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Richard Perry analisa o papel das commodities

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Richard Perry é analista de mercado e trabalha no setor de serviços financeiros há mais de 20 anos. Durante sua carreira, ele trabalhou em divisões de Forex e ações de vários corretores financeiros líderes, mais recentemente na Hantec Markets por sete anos. Ele agora trabalha em parceria com a INFINOX para fornecer visões de pesquisa e estratégia por meio de relatórios escritos, análise de vídeo e webinars. Richard é proficiente na arte da análise técnica, mas também usa suas habilidades em análise fundamental para formular uma visão completa dos mercados financeiros. Seu foco é predominantemente nos principais forex, commodities e CFDs, além de fatores macroeconômicos. As qualificações de Richard incluem o Private Client Investment Advice & Management (com mérito) e o diploma da Society of Technical Analysts (com distinção). “As importações para os EUA a partir da América Central e do Sul vêm se recuperando, paulatinamente, mês a mês, ao longo de 2021 até meados de 2022. No entanto, já existem sinais nos dados do Gabinete do Censo dos Estados Unidos de que o crescimento tende a se reduzir de maneira consistente. Vimos um declínio de -2,2%, mês a mês, em julho e um declínio de -0,8% em agosto. Pode ser os primeiros sinais do impacto de um abrandamento na economia dos EUA. Se (é mais provável, quando) os EUA entrarem em recessão, é provável que este declínio continue”, afirma.

Richard, será este o melhor momento para os exportadores latino-americanos nestes dois últimos anos?

Se considerarmos em termos de força monetária, trata-se de um quadro misto. Nos últimos dois anos, o peso mexicano e o real brasileiro superaram o (USD) em mais 6% (para MXN) e 7% (para BRL). Esta força da moeda torna o momento ligeiramente mais difícil para os exportadores no Brasil e no México. No entanto, em outros locais como Chile e Colômbia, os pesos chilenos e colombianos, desvalorizaram-se cerca de menos 18% em relação ao dólar (grande parte deste movimento tem sido desde abril de 2022). Isso significa que as empresas que operam nesses países, que exportam em todo o mundo e cobram em dólares americanos, obteriam lucros muito maiores se as suas receitas fossem transferidas de volta para as moedas nacionais.

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Esta “calma” dos exportadores da região (pela sua análise) seria permanente, mesmo com a grande turbulência global.

O dólar americano se beneficia da grande turbulência global, uma vez que é visto como um porto seguro. A força do USD, que criou um ambiente positivo para os exportadores que cobram em USD, é susceptível de ser um vento de cauda útil para, pelo menos, o 1º trimestre de 2023. No entanto, uma vez que a Reserva Federal começar a girar para uma perspectiva de política monetária menos agressiva, encorajará as moedas a se recuperarem. Se isto acontecer numa altura em que a turbulência geopolítica também começar a regredir, então o USD poderá começar a corrigir-se. Isto pode significar que o ambiente positivo para os exportadores começa então a inverter-se.

A crescente tensão do conflito entre a Ucrânia e a Rússia está, de alguma forma, ajudando estes exportadores. Poderá isto mudar em algum momento?

Nada é permanente nos mercados financeiros. No entanto, quanto mais tempo a guerra Ucrânia/Rússia continuar, mais tempo o USD permanecerá a favor como um ativo de porto seguro.

Como a subida do dólar afetou estes números?

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Se o fortalecimento do USD se refletir na relativa fraqueza de uma moeda nacional, então quaisquer empresas exportadoras de bens cotados em USD serão beneficiadas.

Colômbia, Argentina e Equador são os países que mais irão sofrer com a sua dívida externa?

A dívida externa pode ser uma questão significativa para alguns governos latino-americanos, especialmente porque grande parte dela é denominada em USD. Este é especialmente o caso da Colômbia (c. 23% da sua dívida total é denominada no estrangeiro), Equador (c. 42% da sua dívida) e Argentina (c. 46%). Esta é uma preocupação fundamental, uma vez que o serviço desta dívida (usando moeda nacional para comprar os dólares para pagar os juros e a dívida de volta) se tornou mais caro. Mais uma vez, o peso colombiano desvalorizou-se em -18% em relação ao USD quase inteiramente desde abril. Com isso, o serviço da dívida tornou-se significativamente mais caro.

O Brasil encontra-se numa situação confortável a este respeito?

