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Os golaços (esperamos) de Lula na Ásia

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A recente visita de Luiz Inácio Lula da Silva ao Vietnã consolidou um novo patamar nas relações diplomáticas e comerciais do Brasil com o sudeste asiático. Ao aterrissar em Hanói para sua segunda viagem oficial ao país, Lula trouxe consigo um histórico de negociações bem-sucedidas, uma Parceria Estratégica recém-formalizada e uma agenda ambiciosa para fortalecer laços com a região mais dinâmica do planeta. Mas até que ponto esse movimento pode ser considerado um golaço diplomático?

Os números são impressionantes: o comércio bilateral entre Brasil e Vietnã saltou de modestos US$ 534 milhões em 2008 para impressionantes US$ 7,7 bilhões em 2024, com saldo positivo para o Brasil. A meta projetada é dobrar esse volume até 2030. No entanto, o que está em jogo vai muito além dos números. O Vietnã é uma das economias de crescimento mais rápido no mundo e está se consolidando como um dos principais parceiros comerciais do Brasil na ASEAN.

A visita de Lula ao Japão e ao Vietnã acontece em um momento estratégico, no qual o Brasil busca diversificar suas exportações e reduzir a dependência de commodities. A aproximação com o sudeste asiático, região com mercados altamente competitivos e crescentes, não é apenas um acerto político, mas uma necessidade econômica.

Por outro lado, a viagem também levanta questionamentos. O Governo brasileiro tem sido eficiente em transformar boas relações diplomáticas em ganhos concretos para a indústria e os serviços, ou continua prisioneiro de uma pauta exportadora baseada em commodities? E, em um contexto de geopolítica tensa, com o Vietnã fortalecendo suas alianças na região, qual será o papel do Brasil nessa nova dinâmica?

As próximas seções exploram os aspectos centrais desse movimento político e econômico, destacando os desafios e as oportunidades que emergem dessa nova fase nas relações Brasil-Ásia.

O salto no comércio bilateral: um recorde

O volume de negócios entre Brasil e Vietnã atingiu patamares sem precedentes. O crescimento do fluxo comercial em quase 15 vezes desde 2008 reflete não apenas um mercado vietnamita aquecido, mas também uma diplomacia econômica mais ativa. O Brasil não apenas exporta soja e carnes para o país asiático, mas também tem avançado em setores como ação diplomática, tecnologia e defesa. Esse crescimento, porém, ainda precisa ser consolidado com estratégias que garantam maior valor agregado para os produtos brasileiros.

A Parceria Estratégica: mais do que um protocolo

A assinatura do Plano de Ação da Parceria Estratégica não é apenas um gesto diplomático, mas um movimento calculado. Com foco em comércio, investimentos, defesa e sustentabilidade, o acordo busca aproximar ainda mais os dois países. O desafio será sair do campo das promessas e concretizar projetos que tragam retornos palpáveis. Para o Brasil, isso significa criar mecanismos que tornem as trocas comerciais mais equilibradas e diversificadas.

Brasil e ASEAN: uma nova fronteira comercial

A crescente aproximação com o Vietnã é também um passaporte para uma inserção mais ampla do Brasil na ASEAN. O bloco, que abriga algumas das economias mais dinâmicas do mundo, pode ser um aliado estratégico para expandir as exportações brasileiras e atrair investimentos. No entanto, é preciso superar barreiras burocráticas e comerciais para garantir que essa inserção não fique apenas no discurso.

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A dependência de commodities: um dilema não resolvido

Apesar do avanço no comércio, a pauta exportadora brasileira continua excessivamente concentrada em commodities. O Vietnã importa do Brasil soja, carne suína e algodão, mas as exportações brasileiras ainda carecem de maior diversificação. O desafio é transformar essa relação comercial em uma plataforma para produtos de maior valor agregado, aproveitando a demanda crescente do sudeste asiático por tecnologia e serviços especializados.

O tabuleiro geopolítico e o papel do Brasil

O Vietnã, posicionado entre potências como China e EUA, busca reforçar sua independência econômica e política. Nesse cenário, a entrada do Brasil como parceiro estratégico é um movimento interessante, mas que precisa ser conduzido com cautela. O Brasil pode se beneficiar dessa aproximação sem se envolver nas disputas geopolíticas da região?

O impacto para o agronegócio brasileiro

Com um mercado consumidor em franca expansão, o Vietnã se tornou um destino estratégico para os produtos do agronegócio brasileiro. A carne suína e de frango já possuem presença significativa no país, mas o Brasil busca ampliar esse portfólio com carne bovina e outros produtos. A flexibilização de barreiras sanitárias já é um avanço importante, mas o Brasil precisa garantir que seus produtos continuem competitivos em um mercado altamente disputado.

Os próximos passos: avanço ou estagnação?

O saldo da visita de Lula ao Vietnã é positivo, mas os verdadeiros resultados só serão conhecidos nos próximos anos. A Parceria Estratégica precisa sair do papel, o Brasil precisa aproveitar o momento para fortalecer sua posição na ASEAN e o Governo deve atuar para diversificar sua pauta exportadora. Se os avanços se concretizarem, Lula terá marcado um golaço histórico. Caso contrário, a viagem será apenas mais um capítulo de boas intenções que não saíram do papel.


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