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Engajamundo lança um olhar pelo clima global

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A ativista e empreendedora social Raquel Rosenberg é cofundadora e dedicada integralmente ao Engajamundo. Já representou a organização em diversas conferências em defesa de justiça climática. É dançarina nas horas vagas, no palco ou ao som da música da vida. É fellow do Adopt a Negotiator, Red Bull Amaphiko e affiliate da Ashoka Brasil. “O Engajamundo surgiu em 2013, quando um grupo de jovens percebeu, durante a Rio+20, que era preciso ocupar espaços internacionais e demandar dos governos políticas locais que reflitam as decisões desses espaços. Com 180 voluntários ativos (e 1500 membros na rede) distribuídos em mais de 20 estados brasileiros, o Engaja criou e executou campanhas como a “Cidade dos Sonhos”, que aconteceu em 16 cidades durante as eleições municipais de 2016; a “SOLução”, que mobilizou jovens a lutarem pela instalação de painéis solares em suas escolas; e a “Fala Aê” que sensibilizou a população sobre a importância da água em 11 cidades. Também mobilizou jovens durante o Carnaval de 2016 e 2017 para conscientizar sobre assédio em todo Brasil. Dessa forma, o Engajamundo tem cobrado a aplicação das agendas internacionais em âmbito local nos temas Biodiversidade, Gênero, ODS, Mudanças Climáticas, Desenvolvimento Urbano, e, com isso, já impactou mais de 50 mil jovens”, afirma a integrante do comitê facilitador do Engajamundo.

Raquel, você se considera mais uma ativista ou uma empreendedora social?

Me considero uma ativista e empreendedora social. Ser um ativista é lutar como for preciso e dedicar a vida a construir um mundo mais justo e equitativo socioambientalmente. Um empreendedor social cria estas soluções e constrói esse mundo com as próprias mãos. Eu tenho a sorte (ou azar…) de conseguir unir as duas coisas no Engajamundo!

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Quando acredita que assume o papel de uma lobista do bem?

Apesar de no Brasil termos uma visão negativa da palavra “lobby”, que remete à maioria dos lobistas que tem interesses individualistas e corporativos, dentro das estratégias de advocacy que trabalhamos no Engaja, o “lobby” é o papo reto direto com o tomador de decisão. Ou seja, estar cara a cara com quem decide por aquilo que ansiamos e ter a oportunidade de colocar nosso posicionamento, seja em uma reunião, um café ou em uma conversa rápida no corredor. Ao argumentar com decisores sobre os pontos mais importantes a serem considerados em prol da sociedade, especialmente os mais vulneráveis, e do Meio Ambiente, considero que estou no papel de uma lobista do bem.

Como surgiu a ideia de criar o Engajamundo?

O Engajamundo surgiu em 2013, quando um grupo de jovens percebeu, durante a Rio+20, que era preciso ocupar espaços internacionais e demandar dos governos políticas locais que reflitam as decisões desses espaços. Com 180 voluntários ativos (e 1500 membros na rede) distribuídos em mais de 20 estados brasileiros, o Engaja criou e executou campanhas como a “Cidade dos Sonhos”, que aconteceu em 16 cidades durante as eleições municipais de 2016; a “Solução”, que mobilizou jovens a lutarem pela instalação de painéis solares em suas escolas; e a “Fala Aê” que sensibilizou a população sobre a importância da água em 11 cidades. Também mobilizou jovens durante o Carnaval de 2016 e 2017 para conscientizar sobre assédio em todo Brasil. Dessa forma, o Engajamundo tem cobrado a aplicação das agendas internacionais em âmbito local nos temas Biodiversidade, Gênero, ODS, Mudanças Climáticas, Desenvolvimento Urbano, e, com isso, já impactou mais de 50 mil jovens.

Quais são as principais diretrizes da organização?

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A missão do Engajamundo, construída de forma coletiva, é conscientizar os jovens brasileiros de que mudando a si mesmo, seu entorno e se engajando politicamente ele pode transformar sua realidade. E, para cumpri-la, nosso objetivo é usar ferramentas como formações, mobilização, participação e ativismo para empoderar a juventude brasileira no sentido de compreender, participar e incidir em processos políticos locais, nacionais, e internacionais. Apesar do Engaja ter nascido com foco nas Conferências Internacionais, nos últimos anos entendemos a importância de cobrar e incentivar a territorialização das agendas e acordos firmados em âmbito internacional, para que possamos mudar nosso entorno de forma efetiva. Por isso, com a força dos nossos mais de 2 mil membros e 250 voluntários de 15 a 29 anos nas 5 regiões do país, temos criado e realizado campanhas institucionais focadas no território brasileiro (como a campanha Cidade dos Sonhos, que aconteceu em 16 cidades durante as eleições municipais de 2016, a campanha SOLução, que mobilizou jovens em diferentes estados para pedirem pela solarização de suas escolas/universidades, e a campanha sobre água, atualmente em construção para mobilizar os jovens sobre a importância da água).

Quais os principais desafios que o Engajamundo tem encontrado em sua trajetória?

O desafio é manter os voluntários motivados mesmo à distância, e monitorar as campanhas e projetos sem estar próximo fisicamente. Outro desafio é que boa parte do financiamento recebido pelo Engaja está atrelado a projetos específicos, que não permitem investir o montante recebido em despesas fixas institucionais (ou quando permitem, é somente uma pequena porcentagem). Isso acaba criando uma dependência de doações para manter a organização funcionando e uma sensação constante de instabilidade. Também por causa dos desafios de captação, é necessário manter uma equipe pequena para reduzir os custos fixos mensais, o que provoca uma sensação de sobrecarga da equipe e excesso de responsabilidades.