Com cerca de 7% do seu perfil de dívida denominado em moeda estrangeira, o Brasil encontra-se numa posição muito mais confortável do que muitos países latino-americanos. Além disso, tendo em consideração a ligeira apreciação do real nos últimos dois anos, não há questões significativas no que diz respeito ao serviço da dívida em USD.

As medidas anti-inflacionistas estão sendo aplicadas em toda a América Latina. Será isto apenas uma coincidência?

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A inflação tem aumentado em todo o mundo. Historicamente, os países da América Latina compreendem os custos sociais da inflação. Os bancos centrais têm sido todos muito rápidos em responder aos aumentos (ao contrário do que acontece nas economias do G7). Os bancos centrais têm sido rápidos em manter as taxas de juro em linha ou mesmo à frente do aumento da inflação em toda a região.

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Será o setor das commodities o que terá uma maior calma neste cenário?

Como uma classe de ativos, as mercadorias são um investimento de maior risco. Os preços são voláteis em torno das perspectivas econômicas globais. Nos últimos 12 meses, registraram-se grandes oscilações nas movimentações. A recuperação no final de 2021 tornou-se acentuadamente mais baixa em abril, à medida que as perspectivas econômicas globais sofreram uma forte quebra face ao aumento das pressões inflacionistas e ao crescimento negativo. Produtos de base como o petróleo, paládio e cobre caíram.

Existe um “vício” latino-americano nas commodities?

As exportações de commodities são uma parte vital das economias da América Latina. Para o Brasil (a maior economia da região), mais de 50% das exportações totais provêm de quatro das suas cinco principais exportações (minérios e cinzas, sementes oleaginosas, minerais, ferro e aço). A procura tem sido ajudada pela depreciação de quase 70% do BRL nos últimos cinco anos, o que aumentou o poder de compra dos clientes internacionais. No Chile, o cobre é responsável por cerca de metade de todas as exportações e representa cerca de 15% da economia total.

Contudo, uma forte dependência das commodities para exportação tem implicações econômicas, sociais e ambientais significativas. Países tão dependentes do comércio internacional encontram uma grande volatilidade nas perspectivas de crescimento, em meio a flutuações nas economias globais. Sem uma salvaguarda adequada da regulamentação, abre também questões sociais de exploração dos trabalhadores. Além disso, os danos ecológicos constituem um risco considerável. No Brasil, as taxas de desmatamento da Amazônia aumentaram acentuadamente em meio ao impulso para o aumento da produção de soja e minerais, para além da agricultura e mineração.

Em 2014, o Chile foi um dos poucos países da região que conseguiu quebrar essa dependência. Como vê o Chile na situação atual?

A dependência das commodities é frequentemente referida como a “Maldição dos Recursos Naturais” e esta continua sendo uma característica chave da economia chilena. Cerca de 45% das exportações chilenas são em produtos primários e o Chile permanece altamente dependente da extração de matéria-prima. É o maior produtor mundial de cobre (c. 29%) e o segundo maior produtor mundial de lítio (c. 22%). Tem também uma oferta abundante para continuar esta produção, com cerca de 50% das reservas mundiais de lítio. A procura por baterias para veículos elétricos vai crescer, aumentando a procura pelos produtos chilenos. Por sua vez, haverá poucos motivos para acreditar que esta dependência de commodities (especialmente a mineração) irá reduzir-se em breve.

Quais serão os impactos de uma recessão norte-americana nas exportações latino-americanas?

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As importações para os EUA a partir da América Central e do Sul vêm se recuperando, paulatinamente, mês a mês, ao longo de 2021 até meados de 2022. No entanto, já existem sinais nos dados do Gabinete do Censo dos Estados Unidos de que o crescimento tende a se reduzir de maneira consistente. Vimos um declínio de -2,2%, mês a mês, em julho e um declínio de -0,8% em agosto. Pode ser os primeiros sinais do impacto de um abrandamento na economia dos EUA. Se (é mais provável, quando) os EUA entrarem em recessão, é provável que este declínio continue.

Esta é uma questão para as economias exportadoras da América Latina. Para países como o Brasil (os EUA representam cerca de 11% do comércio com o Brasil) e o Chile (cerca de 17% das exportações chilenas vão para os EUA), uma recessão para um parceiro comercial importante poderia ter um impacto direto sobre os níveis de comércio. Além disso, indiretamente, o maior país do mundo entrando em recessão traz um impacto de arrastamento na economia global.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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