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Marilyn Hahn fala do futuro das criptomoedas

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Marilyn Hahn é Co-Founder and COO do Bankly, plataforma de Banking as a Service. Especialista em finanças e economia com bacharelado em economia na Universidade Federal de Santa Catarina (2010), intercâmbio bilateral em Ciências Econômicas e Empresariais na University of A Coruna (2010), MBA e gestão de comércio exterior e negócios internacionais pela Fundação Getulio Vargas (2012), MBA executiva de economia da ExxonMobil Business Academy (2014), mestre em Administração de Negócios pela Coppead UFRJ (2016) e Business Dynamics da MIT Sloan School of Management. Atuando desde 2014 no mercado financeiro, passando por empresas como: Project Leader & Business Developer na Ecometano, Business Development & Sales Leader – Banking na Stone, Business Development Manager Americas na Mambu, Co-Founder na The Sai School e desde 2019 atua na Bankly as a Service. A Bankly é uma plataforma de Banking as a Service, que permite com que qualquer empresa do mercado possa se tornar uma fintech e oferecer seus próprios serviços financeiros. “Imagine a revolução que poderíamos gerar acoplando pagamentos diretamente nas cadeias de valor do sistema de saúde, tirando intermediários, dando velocidade a determinados pagamentos e a sua liquidação com meios como o PIX, oferecendo microcrédito ao usuário que não possui plano de saúde no próprio hospital… as possibilidades são infinitas!”, afirma.

Marilyn, você ainda acredita no futuro das criptomoedas?

Com certeza! Desde que surgiu, o mercado de criptoativos tem evoluído e criado inúmeras possibilidades para seus usuários, este mercado vai se democratizar cada dia mais.

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Vamos deixar de lado a questão das especulações do criptoativo como investimento, (que assim como qualquer um, possui volatilidade e níveis de risco) e pensar no mesmo como um benefício maior ao ecossistema financeiro: as criptomoedas representam um avanço em termos de segurança por meio da tecnologia blockchain, garante confiabilidade e possibilidades de descentralização e mais, possui um coeficiente de inovação altíssimo, gerando novos produtos e tecnologias a uma velocidade incrível. Além disso, estamos caminhando cada vez mais para termos um ambiente cada vez mais regulado que possa oferecer ainda mais suporte e segurança aos usuários, só vejo evolução nesse mercado!

O mercado de moedas digitais vai se assentar depois dessa turbulência em sua visão?

Estamos passando por um período macroeconômico desafiador e isso está afetando não apenas a confiabilidade nas moedas digitais, mas em muitos outros tipos de investimento em que o investidor precisa de um apetite de risco maior. Acredito que quando reestabelecermos este cenário de alta incerteza, o mercado irá assentar.

Novamente, se olharmos para o mercado de cripatoativos de uma forma mais sistêmica, vemos vários fatores que já asseguram sua penetração no mercado tradicional como o movimento de regulação do próprio mercado que, já citei anteriormente, a adoção dessas moedas por vários players de mercado e sua penetração na economia, entrada de investidores institucionais na cadeia, entre outros.

Assentando, quais caminhos deverão ser seguidos por países e empresas neste setor?

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Ainda existe uma falta de conhecimento grande do mercado no geral em relação ao verdadeiro papel dos criptoativos, o que acaba gerando uma rede especulativa que gera danos para a maior penetração dessa tecnologia na economia. Os projetos de lei e marcos regulatórios são importantes nesse sentido, pois, estabelecem a base de confiança para o mercado. A partir disso, é papel dos players do setor se adequarem e gerarem informações confiáveis sobre o produto ao público.

Os Estados Unidos, por exemplo, anunciaram há pouco um esforço de todo o governo para adequação das instituições nacionais a fim de trazer mais confiança para o mercado. Esse é o caminho: um esforço de todos os agentes do mercado para tornar o produto confiável e benéfico para a sociedade.

Vamos mudar de assunto. As finanças descentralizadas são o futuro do sistema financeiro?

Acredito que o embedded finance, ou seja, as finanças descentralizadas já são o presente e serão o futuro do sistema financeiro. É estimado que essa tendência movimente cerca de R$ 7 trilhões de dólares até 2030 mundialmente em setores como o varejo, saúde e telecomunicações principalmente.

A mágica do embedded finance é que ele acaba levando finanças para todos os ecossistemas, não apenas para os que são tech first como, por exemplo startups e fintechs, mas também para mercados tradicionais como os que citei anteriormente.

Imagine a revolução que poderíamos gerar acoplando pagamentos diretamente nas cadeias de valor do sistema de saúde, tirando intermediários, dando velocidade a determinados pagamentos e a sua liquidação com meios como o PIX, oferecendo microcrédito ao usuário que não possui plano de saúde no próprio hospital… as possibilidades são infinitas! O embedded finance acaba gerando maior transparência a todos os agentes, inclusive os usuários finais e melhora a eficiência do setor.

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Qual o futuro dos bancos com o DeFi?

O DeFi é mais um passo para a descentralização da oferta de serviços financeiros e pode ser visto como um caminho adicional ao que temos hoje. Assim como toda inovação, ele terá um processo de maturação e penetração dos mercados. Não vejo o DeFi como o fim dos bancos, mas talvez um primeiro sinal de necessidade de reorganização dos papéis dos agentes no ecossistema, incluindo bancos tradicionais.

