Ayatollah Ali Khamenei: o Irã em suas mãos
O nome de Ayatollah Ali Khamenei é quase sinônimo do próprio Irã. Desde que assumiu o poder como Líder Supremo em 1989, após a morte de Ruhollah Khomeini, Khamenei se tornou a figura central na política e na vida cotidiana do país. Sua influência se estende não apenas ao nível nacional, mas também ao cenário internacional, especialmente em relação às tensões com Israel e ao papel do Irã no Oriente Médio. Este texto explora a trajetória de Khamenei e como ele moldou o Irã moderno, com um foco especial nas recentes tensões com Israel.
Ascensão ao poder: de revolucionário a líder supremo
Ayatollah Ali Khamenei nasceu em 1939 em Mashhad, no Irã, em uma família religiosa. Após completar seus estudos em teologia, Khamenei se envolveu ativamente no movimento revolucionário que buscava derrubar a monarquia de Mohammad Reza Pahlavi. A Revolução Iraniana de 1979, liderada por Ruhollah Khomeini, marcou uma mudança drástica no país, substituindo o regime xá por uma república islâmica. Khamenei, inicialmente, desempenhou um papel menor, mas logo se tornou uma figura importante no novo governo.
Em 1981, Khamenei foi eleito presidente do Irã, posição que ocupou até 1989. Durante seu mandato, ele se destacou por seu papel na guerra Irã-Iraque e na administração de um país em crise econômica e política. Sua habilidade em lidar com essas crises e seu papel na consolidação do regime islâmico ajudaram a prepará-lo para a liderança suprema. Após a morte de Khomeini, Khamenei foi escolhido como seu sucessor, assumindo o cargo de Líder Supremo e estabelecendo-se como a figura dominante no governo iraniano.
A doutrina Khamenei: princípios e políticas
Como Líder Supremo, Khamenei adotou uma série de princípios e políticas que moldaram a trajetória do Irã. Uma das principais diretrizes de sua liderança é a política de “resistência” contra a influência ocidental e a intervenção estrangeira. Khamenei tem insistido na necessidade de uma “economia de resistência” para reduzir a dependência do país das potências estrangeiras e fortalecer a autossuficiência.
No campo da política externa, Khamenei tem sido um crítico feroz de Israel e dos Estados Unidos. Ele se opõe veementemente à influência ocidental no Oriente Médio e acredita que a resistência armada e a diplomacia são essenciais para proteger os interesses do Irã. Essa postura tem se manifestado em diversas formas, desde a retórica até o apoio a grupos militantes na região.
A questão nuclear: a ponta do iceberg
Uma das questões mais controversas da liderança de Khamenei é o programa nuclear do Irã. Sob sua liderança, o país tem avançado significativamente em seu desenvolvimento de tecnologia nuclear, o que gerou uma série de sanções internacionais e tensões com o Ocidente. Khamenei defende que o programa é essencial para a segurança nacional e para o desenvolvimento do país, e nega que o Irã tenha intenções de construir armas nucleares.
As negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano têm sido um campo de batalha constante. O acordo nuclear de 2015, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), foi um marco importante, mas a retirada dos Estados Unidos do acordo em 2018 e o subsequente aumento das tensões entre o Irã e o Ocidente exacerbaram a situação. Khamenei tem mantido uma postura firme, afirmando que o Irã continuará a buscar o desenvolvimento nuclear enquanto se recusa a aceitar o que considera como injustas imposições internacionais.
Tensões com Israel: rivalidade regional e estratégias
As tensões entre Irã e Israel são um dos principais pontos de fricção no Oriente Médio e têm sido um tema constante durante a liderança de Khamenei. Ele tem sido um crítico veemente de Israel, frequentemente chamando o país de “entidade sionista” e expressando seu desejo de ver a destruição do estado judeu. Essa retórica é acompanhada por ações concretas, como o apoio a grupos militantes como o Hezbollah no Líbano e o Hamas na Faixa de Gaza.
A rivalidade entre os dois países é complexa e envolve uma série de questões geopolíticas e ideológicas. Israel vê o Irã como uma ameaça existencial devido ao seu apoio a grupos militantes e ao seu programa nuclear. Por sua vez, o Irã considera Israel uma força opressiva e uma ameaça à segurança dos palestinos e dos países árabes vizinhos. Khamenei, como líder supremo, tem usado essa rivalidade para reforçar a posição do Irã como um defensor da causa palestina e como um contra-poder às influências ocidentais na região.
A economia sob Khamenei: desafios e conquistas
A economia iraniana tem enfrentado desafios significativos durante o período de liderança de Khamenei. As sanções internacionais, especialmente aquelas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, têm tido um impacto profundo na economia do país. Além disso, a gestão econômica do governo tem enfrentado críticas por corrupção e má administração.
Apesar desses desafios, Khamenei tem promovido a ideia de uma “economia de resistência” como uma forma de mitigar os efeitos das sanções e fortalecer a economia nacional. Ele tem incentivado o desenvolvimento de indústrias locais e a autossuficiência em várias áreas, incluindo agricultura e energia. No entanto, os resultados têm sido mistos. Enquanto algumas áreas da economia iraniana têm mostrado resiliência, outras têm lutado para se adaptar às novas condições econômicas e políticas.
Legado e futuro: o impacto de Khamenei no Irã
O legado de Ayatollah Ali Khamenei é complexo e multifacetado. Ele tem sido uma figura central na política iraniana por mais de três décadas, moldando o país de maneiras profundas e duradouras. Sob sua liderança, o Irã tem se posicionado como um jogador-chave no Oriente Médio, desafiando a influência ocidental e defendendo suas próprias agendas regionais e internacionais.
O futuro do Irã sob Khamenei é incerto e será moldado por uma série de fatores, incluindo a dinâmica interna do país, as relações internacionais e a situação econômica. A sucessão de Khamenei, quando eventualmente ocorrer, será um ponto crucial para o futuro político do Irã. A forma como o país navegará pelas tensões com Israel, o programa nuclear e os desafios econômicos será fundamental para determinar o legado duradouro de Khamenei e o papel do Irã no cenário global.
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