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O jornalismo econômico pela ótica de Luis Nassif

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O mineiro de Poços de Caldas Luis Nassif, foi colunista e membro do conselho editorial da Folha de S. Paulo, escrevendo por muitos anos sobre economia neste jornal. Nas composições que faz dos possíveis cenários econômicos, não deixa de analisar áreas correlatas que também são relevantes na economia, como o sistema de Ciência e Tecnologia. Atualmente trabalha em projetos próprios da Agência Dinheiro Vivo e apresenta o programa “Brasilianas.org” na TV Brasil, rede que faz parte da estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), criada em 2007 pelo Governo Lula. Foi vencedor do Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita do site Comunique-se nos anos de 2003, 2005 e 2008, em eleição direta da categoria. “Se fosse chapa-branca teria aderido ao Serra e mantido meu programa na TV Cultura (onde as condições eram bem melhores) assim como meu espaço na Folha. Acabo de ser escolhido para finalista do Prêmio Comunique-se de Jornalismo Econômico na mídia Eletrônica – mesmo estando fora dos grandes veículos – e na categoria Blog. Trata-se de eleição direta com votos de mais de 100 mil jornalistas de todo o país. (…) Há pesquisas e pesquisas. A pesquisa bem feita e com honestidade de propósitos é um grande instrumento para empresas, políticos e eleitores. Quando há erros metodológicos ou vinculação a uma candidatura, prejudica os supostos beneficiários”, afirma o jornalista.

O jornalismo que é feito hoje ainda lhe fascina, como no início de sua carreira aos 13 anos no Grupo Gente Nova em Poços de Caldas?

Totalmente, cada vez mais, principalmente depois do advento do jornalismo interativo na Internet.

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O assunto economia é explicado como deveria pelos canais de televisão e pelas grandes publicações impressas nacionais?

Não. Ainda está muito preso a chavões. A explicação supõe entender as correlações entre os diversos setores da economia. Quando mexo nos juros, como afeto as vendas, o emprego, como rebate nas exportações etc. Esse tipo de explicação – essencial para entender de fato a economia – é pouquíssimo utilizada.

O falecido banqueiro Olavo Setubal, dizia que o capitalismo não é justo mas é eficiente. Conhecendo as entranhas do poder econômico, financeiro e político, diria que esta afirmação está correta?

Totalmente correta. Daí a importância do papel supletivo do Estadão e das organizações sociais. Sem a regulação e a interferência do Estado, instala-se a lei do mais forte.

O dramaturgo alemão Bertolt Brecht, escreveu em uma certa ocasião, que um banco é mais prejudicial à humanidade do que as drogas. Ele exagerou ou estava certo?

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Depende da regulação dada pela política econômica. Bancos são fundamentais como meio de desenvolvimento, provendo crédito e realocando a poupança. Quando colocado como fim, mela tudo. Aí se subordinam todos os objetivos de política econômica ao capital financeiro. Inverte-se a lógica: o que era meio torna-se fim em si.

O senhor participou do projeto de criação do Datafolha, um dos principais institutos de pesquisa do país. Sabendo como é a engrenagem desse mercado, podemos dizer que as pesquisas políticas são extremamente confiáveis a ponto de um candidato que está muito à frente, comemorar a sua eleição antecipada?

Há pesquisas e pesquisas. A pesquisa bem feita e com honestidade de propósitos é um grande instrumento para empresas, políticos e eleitores. Quando há erros metodológicos ou vinculação a uma candidatura, prejudica os supostos beneficiários e atrapalha a percepção da opinião pública. Nesse sentido, o papel do Datafolha nessas eleições foi prejudicial.

Até que ponto o jornalismo online pode se contrapor aos grupos da grande mídia, já que o senhor foi um dos pioneiros da internet no país e conhece este veículo de comunicação como poucos?

Hoje em dia já disputa de igual para igual a opinião pública dos formadores de opinião, aqueles que tinham nos jornais sua única fonte de consulta. Continua atingindo um público inferior ao das TVs abertas.

