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O “Padrão FIFA” excluiu os pobres do futebol

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O termo “Padrão FIFA” se popularizou na última década como sinônimo de excelência em infraestrutura, organização e segurança nos eventos relacionados ao futebol, especialmente nas Copas do Mundo. No entanto, essa busca pela perfeição, ditada pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), trouxe à tona uma questão polêmica: a exclusão dos mais pobres do universo do futebol. Este texto busca explorar como o “Padrão FIFA” tem afetado negativamente o acesso ao esporte mais popular do mundo, evidenciando a elitização dos eventos, o aumento nos preços dos ingressos, a remoção de comunidades para construção de estádios e o impacto na cultura do futebol de rua.

A ascensão do “Padrão FIFA” e suas consequências sociais

O “Padrão FIFA” é uma exigência imposta pela entidade máxima do futebol para a realização de eventos sob sua chancela. Isso inclui a construção de estádios modernos, a melhoria na infraestrutura das cidades-sede e o cumprimento de uma série de requisitos que visam proporcionar conforto e segurança aos espectadores. Contudo, o custo dessa infraestrutura elevada muitas vezes recai sobre os governos locais, que investem milhões — senão bilhões — de dólares em obras faraônicas, muitas vezes desconsiderando as necessidades básicas da população local.

Esses investimentos massivos frequentemente desviam recursos que poderiam ser aplicados em setores essenciais, como saúde, educação e habitação. Além disso, a gentrificação promovida pela construção de novos estádios em áreas urbanas frequentemente resulta na remoção forçada de comunidades de baixa renda. O resultado é um padrão de exclusão social onde o “Padrão FIFA” beneficia uma minoria privilegiada, enquanto a maioria da população, especialmente os mais pobres, são marginalizados e excluídos das festividades e do próprio acesso ao futebol.

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Elitização dos estádios e aumento no preço dos ingressos

Com a implementação do “Padrão FIFA”, os estádios passaram a ser vistos não apenas como locais para a prática esportiva, mas como empreendimentos comerciais e turísticos. A modernização dos estádios trouxe mais conforto e segurança, mas também resultou em um aumento significativo nos preços dos ingressos. Os assentos VIP, camarotes, áreas premium e setores exclusivos acabaram dominando o layout dos novos estádios, restringindo o acesso dos torcedores de baixa renda.

Esse fenômeno de elitização dos estádios é especialmente visível nas Copas do Mundo, onde os ingressos mais baratos são frequentemente inacessíveis para os cidadãos locais, mesmo em países em desenvolvimento. A FIFA justifica os preços altos como uma necessidade para cobrir os custos de organização e garantir a segurança, mas o efeito colateral é claro: a exclusão dos torcedores mais pobres, que historicamente sempre fizeram parte da alma do futebol.

Remoção de comunidades e o impacto urbano

A construção de estádios e a reorganização urbana necessária para atender aos requisitos do “Padrão FIFA” muitas vezes envolvem a remoção de comunidades inteiras. Em países como Brasil e África do Sul, que sediaram as Copas do Mundo de 2014 e 2010, respectivamente, houve denúncias de que milhares de pessoas foram desalojadas de suas casas para dar lugar a projetos de infraestrutura voltados para o evento.

Essas remoções forçadas afetam desproporcionalmente as comunidades pobres, realocadas para áreas periféricas e desprovidas de serviços básicos. A perda de laços comunitários e a destruição de redes sociais que essas remoções provocam têm um impacto devastador sobre as populações vulneráveis, contribuindo para um ciclo de pobreza e exclusão social.

A destruição do futebol de rua e a perda da cultura local

O “Padrão FIFA” também contribui para a destruição de um elemento crucial da cultura futebolística: o futebol de rua. Nos bairros mais pobres ao redor do mundo, o futebol de rua é uma tradição que transcende gerações. Ele não só promove o desenvolvimento de talentos locais, mas também serve como um importante meio de integração social, promovendo valores de comunidade, amizade e espírito esportivo.

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No entanto, com a imposição do “Padrão FIFA” e a consequente modernização dos espaços urbanos, muitos desses locais informais de jogo estão sendo eliminados ou transformados em áreas de interesse comercial. Ao restringir o acesso a espaços públicos para a prática de esportes, o “Padrão FIFA” acaba por distanciar os jovens de baixa renda do futebol, dificultando a descoberta de novos talentos e prejudicando a diversidade cultural que sempre caracterizou o esporte.

A exclusão digital e o impacto na transmissão dos jogos

Outro fator de exclusão promovido pelo “Padrão FIFA” é o controle rígido sobre os direitos de transmissão e a disseminação dos jogos. As grandes redes de televisão e serviços de streaming que compram os direitos de transmissão dos torneios da FIFA geralmente cobram caro por pacotes de assinatura, tornando inacessível para muitos fãs o direito de assistir aos jogos.

Em muitos países, especialmente aqueles com alta desigualdade social, as transmissões gratuitas ou acessíveis estão se tornando cada vez mais raras. Como resultado, milhões de fãs ao redor do mundo são excluídos do acesso a esses eventos, sendo forçados a depender de transmissões ilegais e de má qualidade para acompanhar o futebol, aumentando ainda mais a barreira de entrada para os menos favorecidos.

O turismo de eventos e a exclusão dos locais

O “Padrão FIFA” promove um modelo de turismo de eventos que privilegia os visitantes internacionais em detrimento dos locais. Durante as Copas do Mundo, as cidades-sede se transformam para receber turistas de alta renda, enquanto os residentes, principalmente os de baixa renda, são frequentemente excluídos dos eventos e festividades.

O foco no turismo de alto padrão resulta em uma exclusão cultural e econômica dos locais que, em muitos casos, não podem se dar ao luxo de participar das celebrações. O futebol, que deveria ser uma festa popular, se torna um evento exclusivo para turistas e elites econômicas, minando o papel tradicional do esporte como uma força unificadora e acessível a todos.

O caminho para um futebol inclusivo e popular

Para que o futebol retome seu papel de esporte inclusivo e acessível, é necessário repensar o conceito de “Padrão FIFA”. As exigências de infraestrutura e organização da FIFA precisam ser balanceadas com a realidade socioeconômica dos países-sede. Medidas como a criação de uma política de preços de ingressos mais inclusiva, a garantia de direitos de transmissão acessíveis e a proteção das comunidades locais e espaços de futebol de rua são passos fundamentais para reverter o atual cenário de exclusão.

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É essencial que as organizações esportivas, governos e sociedade civil trabalhem juntos para garantir que o futebol continue sendo um esporte para todos, independentemente da condição social ou financeira. Somente assim poderemos garantir que o futebol não perca sua alma e continue sendo o jogo do povo.


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