Braga Netto, Nero, IOF…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
O menu de travesseiros do proletariado
Lula e Janja resolveram mais uma vez dar uma aula de austeridade… só que ao contrário. Em Paris, hospedaram-se no Intercontinental Paris Le Grand, porque o proletariado merece saber como é dormir em lençóis egípcios enquanto paga a conta. O casal presidencial ocupou a Suíte Eugénie, um duplex de 229 m² com cozinha privativa, camas king size, vista para a Ópera Garnier e, claro, um “menu de travesseiros” — porque o conforto revolucionário exige opções. A brincadeira saiu por módicos R$ 1,22 milhão, fora os trocados das passagens e dos oito ministros, três senadores, quatro deputados e quatro assessores. Lula já conhecia o hotel: em 2023, deixou lá R$ 728 mil em dois dias. Parece que dormir em Paris virou política pública. Viva a esquerda de cinco estrelas.
Bolsonaro e o pix da providência divina
Se a fé move montanhas, o pix move milhões. Jair Bolsonaro, sempre sensível às próprias necessidades, “graças a Deus” teve como depositar R$ 2 milhões na conta do filho Eduardo nos Estados Unidos. Seriam apenas US$ 350 mil para uma eventual “emergência” do herdeiro internacional. O ex-presidente atribui a generosidade a uma arrecadação de R$ 17 milhões em doações populares via pix em 2023 — para pagar multas, claro. Mas a PF tem dúvidas sobre essa origem celestial, e há quem diga que o dinheiro veio mesmo de velhos conhecidos: imóveis, laranjas e negócios paralelos. O “homem simples” que andava de jet ski agora envia mesadas milionárias para os EUA. Milagre ou coincidência?

Trump, Musk, Kanye e a implosão do circo
E o circo da extrema-direita americana pegou fogo de novo. Trump e Musk, antes aliados em delírios tecnológicos e golpistas, agora se odeiam com gosto. O colapso foi tão teatral que o músico Jack White não perdeu a chance: chamou os três (Trump, Musk e Kanye) de “palhaços nazistas” e ironizou com apelidos como Yedolf Hitler e Herman Boring. Musk, que até ontem jurava lealdade ao MAGA, agora acusa Trump de ser o verdadeiro nome oculto nos arquivos de Epstein — esse, sim, o tipo de “backup” que todo mundo gostaria de deletar. A briga já tem mais reviravoltas que um roteiro de filme B. Enquanto isso, o mundo assiste, de camarote, ao espetáculo do colapso egomaníaco. Pipoca garantida.
Recordar é Viver: Nero e o coaching estoico que não deu certo
No ano de 68 d.C., o imperador Nero encerrou sua ópera trágica com um suicídio dramático, citando Virgílio enquanto Roma ardia em guerra civil. O detalhe irônico? Ele foi educado por ninguém menos que Sêneca, o estoico-mor. Ou seja: nem mesmo o coaching filosófico mais prestigiado da Antiguidade conseguiu salvar o rapaz da própria vaidade, megalomania e surtos artísticos. A morte de Nero pôs fim à dinastia júlio-claudiana e deu início ao “ano dos quatro imperadores”, uma espécie de BBB imperial com gladiadores, traições e facadas — literalmente. A lição? Não adianta estudar estoicismo se a única coisa que você queima é a própria sanidade.

IOF: o imposto da confusão programada
O presidente da Câmara, Hugo Motta, anunciou que talvez, quem sabe, dependendo da boa vontade de Zeus, a Câmara revogue o aumento do IOF na próxima terça (10). Mas calma: só se o Governo Federal prometer outro pacote fiscal igualmente indigesto para tapar o buraco. Durante o Fórum Esfera, Motta deu aquela entrevista de praxe, cheia de respeito institucional, promessas vagas e frases ensaboadas como “não faremos movimentos bruscos”. O IOF é só mais um item da conta que ninguém quer pagar, mas todos fingem negociar. Na prática, tudo continua como sempre: um jogo de empurra, onde o contribuinte é o pião e os líderes fingem estratégia. E se der ruim, a culpa será da “herança maldita” de quem estiver por perto.
Braga Netto não quer virar reality show
Walter Braga Netto, ex-ministro e general de pijama, anda nervoso com a possibilidade de seu interrogatório sobre o plano golpista ser transmitido pela TV Justiça. Alega “espetacularização” do processo — justo ele, que foi ao 7 de Setembro pedir “intervenção militar com Bolsonaro no poder”. Agora, quer discrição. Segundo sua defesa, a publicidade do processo pode ser mantida, mas sem ao vivo, porque senão “prejudica o andamento da ação”. Tradução: ele não quer virar meme no X (antigo Twitter) enquanto tenta explicar que o golpe não era bem um golpe, era mais uma “manobra democrática de exceção”. Afinal, transparência demais atrapalha o teatro da inocência. Viva o sigilo patriótico.
Última atualização da matéria foi há 5 meses
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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