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Festival de inovação HackTown dá as cartas

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Os organizadores do HackTown, festival de inovação, tecnologia e criatividade, que acontece na pequena Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, já tinham tudo pronto para anunciar as datas e iniciar as vendas de ingressos da edição de 2020 quando a pandemia chegou. “Já estávamos prestes a fazer o anúncio quando começou o isolamento social. Na mesma hora, decidimos segurar tudo, observar, entender o impacto disso tudo nas pessoas, para só então decidir o que fazer”, conta João Rubens Costa, um dos fundadores e head de negócios do HackTown. Inspirado no SXSW, festival que acontece em Austin, capital do Texas, o HackTown teve sua quinta edição em 2019, com mais de 700 atividades, quatro dias de evento e um público de mais de 25 mil pessoas vindas de todo o Brasil e de outros países da América Latina, e com planos de franca expansão para 2020. “Em cada um dos dias de evento foram mais de 6 mil credenciados, fora quem veio só para as atividades abertas ao público geral. Para 2020, nossos planos eram de dobrar este número, até que veio a pandemia”. Por esse motivo, o formato que trouxe o evento até aqui, não acontecerá em 2020. “Para a segurança da população de Santa Rita do Sapucaí, e para o público que vem de fora, o evento presencial deve ocorrer apenas em 2021, mas encontramos um formato interessante e inovador para o momento”, destaca Costa.

João, como a inovação pode ser a saída para os empreendedores num momento tão complexo como o atual?

A inovação é o que vai possibilitar às empresas encontrar novos caminhos a partir dos desafios atuais, seja com novas soluções, novos segmentos de clientes, explorando novos canais de venda, e por aí vai. Porém, se enganam as empresas que buscam a bala de prata que irá resolver todos os seus problemas. A inovação é simplesmente o efeito de uma cultura organizacional voltada para a experimentação, agilidade, prototipação, com funcionários empoderados e engajados com os objetivos da empresa. Vejo que as empresas que se sairão melhor pós-pandemia são as que estão aproveitando este momento para acelerar uma mudança de cultura. É um momento de olhar para dentro, entender seus valores, seu propósito de forma mais ampla, experimentar caminhos e ampliar as possibilidades, tanto para este desafio atual como para qualquer outro que surgir pela frente.

Qual o papel do storytelling para a reinvenção durante essa pandemia?

Vejo o storytelling como um dos pilares centrais para guiar a reinvenção de um negócio. No entanto, é essencial que ele tenha como ponto de partida o propósito e os valores da organização. Olhar e analisar o seu storytelling até o momento atual é um dos principais pontos para construir uma nova visão da sua empresa para o mundo, algo que faça sentido e garanta que a essência do que sua marca representa está sendo mantida nesse novo pedaço da história que será contada. No HackTown, analisar o storytelling do evento, assim como nosso propósito e nossos valores, e diferenciar seus principais elementos, nos ajudou a entender que as lives na internet, por exemplo, nunca seriam capazes de entregar o que o HackTown é de verdade. O principal do evento nunca foi o conteúdo, que é vital, porém, pano de fundo para algo maior. O que torna o HackTown único são as pessoas, o ecossistema da cidade, os voluntários, as conexões geradas pelo encontro de pessoas, entre outros muitos pontos. Esse olhar no entendimento do storytelling é crucial para a construção de um novo capítulo que seja capaz de trazer perspectivas, só que mantendo viva a essência da empresa.

Acredita que esse papel será o mesmo no pós-Covid?

Creio que sim. Pensar e repensar o negócio é algo a ser feito constantemente, e o caminho passa, como disse anteriormente, pelo storytelling. É importante que o pensamento de inovação e reinvenção seja feito proativamente, e não apenas de forma reativa. Isso evita que uma empresa seja pega de surpresa. Com tamanhas incertezas de futuro e a impossibilidade de se fazer previsões exatas, olhar constantemente para dentro é o possível, e talvez o suficiente para encarar os desafios que virão pela frente.