Qual a principal responsabilidade de ser coordenadora de um projeto dessa magnitude?

Em 2018 estou fazendo a minha transição para sair da coordenação do Engaja e abrir espaço para que outros jovens tenham a incrível experiência de serem responsáveis por coordenar uma rede que está em todo o Brasil. Em se tratando do desenvolvimento que os jovens têm a oportunidade de vivenciar no Engaja, a forma mais profunda de transformação e capacitação dos voluntários é permitir que eles também tenham a experiência de ser parte do Comitê Facilitador, como chamamos o núcleo administrativo da organização.

Leia ou ouça também:  Celso Athayde fala de utopias para a vida

O assunto biodiversidade, já é debatido de uma forma que você considera satisfatória?

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Não. Ainda é necessário percorrer um longo caminho para se chegar num ponto satisfatório de debate e ação sobre biodiversidade. O Brasil é o país mais megabiodiverso do planeta e ainda assim, pouco se fala sobre os benefícios, as estratégias de manejo e criação de políticas de conservação eficiente. Por isso, o trabalho de educação e formação de jovens e ocupação de espaços de tomada de decisão, nacional e internacionalmente, o engajamento do jovem, de maneira geral, nas questões sobre biodiversidades e outras diretamente associadas a ela, como as de mudanças climáticas, são tão relevantes para o avanço que se quer ter nesse cenário.

O que aconteceria, por exemplo, com comunidades tradicionais e indígenas se não existisse o Protocolo de Nagoya?

Basicamente, no quesito direitos, elas estariam presas na mesma situação em que estavam confinadas há 20 anos. A biopirataria não é algo novo no mundo – ela ocorre há séculos, como, por exemplo, o contrabando de seringueiras para a Indonésia no final do século XVIII -, mas no momento em que nossa sociedade começou a se informatizar e o processo de globalização chegou a todo vapor, nós nos tornamos mais conscientes da existência de conhecimentos tradicionais e de suas aplicações comerciais. O Protocolo de Nagoya, apesar de ter oficialmente entrado em vigor apenas em 2014, foi fruto de vinte anos de lutas de países do hemisfério sul e de comunidades tradicionais que se viram cansadas de terem sua biodiversidade e conhecimentos tradicionais roubados, aplicados em processos altamente lucrativos e não terem repasse algum.

Sem o Protocolo de Nagoya as comunidades tradicionais não teriam proteção institucional alguma sobre seus conhecimentos tradicionais, estes podendo ser levados ao exterior sem qualquer checagem sobre a forma em que foram obtidos e pesquisados. O que o Protocolo traz à mesa de essencial é a criação de uma rede internacional de monitoramento, onde para que produtos ou pesquisas sobre biodiversidade e conhecimentos tradicionais adentrem qualquer país signatário devam estar em conformidade com o Protocolo, ou seja, que cumpram com o acesso prévio informado, estabeleçam cláusulas mutuamente acordadas para a realização de pesquisa e beneficiamento e, por fim, que se realize o repasse justo e equitativo dos benefícios advindos da comercialização dos produtos. Um adendo importante a ser feito aqui é que o Brasil não só não é signatário do Protocolo de Nagoya como também criou uma legislação em 2015 que propositalmente aparenta cumprir os requisitos estabelecidos pelo instrumento internacional, quando de fato não provê segurança efetiva nem suficiente às comunidades tradicionais, de forma alguma substituindo a assinatura do Protocolo.

As pessoas de modo geral, sabem da importância desse Protocolo?

De modo geral, as pessoas não sabem da existência do Protocolo de Nagoya, sendo esse um assunto mais restrito a pessoas que trabalham diretamente nessa linha e de governanças. Isso reflete a necessidade de se falar sobre o tema e a importância de tornar clara e acessível à linguagem, muitas vezes de difícil entendimento, dos documentos oficiais, de Legislação ou acordos entre instâncias políticas. Até mesmo por isso a nova legislação brasileira é nefasta por propositalmente tentar confundir a população, se aproveitando da dificuldade do tema para juntar interesses do agronegócio e de companhias farmacêuticas enquanto ignora as reais necessidades de comunidades tradicionais e da adequada proteção à biodiversidade nacional.

Gostaria que você comentasse se possível, sobre o prêmio que o Engaja ganhou da Fundação Europeia de Meio Ambiente em 2017.

Os prêmios são importantes formas de reconhecimento do trabalho que estamos realizando. Tanto o da Fundação Europeia de Meio Ambiente, quanto o do MIT que ganhamos também, são focados em nossa metodologia de formação de mudança de comportamento. São uma forma de enxergar que não somos apenas nós e a enorme rede de voluntários do Brasil que vemos valor no conteúdo que estamos disseminando, mas que importantes instituições também acreditam que precisamos, enquanto jovens, nos enxergar mais como parte da solução de problemas globais, nos níveis individual, coletivo e político. Significou muito!

Em 2018 ocorrerá a COP/CDB no Egito. Como deve ser a participação do Engajamundo nesta convenção?

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O Engajamundo está trabalhando fortemente no estabelecimento de parcerias com lideranças globais que atuam pela Biodiversidade no sentido de promover, previamente à COP/CDB; na formação e no engajamento de jovens brasileiros e latino-americanos nas questões de Biodiversidade; no acompanhamento e pressão política com tomadores de decisão. Dessa forma, o Engajamundo pretende participar da Convenção de Diversidade Biológica no Egito com uma delegação capacitada, alinhada e preparada para se posicionar e atingir metas relevantes para o presente e o futuro do Brasil e do mundo com relação à Biodiversidade.

*Com participação dos coordenadores do Engajamundo Brenda Izidio e Caio Bexiga.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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