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Tadeu Jungle argumenta sobre a realidade virtual

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Tadeu Jungle iniciou a sua carreira com o uso de mídias alternativas em grafites poéticos, arte-correio e poemas-adesivos. O engajamento na divulgação do vídeo como linguagem ganha destaque em 1986, com a inauguração da The Academia Brasileira de Vídeo, a primeira escola do gênero em São Paulo. Entre 1983 e 1984, apresenta o programa de auditório Fábrica do Som, na TV Cultura, e, no fim da década, dirige os programas TV Mix (na TV Gazeta), e o TV da Tribo (na TV Bandeirantes), ambos mesclando os estilos musical e jornalístico. Na década de 1980, com o grupo TVDO, do qual participam os artistas Walter Silveira, Ney Marcondes e Paulo Priolli, cria videoinstalações e vídeos experimentais de espírito anárquico, que são premiados nas cinco primeiras edições do festival VideoBrasil. Em 2010, codirige “Evoé! Retrato de um Antropófago”, documentário sobre o ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa (1937), lançado pelo Instituto Itaú Cultural. Em 2011, dirige o longa-metragem de ficção “Amanhã Nunca Mais”, protagonizado pelo ator Lázaro Ramos. Em 2014, a exposição “Tadeu Jungle – VIDEOFOTOPOESIA”, realizada pelo Instituto Oi Futuro, no Rio de Janeiro, apresenta um panorama de seus trabalhos em várias áreas de atuação, desde 1984, compilada também em livro de mesmo título, em 2014. É sócio-diretor na Junglebee, produtora focada na criação e produção em VR e AR, para empresas e ONGs.

Tadeu, para onde caminha o audiovisual no Brasil?

Para uma revolução. Com as novas tecnologias são criadas novas formas narrativas e de exibição e fruição destes conteúdos. Na verdade, a revolução é mundial. Caminhamos para uma profusão de mídias e produtores de conteúdo, de nicho e de massa. No jornalismo caminhamos para lutar contra as deep fake news em vídeo que já virão confundindo a tudo e a todos sobre o que é real. O entretenimento vai cada vez mais usar efeitos nunca vistos. Antes, apenas os livros poderiam ter o céu como limite criativo, agora teremos isso também no audiovisual. Espero que continuemos a falar de nós, da nossa velha aldeia, para o mundo.

O que é essencial na vida de um artista multimídia?

Curiosidade em primeiro lugar. Tudo interessa. Persistência. Nada vem pronto e o caminho pra realização dos trabalhos é geralmente longo. Humildade. Como o mundo está volátil, toda obra pode ou não se encaixar nos propósitos iniciais, meramente porque as mídias podem se transformar, ou sumir. Ou seja, a relevância de uma luz pode vir a ser “apenas” a sua sombra.

Como um artista deve se portar num mundo com tantas dispersões e opções?

Focando. Pesquisando. Experimentando e não tendo medo de arriscar. Arte é risco.

E em que momento ele pode usufruir de tais dispersões e opções?

O tempo todo. Esse momento onde tudo se amplia de maneira exponencial, podem surgir oportunidades de expressão a qualquer momento. Se você não tem medo de experimentar, essa é a época para se viver.

Você atua em frentes que vão da poesia visual ao vídeo. Como você consegue passar a sua visão singular em todas essas áreas?

Não sei responder bem a esta pergunta. Eu sou, como uma vez disse o mestre Décio Pignatari, um especialista do não específico. Isso me ajuda muito a trabalhar com a multitude de possibilidades e me dá força nesse mundo transmidiático. Eu procuro ser um designer de soluções. Posso apontar uma solução para um museu vir a ser adequado ao futuro, como posso criar uma obra analógica para esse museu do presente. Posso e gosto de pensar e criar soluções para filmes, sejam em Realidade Virtual ou tradicionais. Vivo de histórias e persigo redigir histórias de arte ou de design. Sempre estou inteiro naquilo que faço.

Glauber Rocha dizia que a arte deve violentar. A arte deve sempre violentar?

A arte tem que ser potente. Tem que mover. A arte não pode vir para decorar, para ser coadjuvante, mas sim para ser protagonista de uma transformação.

Em que momento a arte deve ter um papel social?

Ela é social por definição. Está no mundo e deve participar da construção e questionamento desse mundo.

Como se deu a formação da Junglebee?

Chegou uma hora em que eu vi filmes de Realidade Virtual e experiências em Realidade Aumentada, que eu não pude negar que ali tinha algo muito potente. E que eu gostaria, mais uma vez, de estar com os pioneiros.

Quais os principais pilares da empresa?

Não somos uma empresa de tecnologia, como muitos podem pensar. Nos definimos como designers de empatia. Temos duas frentes claras: realizar filmes de impacto social em escala aberta e criar experiências imersivas que estejam ligadas a transformar colaboradores de grandes empresas, tanto no viés de treinamento quanto no de comportamento socioemocional.

Como a realidade virtual e aumentada está afetando a sociedade de modo ainda não percebido pela maioria?

As grande maioria das pessoas nem conhece o que é RV. Algumas experimentaram filmes de montanha-russa em shopping center. Outras jogaram alguns jogos ou visitaram a Disney. RV é ferramenta fortíssima de transformação de pessoas. A Realidade Virtual tem a capacidade de transformar o conhecido storytelling, em storyliving. A ideia de vivenciar uma situação impossível, ou imaginária, é tão antiga quanto o homem. A RV te leva para essa experiência de vida. Isso é muito poderoso, pois, ela te põe num estado de atenção muito alto e te faz participar de uma história. A RV será muito poderosa na Educação, no Treinamento de profissionais e no Entretenimento.

Qual o futuro dessa tecnologia e como a Junglebee está alinhada a ela?

Como toda tecnologia ela será melhor e mais barata a cada ano. Ou a cada semestre… Chegara ao ponto da imagem produzida ser similar ao real e onde todos terão um pequeno óculos de VR sobre sua mesa ou na sua mochila. As aplicações são inúmeras, desde um acesso privado e pessoal num “Skype VR”, até documentários e ficções de entretenimento vistos simultaneamente, junto com transmissões ao vivo de grandes eventos. Com a chegada iminente do 5G isso tudo será facilitado. Com o advento da Inteligência Artificial poderemos ter filmes interativos onde poderemos conversar com os personagens… Imagine trocar uma ideia com Leonardo Da Vinci! Estamos no começo de uma longa e aventurosa estrada.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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