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As 27 concubinas do gênio Fela Kuti

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Poucos nomes na história da música carregam tanta intensidade, transgressão e genialidade quanto Fela Kuti, o criador do afrobeat. Mais do que um músico, ele foi um ativista político, um defensor da cultura africana e uma figura controversa que desafiou convenções sociais e políticas. Entre suas excentricidades, a mais comentada e debatida talvez seja o episódio em que ele casou, de uma só vez, com 27 mulheres, referindo-se a elas como suas “rainhas” ou “concubinas”. Este episódio, que ocorreu em 1978, sintetiza muito do que Fela representava: um desafio radical às normas ocidentais e uma reafirmação de valores e tradições que ele acreditava estarem sendo sufocados pelo colonialismo cultural.

Fela era uma figura polarizadora e contraditória. Seu ato de casar com tantas mulheres foi visto por muitos como uma celebração das tradições polígamas africanas, enquanto outros interpretaram como uma expressão de domínio patriarcal. As mulheres em questão não eram apenas suas esposas; eram integrantes fundamentais de sua banda, a Afrika 70, e desempenhavam papéis cruciais em sua vida pessoal e profissional. Elas eram dançarinas, cantoras e até mesmo guardiãs de sua segurança e casa. A decisão de formalizar essas relações com um casamento coletivo foi anunciada em meio a um contexto turbulento, em que Fela enfrentava perseguição política e tentava consolidar sua influência cultural.

Este episódio é fascinante não apenas pela sua excentricidade, mas também pelo que revela sobre as complexidades culturais, sociais e políticas que moldaram Fela e sua visão de mundo.

O contexto cultural e histórico da poligamia na África

Na África Ocidental, a poligamia tem raízes profundas e, em muitas culturas, é vista como uma prática legítima. Fela Kuti, como defensor da herança africana, utilizou essa tradição para desafiar valores ocidentais impostos pelo colonialismo. Seu casamento coletivo foi um símbolo de resistência, mas também reavivou debates sobre a relevância da poligamia no século XX.

Quem eram as 27 esposas de Fela?

As mulheres que compunham o círculo íntimo de Fela não eram apenas figuras passivas; elas eram artistas, ativistas e colaboradoras de sua visão. Muitas delas vieram de contextos desafiadores e encontraram em Fela um mentor e protetor. Suas histórias pessoais revelam motivações variadas e contraditórias para terem se unido a ele.

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A cerimônia de casamento coletivo

O casamento ocorreu na Kalakuta Republic, a comuna autossuficiente de Fela em Lagos. A cerimônia foi carregada de simbolismo, com rituais tradicionais africanos, e representou uma ruptura deliberada com os padrões ocidentais. No entanto, a cerimônia também gerou críticas por seu caráter quase performático e pela aparente objetificação das mulheres envolvidas.

As críticas e controvérsias

A decisão de Fela gerou reações mistas. Enquanto alguns viam o gesto como uma reafirmação da cultura africana, outros acusaram-no de promover um sistema patriarcal e tratar as mulheres como objetos. Feministas, acadêmicos e críticos culturais debateram as implicações de suas ações, questionando se ele desafiava realmente o colonialismo ou perpetuava desigualdades.

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A vida das “rainhas” após o casamento

Embora o casamento tenha sido uma declaração pública, muitas das esposas de Fela deixaram-no ao longo dos anos, citando abuso, negligência e desilusão. Algumas delas continuaram a apoiar sua música e legado, enquanto outras optaram por se distanciar completamente. Suas trajetórias individuais ilustram as dificuldades e complexidades de viver sob a sombra de uma figura tão dominante.

O impacto na música e na arte de Fela

As “rainhas” desempenharam um papel crucial na música de Fela, sendo parte integral de suas performances ao vivo e gravações. Seus estilos de dança e canto tornaram-se inseparáveis do afrobeat, ampliando a experiência visual e sonora das apresentações. Este aspecto também reflete a tensão entre sua dependência criativa e as críticas às suas dinâmicas pessoais.

O casamento coletivo como norma

Hoje, o episódio do casamento coletivo continua a ser uma parte controversa do legado de Fela Kuti. Para alguns, é um símbolo de sua genialidade e rebeldia; para outros, é uma mancha em sua reputação. No entanto, essa história serve como um lembrete da complexidade de figuras icônicas, que encarnam muitas vezes tanto os ideais quanto as contradições de seu tempo.

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Última atualização da matéria foi há 1 mês


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