As fintechs serão as grandes beneficiadas desse sistema?

Mais do que as fintechs, os DeFis se aplicados de fato ao seu conceito e propósito, junto a um mercado regulado e seguro, terão os usuários finais como principais beneficiados! Fintechs e usuários tem a ganhar com a quantidade infinita de produtos que podem ser gerados a partir do conceito e da arquitetura do DeFi, mas precisamos caminhar pra uma distribuição segura e confiável do produto.

Fintechs têm um caráter revolucionário ou seria apenas uma evolução natural do processo?

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As fintechs têm a inovação no seu DNA e uma velocidade natural devido ao modo com que foram construídas (em termos de tecnologia, arquitetura, metodologia ágil, etc), que as permite serem mais inovadoras do que as instituições tradicionais.

Com uma estrutura mais enxuta, acabam ficando mais nichadas e consequentemente mais próximas dos usuários finais, e aí que está o grande caráter inovador: conseguem gerar o que chamamos de rampup de feedback, ou seja, trazer prontamente para o usuário o que de fato é sua necessidade em termos de experiência, funcionalidade ou produto, sem rodeios. Com esse mindset, as fintechs têm puxado grandes bancos a aumentarem sua régua de atendimento e olharem mais do que nunca para o seu NPS.

Esse processo está ocorrendo conforme você esperava?

Acredito que estamos num momento bastante interessante para o setor por alguns motivos: nunca tivemos tanto a confiança do mercado e dos usuários nos nossos produtos e serviços, há uma aceitação bem grande das novas fintechs no mercado e cada vez mais early adopters.

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Outro ponto, é que temos um Banco Central extremamente inovador e comprometido com a descentralização do mercado e a melhora da experiência do usuário final. Se olharmos a quantidade de projetos do Bacen dos últimos anos como PIX, open finance e agora as CBDCs , é inevitável o quanto que eles alavancaram o surgimento de novos produtos, tecnologias e modelos de negócios.

Por último, há uma maior consciência das fintechs em gerar cada vez mais negócios sustentáveis, com menos cashburn e melhor alocação dos recursos, o que faz com que as mesmas tenham uma estratégia mais confiável de longo prazo.

Vemos muitos homens na posição de comando das fintechs. Como tem enxergado a participação feminina no setor financeiro?

O setor financeiro e especificamente as fintechs vem mostrando uma preocupação especial com diversidade e equidade de gênero e abrindo cada vez mais espaços. Hoje, o Bankly cresce exponencialmente, com mulheres ocupando de forma bastante expressiva os cargos de liderança da companhia (por exemplo, 50% dos cargos de liderança da área de Operações aqui são ocupados por mulheres).

Porém, apesar dos esforços, acredito que ainda temos um longo caminho pela frente para o setor ser inclusivo. Ser mulher e empreendedora em um mercado conhecidamente masculino é desafiador, mas me deu voz para empoderar e ajudar a mudar a realidade de muitas outras mulheres que trabalham comigo, diretamente ou não.

Para você ter uma ideia no Brasil, somente 10% das startups que tem a inovação como seu core, são fundadas por mulheres. Está claro que precisamos de um olha mais estrutural para esse ponto. Agora, a boa notícia é que empresas com ao menos uma fundadora e uma c-level mulher empregam 6 vezes mais mulheres do que empresas com times compostos por apenas homens fundadores. Ou seja, conseguimos criar um ciclo virtuoso rapidamente.

Esse seria um reflexo do empreendedorismo feminino de modo geral?

Se olharmos os números, vemos que outros mercados provavelmente estão muito mais maduros: de acordo com o Global Entrepreneurship Monitor de 2020, dos 50 milhões de empreendedores brasileiros, 30 milhões são mulheres, o que corresponde a 57%.

Por que essa porcentagem é tão mais baixa em tecnologia? Acredito que haja uma questão histórica e cultural forte para dar contexto a essa diferença. Em termos históricos, o setor de tecnologia não foge muito do padrão de outros setores da economia que ainda buscam a equidade de gênero, porém, por ser relativamente “novo”, acaba que fica ainda mais longe proporcionalmente em relação a outras áreas.

Culturalmente, ainda há o estereótipo de que áreas ligadas a tecnologia são para homens, o que acaba tornando o ambiente hostil para inserção de mulheres. Além disso, há tantos relatos de experiências negativas na tentativa de entrada de mulheres no setor, que elas acabam escolhendo nem tentar ao invés de colocar sua individualidade a prova. Se a mulher já sofre barreiras altíssimas para a entrada no setor, imagine para empreender nele.

Você é cofundadora do Bankly. Fale um pouco mais sobre o empreendimento.

O Bankly é uma plataforma de Banking as a Service, que permite com que qualquer empresa do mercado possa se tornar uma fintech e oferecer seus próprios serviços financeiros. Nascemos em 2020 com a missão de descentralizar a oferta de serviços financeiros e hoje já contamos com mais de 180 clientes confiando nas nossas soluções, sendo uma das plataformas líderes de embedded finance na América Latina.

Última atualização da matéria foi há 1 ano


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