Como você lida com a criatividade?

A criatividade é a conexão do que você sabe, do seu repertório, com os desafios e as necessidades que você enfrenta no seu dia a dia. Isso é ainda mais amplificado quando você se conecta a outras pessoas e a outros assuntos, mas sempre valorizando aquilo que você já tem. Ou seja, quanto mais você está aberto a aprender, observar o ambiente, escutar mais do que falar, entender mais do que explicar, se conectar com novas pessoas, viajar e conhecer contextos e realidades diferentes, mais o seu repertório aumenta e consequentemente amplia a possibilidade de gerar ideias mais criativas e impactantes para o seus negócios.

Criatividade e inovação são lados de uma mesma “moeda?”.

Vejo a inovação como a criatividade que se tornou um negócio, que ganhou aplicação prática e que, ao mesmo tempo, gerou impacto com base no propósito da organização. Para a criatividade se tornar um negócio de impacto, é necessário mais do que uma boa ideia. É preciso encontrar um modelo de negócio que faça sentido e se prove rentável com uma proposta e um segmento de clientes bem definidos, enquanto faça parte de um propósito maior.

Dentro do desafio de se reinventar, a parte de transformar novas ideias em negócios rentáveis e de impacto é com certeza a parte mais trabalhosa e difícil, por envolver uma mentalidade que muitas empresas ainda não tem.

Fale um pouco sobre a HackTown.

O HackTown é um festival de criatividade e inovação que acontece na cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, próxima à capital paulista. Santa Rita é, certamente, a cidade mais improvável do Brasil. Ao mesmo tempo que tem apenas 40 mil habitantes, é também um dos principais polos de tecnologia do país com mais de 150 empresas de tecnologia e cerca de 50 startups digitais. Ao mesmo tempo, vem se tornando um polo criativo muito interessante, sendo reconhecida não só pelo lado tecnológico, mas também pela sua economia criativa, o que lhe rendeu, inclusive, a escolha por uma renomada publicação norte-americana como uma das 5 melhores cidades da América Latina para profissionais da criatividade viverem no pós-pandemia, ao lado de locais como Medellín, Montevidéu, Santiago e Curitiba.

Dentro desse cenário trazemos as mentes mais inovadoras, não só do Brasil, mas também de outros países da América Latina, das mais diferentes áreas de conhecimento e atuação para uma programação com mais de 700 atividades entre palestras, painéis e workshops que rolam simultaneamente em vários pontos da cidade como escolas, comércios, praças, restaurantes, teatros, etc. Foram mais de 6 mil credenciados por dia na última edição, totalizando cerca de 25 mil pessoas em 4 dias de evento.

Esse público se espalha pela cidade transitando entre locais de conteúdo e também em feirinhas, palcos, festas, meetups, entre outras atividades. Dá pra dizer que o HackTown é a união de milhares de festivais em um só. Todos os participantes têm o seu festival único, que é construído baseado nas suas escolhas, que podem variar desde uma entre as várias palestras, até parar num bar para ver um show de uma banda que você não conhece e conhecer pessoas de outros locais. O mais legal é que não existem escolhas erradas. No fim das contas, o que fica são as conexões que resultam em parcerias, projetos conjuntos, vendas e afins.

Que conceito emoldura essa iniciativa?

“Vim para o evento com uma programação de todas as palestras que queria ver e, logo na primeira atividade que fui, abri mão de tudo que pensei e segui outro caminho que começou a fazer muito mais sentido pra mim”. Não lembro ao certo qual participante me disse isso, mas acredito que essa seja a essência do HackTown. O segredo não está no que você viu, compreendeu e planejou. O segredo está justamente no que você não pensou, no que você não esperava e no que você não planejou. Todo caminho óbvio te leva a soluções óbvias. O surpreendente é o que vai realmente fazer diferença. O que vale são as possibilidades que em um primeiro momento eram invisíveis para você, seja pelas pessoas que conheceu, lugares que visitou e conhecimentos que adquiriu, e que nunca imaginava ter contato. O HackTown é um convite ao não planejado no meio de uma vida totalmente rotineira e de agendas lotadas de compromissos.

