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Jacinto Figueira Júnior: o pai do mundo cão

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Jacinto Figueira Júnior, mais conhecido como “O Homem do Sapato Branco”, foi um dos personagens mais controversos da televisão brasileira. Nascido em 1927, tornou-se um dos pioneiros do chamado “mundo cão” televisivo, um gênero que explorava a violência e a miséria humana como espetáculo. Seu programa, batizado com o apelido que lhe rendeu fama, surgiu em 1965 e rapidamente conquistou popularidade ao abordar crimes, execuções e tragédias de maneira sensacionalista. O impacto de sua abordagem ressoa até hoje em diversos programas que adotam a mesma fórmula, evidenciando sua influência e os dilemas éticos que introduziu na mídia brasileira.

A biografia “O Homem do Sapato Branco”, lançada em 2023 pelo jornalista Maurício Stycer, revisitou a trajetória de Jacinto Figueira Júnior, destacando desde sua ascensão meteórica até sua decadência. O livro revelou os bastidores de sua carreira, suas alianças com figuras políticas e policiais e o declínio que culminou em seu esquecimento. Stycer expôs como Jacinto misturava jornalismo e entretenimento de maneira indiscriminada, forjando histórias e manipulando depoimentos para manter sua audiência cativa. Essa postura controversa o levou a ser alvo de críticas severas e, eventualmente, de sanções por parte do regime militar.

Antes de se tornar apresentador, Jacinto teve passagens por diferentes áreas, incluindo a corretagem de imóveis e a música, chegando a integrar uma banda country. Seu ingresso na televisão ocorreu em 1963, quando começou a trabalhar na TV Cultura. Pouco tempo depois, migrou para a TV Bandeirantes, onde lançou “O Homem do Sapato Branco”. O programa logo se tornou um fenômeno de audiência ao expor crimes brutais, execuções e depoimentos carregados de dramatização. Sua estética explorava o grotesco e o emocional, atraindo tanto a curiosidade mórbida do público quanto o repúdio da crítica especializada.

Em 1968, no auge de sua popularidade, Jacinto teve seu programa retirado do ar pelo Ato Institucional Número Cinco (AI-5), o que marcou o início de seu ostracismo. Durante esse período, tentou retornar à mídia por diferentes meios, sem sucesso. Sua reabilitação televisiva ocorreu apenas na década de 90, quando foi convidado por Silvio Santos para integrar o “Aqui Agora”, um programa que explorava os mesmos elementos do “mundo cão” que ele ajudara a popularizar. No entanto, Jacinto nunca recuperou o mesmo prestígio de antes e passou seus últimos anos distante dos holofotes, vindo a falecer em 2005, aos 78 anos.

A formação e os primeiros passos na televisão

Jacinto Figueira Júnior cresceu no bairro do Pari, em São Paulo, e passou a juventude tentando se firmar em diversas carreiras. Foi corretor de imóveis, vendedor e até mesmo cantor de música country. Seu ingresso na televisão ocorreu nos anos 1960, quando começou a trabalhar na TV Cultura. Foi ali que percebeu o potencial de explorar a violência e o sensacionalismo como entretenimento.

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O surgimento do “Homem do Sapato Branco”

O programa “O Homem do Sapato Branco” surgiu em 1965 e rapidamente se tornou um marco da televisão sensacionalista. Jacinto adotou um estilo de reportagem que misturava dramatização e exposição exagerada da criminalidade, atraindo grande audiência. A escolha do nome se baseava na imagem que ele queria transmitir de credibilidade e pureza, mas, na prática, seu trabalho se baseava na exploração do sofrimento alheio.

A controvérsia e o sensacionalismo na tela

A abordagem de Jacinto foi amplamente criticada por deturpar a realidade e transformar crimes em espetáculo. Seu programa frequentemente manipulava fatos, utilizava encenações e apresentava testemunhos duvidosos. A linha entre jornalismo e entretenimento foi completamente apagada, abrindo caminho para programas que explorariam a mesma fórmula no futuro.

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A cassação e o período de ostracismo

Em 1968, o regime militar fechou seu programa, considerando-o excessivamente polêmico e problemático. Jacinto chegou a se eleger deputado estadual em 1966, mas seu mandato foi cassado em 1969. Com a censura e a falta de espaço na televisão, passou anos afastado da mídia e tentando se recolocar sem sucesso.

O retorno pela mão de Silvio Santos

No início da década de 90, Silvio Santos decidiu trazer Jacinto de volta à televisão no “Aqui Agora”, programa que resgatava o jornalismo policialesco que ele havia popularizado. No entanto, o mercado já estava mais competitivo e o público não o recebeu com o mesmo entusiasmo. A nova geração de apresentadores dominava o estilo que ele havia criado, relegando-o a um papel secundário.

O legado e a influência na mídia atual

O impacto de Jacinto pode ser observado em programas como “Cidade Alerta” e “Brasil Urgente”, que continuam explorando os mesmos elementos de violência e sensacionalismo. Seu trabalho pavimentou o caminho para uma televisão que prioriza o impacto emocional sobre a informação, reforçando padrões de exploração midiática que persistem até hoje.

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A biografia de 2023 e a redescoberta de Jacinto

A biografia de Maurício Stycer trouxe um olhar aprofundado sobre a carreira de Jacinto e sua influência na mídia brasileira. O livro revelou os bastidores de sua trajetória e como sua figura foi essencial para a consolidação do jornalismo sensacionalista. A obra destacou suas contradições e os efeitos duradouros de sua abordagem na TV.

Entre a polêmica e a história

Jacinto Figueira Júnior representa um dos capítulos mais controversos da televisão brasileira. Seu legado, marcado por exploração e manipulação, permanece vivo na mídia atual, onde o sensacionalismo ainda impera. Se por um lado sua influência é inegável, por outro, seu impacto levanta questões sobre ética e os limites da comunicação de massa.


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