Tarso de Castro: o pai ignorado do Pasquim
Na história do jornalismo brasileiro das décadas de 1960, 1970 e 1980, destaca-se uma figura única: o gaúcho Tarso de Castro. Filho de Múcio de Castro, diretor do jornal O Nacional em Passo Fundo, Tarso deixou sua marca indelével na imprensa do país. Criador do caderno Folhetim da Folha de S.Paulo e um dos fundadores do emblemático jornal O Pasquim, desafiou convenções, contribuindo para uma nova expressão jornalística marcada pela irreverência e crítica social.
Apesar de muitas vezes ser ignorado como o principal fundador de O Pasquim, o papel crucial de Tarso na criação do jornal não pode ser subestimado. Liderando o projeto desde o início ao lado de Jaguar, Sérgio Cabral, Luiz Carlos Maciel e outros, enfrentou desafios e críticas. Mesmo após 80 edições, sua contribuição é frequentemente ofuscada pela sombra de outros colaboradores. Na biografia “Tarso de Castro – 75 kg de Músculos e Fúria,” lançada por Tom Cardoso em 2005, busca-se reivindicar o devido reconhecimento a esse pioneiro do jornalismo brasileiro.
A vida de Tarso de Castro foi marcada por controvérsias e excessos. Alcoólatra confesso, recusava-se a buscar tratamento, e esse comportamento autodestrutivo culminou em sua morte prematura aos 49 anos, vítima de cirrose hepática em 1991. Entretanto, essa tragédia pessoal não diminui sua importância na história do jornalismo brasileiro.
O Pasquim, nascido em 1969, foi concebido durante uma reunião entre Jaguar, Tarso de Castro e Sérgio Cabral, com o objetivo de preencher o vazio deixado pelo tabloide humorístico A Carapuça, editado por Sérgio Porto. O nome sugestivo, que significa “jornal difamador, folheto injurioso,” anunciava uma proposta ousada e provocadora. Contando com a adesão de figuras proeminentes da imprensa brasileira, como Ziraldo, Millôr, Manoel “Ciribelli” Braga, Miguel Paiva, Prósperi, Claudius, Fortuna, entre outros, O Pasquim alcançou uma tiragem de 28 mil exemplares na primeira edição, lançada em 22 de junho de 1969. Em seis meses, sua circulação disparou para 250 mil cópias, tornando-se um fenômeno editorial. O jornal desafiou a censura do regime militar, mantendo-se ativo e desafiador.
No ano de 1971, O Pasquim enfrentou desafios financeiros, com dívidas entre 200 mil e 400 mil dólares. Ruy Castro destaca que Tarso de Castro foi afastado (as más-línguas diziam que ele tinha roubado o jornal), e Sérgio Cabral assumiu a direção, com Millôr Fernandes (seu inimigo feroz) atuando como interventor para sanear as finanças. Apesar das turbulências, O Pasquim continuou sua trajetória até a década de 1990, sobrevivendo à abertura política de 1985.
Tom Cardoso, em sua biografia de Tarso de Castro, enfatiza a audácia e criatividade do jornalista como o catalisador inicial para o sucesso do Pasquim. Apesar das contribuições de outros colaboradores, Tarso foi essencial, transformando um jornal inicialmente destinado ao fechamento em um fenômeno de vendas.
A narrativa sobre a fundação do Pasquim é permeada por disputas e desentendimentos entre seus criadores. Luiz Carlos Maciel afirma que Tarso foi o verdadeiro responsável pelo sucesso inicial, enquanto Ruy Castro destaca a colaboração de Jaguar, Sérgio Cabral, Millôr Fernandes e outros. Antes de sua incursão no Pasquim, Tarso de Castro teve uma carreira marcante na imprensa brasileira, brilhando na Última Hora e refundando O Nacional, jornal ligado a Leonel Brizola do qual era um ardoroso defensor.
A controvérsia em torno da entrevista de Leila Diniz exemplifica a postura desafiadora do Pasquim. Tarso de Castro, ao substituir palavrões por asteriscos na transcrição, enganou a censura e proporcionou aos leitores uma experiência única. Sua atuação como provocador e inovador é reforçada por histórias como a possível contribuição financeira à viagem de Martha Medeiros para Paris.
A biografia de Tarso de Castro, apesar de ser considerada por alguns como superficial, serve como uma tentativa de resgatar a história menos conhecida desse personagem singular. Destaca suas relações, paixões, como a envolvendo a atriz Candice Bergen, e os desafios enfrentados nos bastidores do jornalismo brasileiro.
Os amores de Tarso de Castro desempenharam um papel significativo em sua vida tumultuada. Conhecido por sua beleza, charme e reputação de namorador, envolveu-se com mulheres notáveis, como a socialite Maria Amélia e a atriz Candice Bergen. Sua relação com Bergen, além de adicionar glamour à sua vida, refletiu as complexidades de seus relacionamentos, marcados por paixões intensas e contradições. Essas histórias não apenas humanizam Tarso de Castro, mas também evidenciam as intensas paixões e contradições que marcaram sua vida pessoal.
A relação entre Tarso de Castro e Candice Bergen não foi apenas marcada por encontros românticos, mas também por um gesto inusitado e generoso por parte da atriz. Em um episódio singular, Candice Bergen levou Tarso ao dentista, assumindo os custos de um tratamento odontológico para o jornalista brasileiro. Esse ato ilustra a intensidade do relacionamento entre eles e destaca a natureza peculiar e atenciosa de Candice Bergen, demonstrando um interesse genuíno na vida e bem-estar do jornalista brasileiro. O jornalista teve um filho (o ator João Vicente de Castro) com a talentosa estilista Gilda Midani, ex-mulher do falecido super produtor musical André Midani e atualmente casada com a estrela da MPB Maria Bethânia.
Esses detalhes adicionais não apenas enriquecem a narrativa do relacionamento entre Tarso de Castro e Candice Bergen e posteriormente a geração de seu filho, mas também proporcionam uma visão mais completa da rede de interações e apoios que caracterizaram a vida tumultuada e fascinante desse renomado jornalista tupiniquim que dizia que todo paulista (que não gosta de mulher) é bicha! (rs).
Última atualização da matéria foi há 11 meses
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