Suponhamos que existisse no país hoje apenas dois veículos de comunicação para o senhor divulgar o seu trabalho e sua ideias. Um deles seria a Revista Veja e o outro o jornal Folha de S.Paulo. Em qual dessas publicações o senhor jamais publicaria e por qual motivo?

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Veja. Porque seu jornalismo é absolutamente desonesto. A Folha enveredou pelo mesmo caminho, mas não conseguiu superar a Veja.

Existe liberdade de imprensa no Brasil, ou isso é uma utopia, já que veículos mais combativos são sempre penalizados com pouca ou nenhuma destinação de verbas publicitárias por parte das agências?

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O problema da liberdade de imprensa é o acordo entre agências de publicidade e os grandes grupos, pelos quais elas são remuneradas de acordo com o montante de publicidade que levam para o veículo. Trata-se de um crime de direito econômico que impede a livre competição no mercado.

Qual a informação que lhe deu mais prazer em publicar e que ao mesmo tempo trouxe para sua vida um verdadeiro abacaxi?

Colunas sobre o financiamento do mensalão pelo Daniel Dantas e os problemas do Banco Pactual com a Fazenda. Custaram-se a coluna na Folha. Mas, por consequência, permitiram cair de cabeça na blogosfera.

O senhor apresentou o excepcional programa “Dinheiro Vivo” na TV Gazeta, o mesmo que deu origem a agência que é mantenedor até hoje, além de ter passado por várias emissoras em sua carreira. Por conta dessa experiência acumulada, é correto dizer que programas de alta qualidade como era o seu, não tem vida longa nos canais de TV aberta por causa do grande diretor de programação da atualidade que é o Ibope?

Isso. Antes, economia tinha apelo popular devido à inflação elevada. Depois, praticamente todos os canais abertos (mesmo os de baixa audiência) resolveram seguir a mesma fórmula. Os grandes canais conseguem audiência em detrimento da qualidade. Os de menor audiência perdem os dois públicos.

O senhor é considerado por boa parte da mídia, um jornalista chapa-branca e lulista, muito pelo seu trabalho na TV Brasil à frente do programa “Brasilianas.org”. Como encara esse fato?

Se fosse chapa-branca teria aderido ao Serra e mantido meu programa na TV Cultura (onde as condições eram bem melhores) assim como meu espaço na Folha. Acabo de ser escolhido para finalista do Prêmio Comunique-se de Jornalismo Econômico na mídia Eletrônica – mesmo estando fora dos grandes veículos – e na categoria Blog. Trata-se de eleição direta com votos de mais de 100 mil jornalistas de todo o país. Se me julgassem chapa-branca, jamais teria essa votação. A diferença da EBC e da TV Cultura é que, no primeiro caso, até agora não tive nenhuma restrição ao exercício da opinião – mesmo quando critico acerbamente a política do Banco Central do Lula. Na Cultura, depois do advento Serra, meu contrato terminou no dia em que critiquei a Sabesp no meu Blog.

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Algumas pessoas não sabem, mais o senhor é compositor, bandolinista e pesquisador de choro. Como a música entrou em sua vida e quais são os cinco discos que o músico Luis Nassif recomenda para àqueles que são apreciadores de boas canções?

Entrou aos cinco anos, nas minhas primeiras aulas de piano. Aos 9 aderi ao bandolim; aos 15 ao violão. Aos 16, à composição. A música jamais me abandonou. Discos, de cabeça: 1.Jacob, Época de Ouro, Elizeth e Zimbo Trio no Teatro João Caetano / 2.Os Saraus de Jacob, lançados após a sua morte / 3.Teleco-Teco, LP de Ciro Monteiro e Dilermando Pinheiro / 4.João Pernambuco, LP em que ele é acompanhado por Zezinho (futuro Zé Carioca) / 5.Tropicália 2, com Caetano e Gilberto Gil.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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