IOF: o que eles não te disseram

A decisão do Governo de manter a alíquota zero de IOF para aplicações de fundos nacionais no exterior, após reação negativa do mercado, parece à primeira vista um gesto de sensatez e diálogo.
Mercado exige,
ministro curva a vontade —
lei feita em sussurros.
No entanto, por trás da retórica conciliadora do ministro Fernando Haddad, o episódio revela mais sobre a fragilidade da política econômica atual do que o próprio Governo gostaria de admitir.
A proposta inicial de elevar o IOF para 3,5% em investimentos externos não foi acidental nem desinformada. Ela visava, claramente, conter a evasão de capitais e frear a pressão sobre o câmbio, em um contexto em que o dólar segue valorizado e a confiança na estabilidade fiscal brasileira está longe de ser sólida.
Quando o mercado reagiu mal, acusando o Governo de tentar impor um controle de capitais disfarçado, Haddad recuou rapidamente — não sem antes sinalizar que o custo político do gesto recairia sobre os ministérios, com mais cortes de gastos.
O ministro procurou minimizar o impacto da medida, dizendo que os valores envolvidos são residuais que o objetivo maior — reforçar o arcabouço fiscal — permanece intocado. Mas esse recuo é um exemplo claro da política econômica feita sob pressão e com foco quase exclusivo na reação de curto prazo dos agentes financeiros.
A alegação de que “houve ruído” é, no fundo, uma admissão de que a comunicação (e talvez a estratégia) continua falha.
O que não foi dito com clareza suficiente é que o aumento do IOF era parte de um plano mais amplo para cobrir um rombo fiscal expressivo em 2025 e 2026. Ao desistir de uma fonte de receita, o Governo transfere o ônus para outros setores — provavelmente os mais vulneráveis, que dependem dos serviços públicos.
Além disso, a tentativa de manter o diálogo com o mercado financeiro, embora importante, não pode significar que as diretrizes fiscais do país sejam constantemente reescritas à medida da sensibilidade dos investidores.
Rota corrigida,
não pelo povo, mas sim
pelo capital.
A política econômica precisa de previsibilidade, coragem e compromisso com o médio prazo. Corrigir rotas é saudável; mas desenhar caminhos inseguros e os abandonar ao menor sinal de desconforto é tudo o que o Brasil não pode se permitir.

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