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André Braz fala das incertezas e do déficit

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André Braz é mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense e em Finanças e Economia Empresarial pela EPGE/FGV. O experiente e renomado economista pertence ao staff da Superintendência Adjunta para Inflação desde 1989, onde trabalha como coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da prestigiosa FGV (Fundação Getulio Vargas). O economista afirmou: “Eu diria que é o grande déficit nas contas públicas. O Governo é como uma família que precisa ter responsabilidade com suas despesas. Com déficit o Estado não consegue investir para aquecer a economia. Projetos importantes ficam parados, o que contribui para o aumento do desemprego. O Estado precisa ser enxuto e eficiente, mas estamos longe disso. Precisamos reduzir rapidamente o déficit público”. Entre outros assuntos abordados na entrevista, André Braz, também analisou como será o Natal deste ano: “Estamos em recessão. O desemprego reduz a capacidade de compra das famílias. Como o futuro guarda incertezas, as famílias ficarão cautelosas com as compras a prazo. Presentes não serão foco. Contaremos sim, com alimentos mais baratos, isso deve ajudar a garantir uma boa ceia. (…) Os alimentos recuaram de preço em 2017. É provável que no final do ano o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mostre queda no preço dos alimentos. Apesar disso, as famílias não perceberam o ocorrido”.

Já existe uma luz no final do túnel para a economia brasileira?

Alguns indicadores mostram sinais de aquecimento da economia. A indústria automobilística está produzindo mais, a taxa de desemprego recuou um pouco, mas a situação é delicada. Ainda falta ver bons resultados da política fiscal. O Governo precisa economizar e arrecadar mais para conter o déficit.

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Como as famílias têm gerenciado o orçamento familiar, ou seja, quais têm sido as prioridades neste momento?

Em tempos de recessão, o emprego torna-se escasso. Com chefes de família desempregados, a subsistência passa a ser o foco. As despesas com alimentação recebem prioridade para garantir a sobrevivência da família. E, nesse campo, o clima ajudou. As safras robustas que tivemos garantiram a queda dos preços de alimentos da cesta básica (arroz, feijão, leite, carne e pão), o que aliviou o fardo das famílias.

Você afirmou que a queda dos preços é verídica, mas a população não sente porque o poder das famílias diminuiu com o desemprego e com a falta de atualização dos salários. Nos fale mais um pouco sobre essa atual conjuntura.

Os alimentos recuaram de preço em 2017. É provável que no final do ano o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mostre queda no preço dos alimentos. Apesar disso, as famílias não perceberam o ocorrido, pois, com o desemprego, a renda disponível também se reduziu. Então, apesar de mais baratos, os consumidores ainda encontram dificuldades para comprar alimentos.

Isso pode mudar em um médio prazo?

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Sim! No entanto, os meteorologistas estão mantendo o otimismo para o clima de 2018. Então, o clima continuará favorecendo a agricultura, o que será uma pressão a menos na inflação de 2018.

Em maio de 2013, você trouxe uma informação curiosa, na qual dizia que o consumidor gastava mais com cigarros do que com arroz e feijão. Na crise, isso ainda continua?

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Isso é difícil de medir. Fazemos isso quando apuramos a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) que verifica preços e quantidades. O IBGE iniciou uma POF este ano, mas ela só será encerrada em 2018. Até lá, e olhando os dados da última POF 2008/2009, o brasileiro continua gastando mais com cigarros que com arroz e feijão.

O pior momento das famílias de baixa renda foi em 2015?

Sim! Naquela época o clima comprometeu a safra de produtos importantes, sem contar com a elevação do preço de energia. Em 2015, o IPC-C1 chegou a subir mais de 11%.

Existe muita desinformação quando o assunto é inflação?

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Sim. As famílias não têm o hábito de monitorar as suas despesas. É muito importante relacionar os gastos num caderno ou numa planilha para compará-los mensalmente e identificar os gargalos. Além disso, vale conhecer um pouco sobre economia doméstica para evitar o endividamento.

Qual é o maior vilão da economia nacional na atualidade?

Eu diria que é o grande déficit nas contas públicas. O Governo é como uma família que precisa ter responsabilidade com suas despesas. Com déficit o Estado não consegue investir para aquecer a economia. Projetos importantes ficam parados, o que contribui para o aumento do desemprego. O Estado precisa ser enxuto e eficiente, mas estamos longe disso. Precisamos reduzir rapidamente o déficit público.

Como se encontra os gastos com a educação?

O elevado déficit congela os investimentos em educação. É uma medida dura e retrógada que atrasa o crescimento e o desenvolvimento econômico. Investir em educação é um excelente negócio para o país e para a sociedade.

Teremos um natal com o “Papai Noel” trazendo um saco menos vazio ou ainda é impossível fazer essa previsão?

Estamos em recessão. O desemprego reduz a capacidade de compra das famílias. Como o futuro guarda incertezas, as famílias ficarão cautelosas com as compras a prazo. Presentes não serão foco. Contaremos sim, com alimentos mais baratos, isso deve ajudar a garantir uma boa ceia.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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