Silicon Valley Bank: a cronologia da morte
Silicon Valley Bank (SVB) era um banco comercial estadual sediado em Santa Clara, Califórnia. No momento de sua falência (sexta-feira, 10 de março), era o 16º maior banco dos Estados Unidos e o maior banco em depósitos do Vale do Silício. Era subsidiário da empresa controladora SVB Financial Group.
Após uma corrida aos seus depósitos no dia de ontem, o banco faliu. A agência reguladora estadual revogou sua carta e transferiu o negócio para o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), na segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos. Seus depósitos segurados foram transferidos para um novo banco criado pelo FDIC, chamado Deposit Insurance National Bank of Santa Clara, operando nos antigos escritórios do SVB. Os registros regulatórios de dezembro de 2022 estimaram que mais de 85% dos depósitos não eram segurados, e o FDIC disse que começaria a cobrir esses depósitos com dividendos especiais em dias, à medida que os ativos do SVB fossem liquidados.
O banco operava em escritórios nos Estados Unidos, Índia, Reino Unido, Israel, Canadá, China, Alemanha, Hong Kong, Irlanda, Dinamarca e Suécia.
Anos iniciais e Expansão (1983-1994)
O Silicon Valley Bank (SVB) foi fundado como uma subsidiária integral da Silicon Valley Bancshares (agora SVB Financial Group) em 17 de outubro de 1983, por Bill Biggerstaff e Robert Medearis, que tiveram a ideia durante um jogo de pôquer. Seu primeiro escritório foi inaugurado em 1983 na North First Street, em San Jose.
A principal estratégia do banco era coletar depósitos de empresas financiadas por capital de risco. Depois, expandiu-se para serviços bancários e financiamento de capitalistas de risco, e adicionou serviços para permitir que o banco mantivesse os clientes à medida que amadureciam da fase de startup.
SVB fundiu-se com o National InterCity Bancorp em 1986 e abriu um escritório em Santa Clara. Abriu seu primeiro escritório na costa leste em 1990, perto de Boston, para atender ao corredor tecnológico Massachusetts Route 128.
Durante seus primeiros anos, o banco fez um negócio considerável de empréstimos imobiliários, representando 50% de sua carteira no início dos anos 1990. Uma queda no mercado imobiliário da Califórnia resultou em uma perda de US$ 2,2 milhões para o banco em 1992, e em 1995, a porcentagem da carteira havia caído para 10%. Em 1993, John C. Dean foi nomeado CEO, com o CEO fundador Roger V. Smith se tornando vice-presidente. O banco acrescentou um negócio de empréstimos para vinícolas em 1994.
Bolha da Internet e Falência (2000-2023)
Durante a bolha das ponto.com, o Silicon Valley Bank (SVB) experimentou um crescimento significativo, pois, muitas das startups de tecnologia que dependiam de financiamento para continuar operando buscaram o apoio do banco.
No entanto, como muitas outras instituições financeiras que estavam envolvidas no boom das ponto.com, o SVB também foi afetado pelo estouro da bolha. Muitas das empresas que haviam tomado empréstimos com o banco faliram, resultando em perdas significativas para o SVB. Como resultado, o banco teve que reduzir seus empréstimos e reavaliar suas práticas de empréstimo para empresas de tecnologia. No entanto, o SVB conseguiu sobreviver e se recuperar do impacto da bolha, continuando a fornecer serviços financeiros para empresas de tecnologia e inovação em todo o mundo.
É importante ressaltar que o colapso do Silicon Valley Bank não deve ser visto como um sinal da morte do setor de tecnologia. Ainda há muitas empresas em crescimento e startups promissoras que precisam de financiamento para continuar seu trabalho inovador. O fracasso do SVB pode, na verdade, abrir novas oportunidades para que novos bancos e empresas financeiras preencham essa lacuna e forneçam as soluções financeiras necessárias para o setor de tecnologia continuar avançando.
Além disso, é importante que as autoridades regulatórias trabalhem para evitar a repetição de uma situação semelhante no futuro. A quebra de um banco tão grande como o SVB pode ter efeitos prejudiciais em toda a economia, não apenas no setor de tecnologia. As agências reguladoras devem garantir que os bancos mantenham práticas de empréstimo responsáveis e evitem a concentração excessiva de risco em setores específicos da economia.
A quebra do Silicon Valley Bank é um lembrete de que mesmo as empresas mais bem-sucedidas e estabelecidas podem enfrentar problemas inesperados e até mesmo entrar em colapso. No entanto, esse fracasso não deve ser visto como um sinal do fracasso do setor de tecnologia como um todo. Em vez disso, deve ser um incentivo para que as empresas e investidores encontrem novas maneiras de trabalhar juntos e superar os desafios financeiros em constante evolução que o setor enfrenta. E as autoridades reguladoras devem garantir que medidas sejam tomadas para evitar futuras quebras bancárias em larga escala que possam ter efeitos negativos na economia global.
Última atualização da matéria foi há 2 anos
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