Steve Bing: a tragédia final de um playboy
Steve Bing foi um empresário, produtor de cinema, investidor, filantropo e roteirista americano, cuja vida foi marcada por uma trajetória de altos e baixos, envolvendo sucessos financeiros, contribuições significativas para a indústria do entretenimento e um trágico desfecho que abalou o mundo de Hollywood.
Nascido em Nova York, Bing era filho de Helen, uma enfermeira, e Peter Bing, um médico de saúde pública. Com raízes judaicas e croatas, ele frequentou a Harvard-Westlake School em Los Angeles. Aos 18 anos, sua vida tomou um rumo extraordinário quando herdou cerca de US$600 milhões de seu avô, Leo S. Bing, um proeminente desenvolvedor imobiliário de Nova York dos anos 1920. Esse evento marcante levou Bing a abandonar seus estudos na Universidade Stanford no terceiro ano, optando por seguir uma carreira na indústria do entretenimento.
Em 2000, Bing lançou sua própria produtora, a Shangri-La Entertainment. Seu impacto na indústria cinematográfica foi notável, com investimentos significativos em filmes como “The Polar Express”, uma animação estrelada por Tom Hanks que se tornou um sucesso de bilheteria. Ele também financiou “Beowulf” de Robert Zemeckis e produziu “Shine a Light”, um filme do show dos Rolling Stones dirigido por Martin Scorsese. Além de suas atividades de produção e finanças cinematográficas, Bing co-escreveu o roteiro e a história de “Kangaroo Jack” (2003).
No campo político, Bing não apenas brilhou por seu talento na indústria do entretenimento, mas também como um significativo contribuinte para o Partido Democrata. Desde uma modesta doação de US$500 em 1993 para apoiar o Senador Frank Lautenberg, Bing contribuiu com mais de US$10,7 milhões ao nível federal, destacando-se em 2002 com uma doação total de US$8,2 milhões para o Comitê Nacional Democrata. Ele apoiou candidatos específicos, incluindo Al Gore, Hillary Clinton, John Kerry, Nancy Pelosi e Dianne Feinstein. Em 2006, Bing foi um forte defensor da Proposição 87 na Califórnia, contribuindo com pelo menos US$49,5 milhões para a iniciativa que buscava arrecadar fundos para o desenvolvimento de combustíveis alternativos.
Além disso, Bing desempenhou um papel crucial em eventos de resgate internacional. Em 2009, ele disponibilizou seu avião particular para o retorno dos repórteres americanos Laura Ling e Euna Lee, detidos na Coreia do Norte por cinco meses. Bing cobriu integralmente o custo do voo, estimado em cerca de US$200.000, solidificando sua reputação como uma figura que não apenas se destacava em seus empreendimentos, mas também demonstrava compaixão e comprometimento com causas humanitárias.
Entretanto, a vida de Bing foi longe de ser um conto de fadas. Sua vida pessoal esteve constantemente sob os holofotes, com uma batalha legal em 2001 que revelou sua paternidade em relação à filha da modelo Lisa Bonder. A divulgação desse episódio teve repercussões em sua reputação e relacionamentos. Relacionamentos tumultuados marcaram sua vida amorosa, notadamente seu envolvimento com a atriz Elizabeth Hurley, que resultou em uma batalha legal de paternidade antes de um teste de DNA confirmar sua filiação ao filho de Hurley, Damian Charles Hurley.
Bing também foi associado ao controverso detetive particular Anthony Pellicano, que desempenhou um papel fundamental na revelação da paternidade da filha de Bonder. O caso envolveu pagamentos significativos de Bing a Pellicano, que foi posteriormente condenado por 78 acusações, incluindo escuta telefônica ilegal e conspiração. Essas conexões tumultuadas e questões legais contribuíram para a complexidade da vida pessoal de Bing.
Em abril de 2012, Bing comprometeu-se a aderir ao The Giving Pledge, iniciativa de Bill Gates e Warren Buffett, comprometendo-se a doar a maioria de sua fortuna para caridade. Esse gesto evidenciou uma faceta filantrópica de Bing, mostrando sua disposição em contribuir para causas sociais.
A trágica reviravolta na vida de Bing ocorreu em 22 de junho de 2020, quando ele tirou a própria vida, saltando do 27º andar de seu condomínio em Los Angeles. A depressão, agravada pela falta de contato humano durante a quarentena da pandemia de COVID-19, foi apontada como um fator contribuinte. Com um passado marcado por lutas contra vícios, incluindo a recente perda de uma namorada devido à overdose, e investimentos malsucedidos na indústria cinematográfica, Bing, no momento de sua morte, viu sua fortuna de US$600 milhões reduzida para US$300.000.
A vida de Steve Bing, marcada por suas contribuições para o cinema, seu envolvimento político e suas lutas pessoais, encerrou-se de maneira trágica. Sua história serve como um lembrete sobre as complexidades da fama, riqueza e sucesso, sublinhando a importância da saúde mental e do apoio emocional em meio às pressões da vida pública.
Última atualização da matéria foi há 12 meses
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