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Regina Fernandes fala das fintechs como alternativa

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Mais de 600 mil micro e pequenas empresas foram fechadas pela pandemia no Brasil. Em um momento tão conturbado, é preciso se atentar ao processo de encerramento do CNPJ para não sofrer consequências no futuro, como acúmulo de dívidas e pendências, além é claro, de ouvir uma especialista sobre isso. Regina Fernandes é perita contábil, trainer em gestão, mentora e responsável técnica da Capital Social, escritório de contabilidade com 10 anos de atuação que tem como objetivo facilitar o dia a dia do empreendedor. Localizado na cidade de SP, atende PME´s do Brasil inteiro por meio de uma metodologia de contabilidade consultiva, efetiva e digital. Para o Panorama Mercantil ela traz argumentos sólidos e saídas que os empreendedores podem ter nesse período de pandemia: “Em geral, a análise de crédito é realizada por um comitê na instituição financeira, que muitas vezes têm uma cartilha de protocolos a seguir. Talvez com um bom plano de aplicação para o recurso e o histórico de relacionamento com o gerente e agência, é possível superar. Mas, considerando a escassez do recurso e o risco do crédito atual, essa é aposta da sorte. Em linha reta, minha indicação é cumprir as exigências de pendência financeira negociando com o credor, falar com o contador da empresa para obter as informações contábeis e fiscais, bem como analisar as certidões e fazer um plano de aplicação do recurso”.

Regina, quais as maiores dificuldades para a captação de recursos em tempos de crise?

Além da enorme quantidade de pessoas em busca de captação de recursos, o que provoca sua escassez, observo algumas dificuldades: a negação do crédito em razão de alguma pendência financeira em nome dos sócios ou empresa; ausência de garantia ou avalista para o empréstimo; problemas nas certidões negativas da empresa e ausência de documentos e informação contábil.

Como “driblar” essas dificuldades de captação?

Esquecendo o momento da crise – diria que todo empresário deveria ter um bom fluxo de caixa, fazer periodicamente a gestão do dinheiro da empresa, construir uma relação próxima com o seu contador e, assim, garantir a conformidade legal e saúde organizacional. Mas no cenário atual, o jeito é fazer planejamento, desenhar o fluxo de caixa, buscar suporte técnico com especialista, sair da cadeira e negociar com bancos e fornecedores.

Em geral, a análise de crédito é realizada por um comitê na instituição financeira, que muitas vezes têm uma cartilha de protocolos a seguir. Talvez com um bom plano de aplicação para o recurso e o histórico de relacionamento com o gerente e agência, é possível superar. Mas, considerando a escassez do recurso e o risco do crédito atual, essa é aposta da sorte. Em linha reta, minha indicação é cumprir as exigências de pendência financeira negociando com o credor, falar com o contador da empresa para obter as informações contábeis e fiscais, bem como analisar as certidões e fazer um plano de aplicação do recurso.

O mercado de microcrédito deve crescer?

Acredito que sim, as pessoas e empresas precisam se manter. E para quem não tinha caixa reserva ou que tinha em um volume pequeno para o impacto, vejo o microcrédito como alternativa.

Como as micro e pequenas empresas podem passar por esse turbilhão?

Inovando em suas operações, formando parcerias estratégicas para comercializar e reduzindo custos.

O Pronampe tem sido muito burocrático em sua visão?

Não vejo o Pronampe como burocrático. O programa manteve as exigências da necessidade de avalista e do cadastro positivo dos sócios e da empresa. No entanto, as instituições financeiras estão dispensadas de exigir certidões negativas, e a carta do Governo com informações sobre o faturamento ou declaração de faturamento estão sendo suficiente para análise de crédito. O grande problema aqui é a enorme quantidade de pessoas solicitando o crédito em comparação ao valor disponibilizado como garantia pelo Governo.

Como diminuir essa burocracia?

Aqui não tem muito jeito, é de acordo com a capacidade e disponibilidade do Governo em liberar orçamento.

Os próximos meses serão decisivos para as empresas. O que será crucial para a manutenção desses negócios?

Quando entramos em um cenário de crise, descobrimos o quanto estamos preparados para nos reinventar e sobreviver. Observa-se que a ausência de um fluxo de caixa simples, demonstrações contábeis básicas e a falta da política de reserva de caixa têm poder de acabar com um sonho ou anos de trabalho. Na minha opinião, o que é crucial nesse momento para manutenção dos negócios é a mudança de mindset do empreendedor.

Existe má vontade dos bancos tradicionais com as micro e pequenas empresas?

Não sei se posso dizer que existe má vontade, talvez é a cruel regra do jogo. A instituição bancária tem como objetivo realizar operações com retorno financeiro e baixo risco. Então, o que observo é que, para assumir risco, o banco aplica juros altos. Na atual conjuntura, juros altos não ajudam e prejudicam o plano de sobrevivência das empresas.

A falta de informação e treinamento para que esse crédito chegue, torna-se um impeditivo real?

Acredito que o verdadeiro impeditivo está na cultura da gestão das pequenas e médias empresas. Muitos empresários acreditam que contador é apenas o gerador de impostos, um guarda-livros ou cumpridor de obrigações fiscais. E aí, não aproveita o melhor que esse profissional pode trazer de informação para o negócio dele.

As fintechs podem ser uma alternativa?

Sim, as fintechs podem ser uma alternativa de crédito. Muitas estão operando com captação de recursos com pessoas físicas, podendo, em alguns casos, serem até mais vantajosos que com os bancos comerciais. O importante é sempre avaliar o custo do empréstimo. Por isso, sempre recomendo aos meus clientes que, ao buscarem recursos, façam a seguinte avaliação: o que pretendo fazer com o dinheiro? E aí, divido as possibilidades em rubricas, tais como:

Receitas: investir em produtos de maior margem/giro; investir em sistemas integrados às vendas via e-commerce ou marketplaces; investir em novos canais de vendas/distribuição.

Custos operacionais: investir na transformação digital da empresa; investir na modernização da linha de produção; investir em automação de processos; investir em eficiência operacional.

Capital de giro: renegociar dívidas com perfil mais caros; negociar prazos de pagamento maiores; realizar liquidação de estoques antigos.

Ativos tangíveis: vender ativos físicos; terceirizar operações que envolvem alta imobilização de capital.

Essas são somente algumas sugestões, mas tudo aquilo que trouxer caixa futuro é bem-vindo. Você pode ainda somente deixar o dinheiro em caixa, mas movimentar a empresa será muito melhor, sempre tendo a visão de retorno do investimento. Qualquer financiamento tem um custo. O custo do Pronampe é muito atrativo em relação aos demais, mas tem o seu valor adicional. Então, é preciso avaliar: quanto tempo de caixa o empreendedor terá de fôlego para pagar contas se nenhum dinheiro entrar na empresa?

É claro que ter dinheiro dá tranquilidade para tomar decisões de negócios que realmente façam a diferença no futuro da empresa, mas é preciso realmente fazer a diferença, senão é apenas o acúmulo de mais dívidas.

Quais outras você apontaria?

Familiares e amigos podem ser uma alternativa de crédito. Claro que, nesse caso, trata-se de uma negociação delicada, mas com toda certeza, se bem feita, pode ser frutífera e vantajosa para o momento. Banco de fomento também é uma opção, mas tem suas exigências e, em geral, requer um bom planejamento e organização de papelada contábil-fiscal.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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