian deixa claro que sua saída do X é, na verdade, uma declaração de que o relacionamento com seu público precisa estar ancorado em espaços mais construtivos e menos propensos a incentivar o ódio. É uma escolha que reflete respeito ao público e ao papel social do jornalismo.
A saída do The Guardian levanta uma questão importante sobre o futuro do jornalismo em redes sociais. A plataforma X, um dia, representou uma ferramenta de comunicação e informação relevante, mas a realidade atual mostra que outras redes podem estar melhor alinhadas com os valores do jornalismo responsável. Com a migração para outras plataformas, o jornal tem a oportunidade de se estabelecer em espaços que priorizem a integridade dos dados e do debate público.
O cenário atual das redes sociais pede por uma avaliação crítica das escolhas de presença digital de veículos de imprensa. Plataformas como Instagram, LinkedIn e até mesmo novas alternativas como o Threads do Meta apresentam potenciais mais positivos para o compartilhamento de conteúdo jornalístico ético. A decisão do The Guardian reforça a importância de os jornais optarem por redes que ofereçam um ambiente seguro para seu trabalho.
A decisão do The Guardian de sair do X destaca o papel das instituições jornalísticas na luta contra a desinformação. Ao abandonar uma plataforma onde a desinformação tem se proliferado sem moderação eficaz, o jornal coloca sua responsabilidade social em primeiro lugar. Para muitos, essa saída significa uma rejeição aos métodos de propagação de fake news e teorias conspiratórias.
Esse movimento pode ser entendido como um ato de resistência das empresas de mídia para proteger o conteúdo confiável e factual que produzem. É uma decisão que reforça a necessidade de o jornalismo exercer um papel de vigilância, optando por priorizar canais que respeitem os critérios mínimos de controle de conteúdo. Em tempos de pós-verdade, o afastamento de redes que alimentam a desinformação é uma escolha ética para manter a credibilidade e o compromisso do jornalismo com a verdade.
Eder Fonseca é o publisher do Panorama Mercantil. Além de seu conteúdo original, o Panorama Mercantil oferece uma variedade de seções e recursos adicionais para enriquecer a experiência de seus leitores. Desde análises aprofundadas até cobertura de eventos e notícias agregadas de outros veículos em tempo real, o portal continua a fornecer uma visão abrangente e informada do mundo ao redor. Convidamos você a se juntar a nós nesta emocionante jornada informativa.
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