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O grande Goethe romantizou o suicídio?

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Johann Wolfgang von Goethe, um dos maiores escritores da literatura alemã e figura proeminente do movimento romântico, é frequentemente associado à exploração de temas profundos e complexos em suas obras. Entre esses temas, o suicídio emerge como um tópico intrigante e controverso, levando muitos a questionar se o autor romantizou essa questão em sua vasta produção literária.

Para compreender a relação de Goethe com o suicídio, é fundamental mergulhar na sua produção literária. Uma das obras mais icônicas do autor, “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, publicada em 1774, é frequentemente citada como um exemplo de romantização do suicídio. O romance é uma narrativa epistolar que segue o protagonista, Werther, em sua jornada de paixão não correspondida e desespero, que culmina em seu trágico suicídio. No entanto, afirmar que Goethe romantizou o suicídio com base apenas nessa obra seria uma simplificação excessiva.

Em “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, Goethe apresenta o suicídio como uma resposta ao sofrimento emocional intenso de Werther, mas o faz de maneira complexa. A obra não celebra o suicídio, mas sim retrata a dor e a angústia que podem levar alguém a tomar essa decisão. Goethe não omite as consequências do ato, mostrando como o suicídio afeta profundamente aqueles que ficam para trás, como a protagonista Charlotte, que carrega a culpa e o remorso pela morte de Werther. Essa representação mais realista e crua do suicídio dificulta argumentar que Goethe romantizou completamente a questão.

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Além de “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, outras obras de Goethe também abordam o suicídio de maneira mais sutil e complexa. Em sua obra-prima “Fausto”, a personagem Mefistófeles tenta levar Fausto ao suicídio, mas o protagonista, após um longo e tumultuado percurso, encontra a redenção e a salvação. Aqui, Goethe explora a luta entre o desejo de escapar do sofrimento através do suicídio e a busca por um sentido mais profundo na vida. Isso demonstra a abordagem multifacetada do autor em relação ao tema, em vez de uma romantização simplista.

Outra obra de Goethe, “Ifigênia em Táuris”, retrata a personagem principal em um estado de desespero profundo, a ponto de considerar o suicídio. No entanto, a tragédia se desenrola de forma a mostrar a redenção e a transformação da protagonista, o que sugere que o autor não tinha a intenção de romantizar o suicídio, mas sim de explorar os aspectos mais sombrios da psicologia humana e a possibilidade de superação.

É importante observar que o próprio Goethe teve experiências pessoais que influenciaram sua escrita. O autor enfrentou períodos de intensa melancolia e tristeza ao longo de sua vida, o que pode ter contribuído para sua capacidade de abordar o tema do suicídio com empatia e profundidade. Sua exploração da temática pode ser vista como uma tentativa de compreender e lidar com seus próprios sentimentos e experiências.

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Além disso, o contexto histórico e cultural em que Goethe viveu também desempenha um papel significativo na análise de sua abordagem do suicídio. O século XVIII foi um período de transformação na Europa, com o Iluminismo enfatizando a razão e a lógica, ao passo que o romantismo buscava explorar emoções e sentimentos. Nesse contexto, as obras de Goethe podem ser vistas como uma resposta à busca por uma compreensão mais profunda das complexidades da condição humana, incluindo o sofrimento e o desespero que podem levar ao suicídio.

É importante lembrar que, ao longo de sua carreira, Goethe produziu uma ampla gama de obras que exploraram inúmeras facetas da existência humana, e o suicídio foi apenas um dos temas abordados em sua vasta produção. A ideia de que o autor romantizou o suicídio não leva em consideração a complexidade de sua escrita e a profundidade de suas reflexões sobre a condição humana.

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Johann Wolfgang von Goethe, apesar de ter explorado o tema do suicídio em algumas de suas obras mais famosas, não pode ser simplesmente acusado de romantizá-lo. Sua abordagem é multifacetada e complexa, refletindo uma profunda compreensão da natureza humana e uma tentativa de explorar o sofrimento e o desespero de maneira empática e realista. Considerar o trabalho de Goethe apenas sob a lente da romantização do suicídio seria uma simplificação injusta de sua rica contribuição para a literatura e a compreensão da condição humana.

Última atualização da matéria foi há 8 meses


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