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A incrível trajetória da realizadora Tata Amaral

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Tata Amaral é citada por vários críticos como uma das mais importantes realizadoras do cinema brasileiro a partir da década de 1990. Recebeu vários prêmios e concorreu em festivais internacionais, participando ativamente do momento que ficou conhecido como “Primavera do Curta Brasileiro”. Realizou ainda diversas vídeo-instalações, destacando-se pela experimentação de linguagens e meios. Em 1997 realizou seu primeiro longa, “Um Céu de Estrelas”, premiado nos festivais de Brasília, Boston, Trieste, Créteil, Havana e considerado pela crítica um dos filmes brasileiros mais importantes da década. Em 2006, criou a produtora Tangerina Entretenimento, em sociedade com sua filha Caru Alves de Souza. Seu terceiro longa, “Antônia”, gerou a série de mesmo nome produzida pela Rede Globo, exibida em 2006 e indicada ao Prêmio Emmy em 2007. Ainda em 2007, Tata Amaral publicou, pelo O Nome da Rosa Editora, o livro “Hollywood: Depois do Terreno Baldio”, de contos e relatos colhidos na pesquisa para a produção de “Antônia”. “Trago Comigo”, a minissérie que dirigiu para TV Cultura e Sesc TV, concorreu a 4 prêmios no Prêmio Qualidade Brasil 2009: melhor minissérie, melhor autor, melhor ator e melhor diretora. Em 2016, “Trago Comigo” foi lançado como longa-metragem, com a metade da duração, mas com algumas cenas que não haviam sido incluídas na minissérie. Atualmente está em cartaz com o seu filme “Hoje”.

Você é considerada uma das mais importantes cineastas do país. Que ponto foi e é fundamental para ter tido uma carreira tão consistente?

Obrigada pelo comentário. Sempre busquei trabalhar em projetos que me inspirassem e alimentasse. Algumas frases ecoam em meu coração desde os anos 1980, quando comecei a fazer cinema. Uma delas, está nas “Cartas a um jovem poeta” de Rilke. Em dado momento, Rilke pergunta: “Morreria se não escrevesse?” Ali ele questiona o jovem poeta sobre a profundidade de seu desejo. Acrescento que a opção por “viver de cinema” e construir uma carreira nesta área exige que o desejo seja profundo, pois, a trajetória não é fácil.

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Em que momento o cinema deve ter um papel social?

Acho que o cinema e o audiovisual são poderosas expressões de uma sociedade. Toda forma de arte o é. Toda forma de arte expressa alguém que está em algum lugar da sociedade. A partir desta constatação, pode pensar no eco que esta obra tem na sociedade. Este eco, depende da comunicação da obra. Esta comunicação é social e de classe também.

O que um filme que leva a sua assinatura não pode deixar de ter?

Verdade e subjetividade. Respeito aos valores e emoções humanas. Vontade de provocar reflexões.

Conseguir esse diferencial foi algo que foi buscado por você ou em algum momento isso ocorreu naturalmente?

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Outro poema que me iluminou muito foi “Conversa sobre poesia com fiscal de renda” do Maiakovski: “Cidadão fiscal de rendas! Desculpe a liberdade. Obrigado. Não se incomode… Estou à vontade. A matéria que me traz é algo extraordinária: o lugar do poeta na sociedade proletária.” Ali o poeta apresenta ao fiscal que poesia é um trabalho e que o artista precisa comer, beber, viver de seu trabalho. Qual o lugar do cineasta na sociedade? Em todas as sociedades?

Quanto de intuição e observação um cineasta deve ter em seu ofício na sua visão?

Muita observação e intuição se ele quiser se comunicar.

Em que momento de sua carreira a sua intuição esteve de “mãos dadas” com a sua observação?

Acho que sempre.

Como define o ato de dirigir?

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Apontar um caminho. Caminho este que é descoberto ao longo do processo e de maneira coletiva. A criação é “contaminada” no melhor sentido! Pelo tempo e espaço em que ela acontece, e com as pessoas com as quais acontece.

Quando você acredita que o ator cria uma conexão com o diretor?

Quando o ator e o diretor se comunicam e trabalham no “mesmo filme”, então o resultado pode ser grandioso e profundo. Aí pode acontecer a beleza da comunicação com outras almas.

Em que momento das filmagens você percebe que um filme está ficando com a sua cara?

Nunca me preocupei com isto.

É complexo fazer com que o roteiro, a montagem e o elenco estejam todos alinhados de uma forma sincronizada?

Acho que o filme vai se construindo e se configurando ao longo do trabalho.

Acredita que em “Sequestro Relâmpago” isso aconteceu?

Claro! Sem dúvida!

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Última atualização da matéria foi há 2 anos


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