E quais são os seus pilares?

As raízes do HackTown sempre foram baseadas em uma cultura com alto grau de experimentação, agilidade e olhar centrado no usuário. Todas as novas ideias e propostas trazidas à mesa para o festival são tratadas com a mesma importância e nenhum dos sócios diz se aquilo faz ou não faz sentido. Dentro do nosso formato de trabalho, já estamos acostumados a ter que provar o valor das ideias, seja testando a receptividade dos participantes do festival, rodando pilotos com um modelo de negócios rentáveis desde o início ou encontrando parceiros que queiram entrar conosco na iniciativa e arriscar em um primeiro momento. Dessa forma, acreditamos que o que realmente permanece passe por um filtro natural do que realmente vai agregar e impactar a experiência dos participantes. Esses pilares nos acompanham desde a primeira edição do festival, que inicialmente era para ser algo para 50 pessoas e 3 pontos de palestras e acabou recebendo 600 pessoas em mais de 15 pontos de atividades simultâneas. Isso só foi possível pela nossa capacidade de mudança, focar no que realmente agrega valor e se adaptar de forma rápida.

É este tipo de postura que trouxe, por exemplo, o Google a apostar no HackTown em 2017, ao trazer sua primeira Casa Google Developers fora dos Estados Unidos, como patrocinador. E que depois abriu caminho para inúmeras outras marcas, como Accenture, IBM, Facebook, Scania, Nubank, TIM, entre outras que valorizam as conexões, a criatividade, a experimentação e a inovação.

O que uma narrativa Transmídia pode fazer por uma marca?

O que acredito é que, devido ao avanço tecnológico, a cada dia que passa aumenta o leque de opções que uma pessoa tem para passar o tempo, se entreter, se socializar e se conectar com as pessoas. Além disso, essa quantidade de opções que cresce a cada dia, faz com que as pessoas naveguem entre esses formatos de forma aleatória durante seu dia gastando o seu tempo de formas diversas. Na pandemia isso se acentuou. As pessoas estão se adaptando a novas rotinas, ao mesmo tempo que se dedicam mais às suas famílias, e estão muito mais ocupadas.

Nós pensamos muito no respeito ao tempo das pessoas. Por isso o evento presencial, por exemplo, traz uma imersão tão grande e permite tantas conexões. Mas agora, em um novo cenário, optamos por proporcionar que as pessoas tivessem contato com o HackTown, sem ter que modificar as suas rotinas. E este tipo de narrativa foi crucial. Assumir uma narrativa transmídia para sua marca nesse momento é a oportunidade de estar presente por mais tempo e em momentos diferentes e especiais dentro da vida dos seus clientes. Consequentemente, isso dá a possibilidade de criar marcas mais memoráveis, humanas e com relacionamentos mais fortes e verdadeiros.

As marcas têm usado essa narrativa da forma correta?

Os maiores desafios que vejo para as marcas neste momento é identificarem os novos formatos que surgem e, mais do que isso, deixarem a hype de lado e entender realmente quais de todos os formatos disponíveis são os principais e melhores para a comunicação com seu público. A partir daí, é entender qual pode ser o papel que cada mídia e que ponto de contato pode entregar de forma original e exclusiva e que complemente os demais.

Como vê o futuro da Transmídia e da Cultura da Convergência?

A tecnologia vem evoluindo, com novas ferramentas e possibilidades, e isso certamente faz a diferença. Facilita muito o processo e amplia as possibilidades de construir uma experiência memorável. Porém, a tecnologia é meio. Procuramos olhar mais para o que está dentro, que é nossa essência, nosso propósito, nosso storytelling, nossos valores, nosso público. E a partir daí, a tecnologia passa a ser útil. Portanto, o que esperamos para o futuro é que a tecnologia seja cada vez mais vista como meio, como forma de entrega, e não como fim, com toda a importância que tem neste contexto.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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