Câmara e a la dolce vita brasilis!

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (21), um robusto reajuste salarial para o funcionalismo público, num placar expressivo de 388 votos a favor contra apenas 43 contrários. A cifra é generosa: R$ 17,9 bilhões já em 2025 e outros R$ 8,5 bilhões em 2026.
Números crescem,
sem reforma à vista,
a conta sufoca.
A proposta, que inicialmente surgiu como medida provisória, acabou transfigurada em projeto de lei diante da dificuldade de se alcançar um consenso em torno das emendas parlamentares – um movimento previsível num Congresso que cada vez mais opera em função do imediato e do corporativo.
O projeto foi relocalizado das mãos de Pedro Paulo (PSD-RJ) para Luiz Gastão (PSD-CE), cuja defesa pública do reajuste buscou vincular o tema ao debate da reforma administrativa, como se ambos fossem capítulos de um mesmo livro.
Na prática, no entanto, parece mais uma tentativa de dourar a pílula e ganhar tempo político.
Enquanto isso, a tão adiada reforma administrativa, vendida há anos como peça-chave para modernizar a máquina pública e melhorar os serviços à população, será novamente empurrada para um grupo de trabalho. Espera-se um relatório em 45 dias, mas a experiência mostra que o Brasil tem grupos demais e decisões de menos.
E embora o discurso oficial prometa equilíbrio entre valorização dos servidores e eficiência pública, os números contam outra história: aumentam os gastos sem qualquer contrapartida real de produtividade ou reestruturação.
Chamou atenção também a exclusão de algumas categorias, como médicos veterinários, sob a justificativa de ausência de previsão orçamentária. O argumento, embora tecnicamente razoável, expõe a fragilidade do planejamento e o risco de uma política salarial que prioriza pressões e votos em detrimento de critérios técnicos.
Voto garantido,
com reajuste no bolso,
sorri o mandato.
A Câmara vive, assim, sua própria la dolce vita — um doce conforto político garantido por medidas que agradam às bases sem necessariamente atender ao interesse público de longo prazo. O reajuste pode ser justo para muitos, mas sem reforma administrativa, continua sendo apenas mais uma conta repassada ao contribuinte.

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