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O design industrial na visão de Leo Capote

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Nascido e criado no centro da capital paulista, dentro de uma loja de ferragens, Leo Capote logo cedo criou intimidade com martelos, pregos e parafusos que o ajudaram a transformar absolutamente qualquer ferramenta e objeto encontrados, em parte de seu mundo particular, habitado por tênis transformados em tomadas, bicicletas em pia, garfos em porta-retrato, tudo manufaturado diretamente por ele. É formado em Desenho Industrial pela Universidade Paulista, em 2002. Fez estágio com os Irmãos Campana, em São Paulo, de 2000 até 2002, onde enxergou de fato a abrangência do mundo do design. Formou sociedade com Marcelo Stefanovicz em 2013, criando, então, a Outra Oficina no bairro de Santa Cecília, próximo à loja de ferragens onde cresceu. “A facilidade de criar referências para o meu trabalho e encontrar referências dos trabalhos de outras pessoas, a tecnologia foi fundamental nessa transformação e facilitou muito. Além disso, eu enxergo uma nova revolução industrial com o modo de produção chinês. (…) É preciso respeitar e entender a linguagem, a proposta do design. Para mim, é muito importante a identificação do estilo e o bom acabamento dos produtos. (…) Uma nova função dada a diversos objetos é o que torna minhas peças obras de arte e é isso que traz a recompensa emocional, pois, muitas de minhas peças trazem lembranças não só para mim, mas também aos clientes”, afirma o designer.

Leo, o que o design tem de tão mágico que fez você escolher este ofício?

A mágica vem da liberdade de criação de qualquer tipo de objeto. Me atrai muito poder misturar a criatividade artística (estética) com a criatividade funcional no mesmo produto.

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Seu avô é a sua maior influência?

Sem dúvida, pois, cresci em sua loja de ferragens, em um universo particular. Foi ele quem trouxe a possibilidade de viver no universo que trabalho e transformo hoje.

Quais as mudanças mais significativas que você presenciou no mundo do design nesses últimos 15 anos?

A facilidade de criar referências para o meu trabalho e encontrar referências dos trabalhos de outras pessoas, a tecnologia foi fundamental nessa transformação e facilitou muito. Além disso, eu enxergo uma nova revolução industrial com o modo de produção chinês.

O que um bom design deve ter além de forma e função?

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É preciso respeitar e entender a linguagem, a proposta do design. Para mim, é muito importante a identificação do estilo e o bom acabamento dos produtos.

Acredita que o uso de objetos utilitários como matéria-prima é o seu diferencial?

Sim, é um diferencial, mas é o fator que move a minha criação, é a proposta de pensamento em si. Uma nova função dada a diversos objetos é o que torna minhas peças obras de arte e é isso que traz a recompensa emocional, pois, muitas de minhas peças trazem lembranças não só para mim, mas também aos clientes.

Quais as lembranças mais vivas que ainda persistem em sua memória, quando se lembra da criação da cadeira Egg?

O cansaço do trabalho repetitivo, pois, precisei realizar o mesmo processo mais de 20 mil vezes, na cadeira foram 2.000 porcas, soldadas uma a uma. Mas tirando o cansaço, a melhor sensação foi ter finalizado a peça, vê-la existir e funcionar me deu muito orgulho.

Qual a coisa mais inusitada que já disseram sobre o seu trabalho?

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Já ouvi de tudo, desde ser comparado a Duchamp até ser questionado sobre o pra quê/porquê de ter estragado tantas colheres fazendo uma cadeira.

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Em que momento você acredita que achou o seu modo único de criar uma peça?

No último ano da faculdade de design industrial, no desenvolvimento e entrega do meu TCC, pois, foi exatamente sobre todos os produtos que eu havia desenvolvido até 2002, mostrando um jeito de pensar objetos.

A mentalidade de design-arte (mesmo que isso seja involuntário) pode atrapalhar em alguma medida a criação quando se foca para o design industrial?

O design industrial é muito mais restrito que o design-arte, pois, existem mais parâmetros a serem seguidos. No design industrial é necessário fazer um projeto “seco”, pois, os produtos precisam ser fabricados em grande volume e precisam trazer dinheiro, ou seja, é necessário traduzir a criação em números. O design-arte acaba sendo mais caro, menos produção (muitas peças únicas ou limitadas), a criação é mais livre.

Uma luminária com base de ferro de passar que foi idealizada por você, virou tese na Polônia. Como foi isso?

Espetacular. Minha esposa encontrou uma publicação e me mostrou, foi divertido. O autor da tese fez uma luminária muito melhor que a minha, mais resolvida em diversos pontos, sem perder o respeito com o meu trabalho. Depois de ver o trabalho dele fiz uma nova série de peças, me trouxe a lembrança do porque fiz a primeira – minha tia tinha uma luminária que encaixava na cama, e o grampo que era o encaixe quebrou, ela me pediu para colocar um “ferro” para ficar em pé na mesa mesmo, e eu coloquei literalmente um ferro de passar.

Gostaria que falasse sobre a sua última criação e o que ela tem de diferente das outras que já realizou.

Difícil falar sobre a minha última criação. A última peça que criei foi uma mesa de jantar que surgiu de um pedaço de tronco de árvore, do tronco saíram parafusos, porcas e barras roscadas que deram a sustentação para o vidro. Assim como outras peças que criei recentemente foi interessante ver a madeira se misturando com o ferro, criando uma harmonia diferente do que eu já havia feito antes. Hoje estou redescobrindo o próprio Leo, com mais restrições por causa de trabalhos anteriores (por ter obras com autoria compartilhada na Outra Oficina). Nunca deixei de criar, mas agora enxergo muita coisa diferente.

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Última atualização da matéria foi há 1 ano


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