Christian Lohbauer faz um diagnóstico dos políticos
Christian Lohbauer é mestre e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Foi bolsista da Fundação Konrad Adenauer na Universidade de Bonn, Alemanha, entre 1994 e 1997. É professor de Relações Internacionais desde 1998. Foi gerente de Relações Internacionais da Federação da Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, entre 2002 e 2005. Durante 2005 foi secretário adjunto de Relações Internacionais do município de São Paulo. Entre fevereiro de 2006 e abril de 2009 foi diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (ABEF, atual ABPA). Em maio de 2009 assumiu a presidência da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). Desde 2013 é diretor de Assuntos Corporativos e Governamentais da Bayer. “Cerca de 94% dos eleitores não se identificam com nenhum partido político dos 35 registrados atualmente. O problema não é o número de partidos, mas o financiamento público que incentiva oportunistas a criarem partidos que não tem relação com parcelas da sociedade. A melhor maneira de se eliminar os partidos inúteis é acabar com o financiamento público. Se o partido não é capaz de se financiar com os recursos dos seus associados então não tem representação. Quando se trata do sistema eleitoral é evidente que há um enorme distanciamento entre o eleitor e o eleito”, afirma o cientista político.
Christian, o que restará da política nacional depois que operações como a Lava Jato chegarem ao fim?
A Operação Lava Jato e seu fechamento é o início de um processo de limpeza do ambiente político que não sabemos como vai terminar. Certamente será necessária uma renovação compulsória dos quadros políticos e dos partidos políticos. Serão necessários muitos anos antes que isso aconteça.
Você defende um novo modelo político. Como seria esse novo modelo?
O que é mais do que óbvio é que o sistema partidário e o sistema eleitoral brasileiros estão falidos. Cerca de 94% dos eleitores não se identificam com nenhum partido político dos 35 registrados atualmente. O problema não é o número de partidos, mas o financiamento público que incentiva oportunistas a criarem partidos que não tem relação com parcelas da sociedade. A melhor maneira de se eliminar os partidos inúteis é acabar com o financiamento público. Se o partido não é capaz de se financiar com os recursos dos seus associados então não tem representação. Quando se trata do sistema eleitoral é evidente que há um enorme distanciamento entre o eleitor e o eleito. O sistema distrital, puro ou misto, é essencial para corrigir isso. E é mais do que urgente que as diferentes sub-representações dos estados do sudeste tem que ser reduzidas. Por que um eleitor de Roraima vale mais do que 10 paulistas?
Menos intervenção estatal num país que privilegia a máquina pública e amaldiçoa o setor privado é possível?
Mais do que possível, trata-se de uma questão de sobrevivência. O Estado brasileiro e sua característica paquidérmica não tem vida longa porque está a beira do colapso. E se nada for feito o Estado vai falir em 2021. Tão simples quanto isso. Ou se fazem as reformas estruturais da Previdência, tributária e administrativa ou o Brasil estará condenado no curto prazo. A máquina pública e sua ineficiência, custo absurdo, privilégios e burocracia asfixiaram o país. Sem contar a corrupção endêmica que é consequência do Estado perdulário.
Qual será o futuro da esquerda no Brasil?
A esquerda está carente de argumentos para justificar seus programas porque todos eles desde o populismo Varguista até hoje falharam fragorosamente em transformar o Brasil em uma sociedade menos desigual. O Brasil nunca fez um exercício verdadeiro de liberdade e capitalismo de mercado. O capitalismo de Estado e o Estado provedor e organizador da sociedade não tem resultados para apresentar no Brasil.
Em que rumo deve seguir as grandes legendas como PT, PSDB e PMDB?
Estão as três condenadas cada uma por uma razão. O PMDB perdeu sentido com a derrota de Ulisses nas eleições de 1989. Desde então é uma agremiação de oportunistas fisiológicos, com raríssimas exceções. O PSDB nunca foi um partido de verdade. Nasceu da aversão a Orestes Quércia e só se consolidou nacionalmente por que FHC venceu as eleições de 1994. O PT sempre defendeu do tipo puro ideal weberiano do orador demagogo, Lula da Silva. Sem Lula o PT não sustenta nem uma semana.
É possível que uma nova força surja para tentar tirar o grande poder desses três partidos, ou seria impossível governar sem um deles?
De novidade mesmo só se pode considerar o partido NOVO e a REDE na realidade política nacional. Ainda é difícil garantir governabilidade sem algum desses partidos aliados no Congresso.
Quais os reais perigos do surgimento de um “novo messias” na política nacional?
Grandes. Assim como na Itália após a Operação Mani pulite, o Brasil pode ter um Berlusconi em 2019. Mas não creio que vá acontecer.
A mídia de modo geral, não tem levado o deputado Jair Bolsonaro a sério. Ele é um forte candidato para a corrida presidencial no ano que vem em sua visão?
Ele é autentico e fala o que os indignados querem ouvir. Mas é preciso ver se tem estofo para enfrentar debates e temas complexos que exigem sagacidade de um presidente.
E o NOVO do qual é filiado, como se portará neste “tabuleiro?”.
Lançaremos um candidato a presidente, João Dionisio Amoêdo. E teremos candidaturas a governos estaduais, senadores e deputados federais. Vamos constituir uma bancada em 2018.
O próximo presidente da República será de centro-direita ou ainda é cedo para tal afirmação?
Acredito que a tendência é um presidente de centro-direita. Se fosse hoje seria alguém entre Alckmin, Doria, Alvaro Dias, João Dionisio e Henrique Meirelles.
Renovação política, será a tônica das próximas eleições ou ainda teremos o mais do mesmo em 2018?
Creio que o Congresso renovará um pouco mais do que a média de 50% das últimas eleições gerais. Dos 50% da renovação acredito que metade será pior que antes, mas a outra metade será de gente nova que iniciará a renovação.
Última atualização da matéria foi há 1 ano
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