COP 30, Shia LaBeouf, Senado…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Donald Trump impõe tarifas, Elon Musk talvez venha, e a COP 30 vira um mix de Davos, ONU e reality show com aura de catástrofe ambiental
A COP 30 promete ser o novo palco do teatro climático global, mas com roteiro assinado por Quentin Tarantino e diálogos de Donald Trump. O presidente norte-americano reeditou o protecionismo à la anos 30 com tarifas alfandegárias que têm menos a ver com clima e mais com chantagem política, mirando diretamente no Brasil – ou melhor, em Jair Bolsonaro, seu aliado de outrora. Agora, Lula tenta transformar a Conferência de Belém numa ópera barroca sobre soberania, multilateralismo e diplomacia climática em tempos de extorsão tarifária. A cúpula, originalmente ecológica, virou um brunch geopolítico com tempero amazônico e toques de ironia. Figuras midiáticas, investidores, ambientalistas de Instagram e bilionários excêntricos disputarão flashes e falas. E há rumores de que Elon Musk pode comparecer, não para lançar foguetes, mas para servir de antagonista ilustrado de Trump. Entre Tesla, Twitter, Sol e florestas, o drama contemporâneo é o meio ambiente sequestrado pela geopolítica dos egos.
O crime organizado brasileiro agora lucra mais que a indústria da moda, das farmácias e da construção: o capitalismo conhece seus verdadeiros donos
O Brasil, esse admirável mundo velho, enfim encontrou sua locomotiva econômica: o crime organizado. Esqueça as apostas na indústria criativa, no agronegócio sustentável ou nas startups. Com uma receita de R$ 348 bilhões em 2022, o crime tupiniquim superou setores inteiros do varejo paulista com a elegância de um CEO e a eficiência de uma multinacional suíça. Do ouro aos combustíveis, das drogas aos boletos falsos, da milícia à deep web, os novos barões da economia operam com mais know-how que boa parte dos MBAs da Faria Lima. Enquanto a Receita Federal caça microempreendedores inadimplentes, o crime emite nota fria com sistema ERP. A lavagem de dinheiro virou arte – e bem mais lucrativa que vender roupas em shopping de classe média. Com tanto talento para empreender, o crime só não entra no PIB por uma questão de etiqueta fiscal. Ou vergonha estatística.

FKA Twigs e Shia LaBeouf selam paz jurídica com comunicado polido, mas o silêncio sobre a violência continua gritando nos bastidores da cultura pop
Encerrando com um “que assim seja” do mundo jurídico, FKA Twigs e Shia LaBeouf decidiram selar seu caso de abuso com um acordo privado. Ele a teria estrangulado – segundo ela, diversas vezes. Mas o desfecho foi um comunicado digno de LinkedIn: desejam “paz, sucesso e felicidade” mútuos, como se estivessem falando de um ex-sócio de startup e não de um relacionamento marcado por violência física e emocional. A justiça não entrou no mérito. E, como quase sempre em Hollywood, o caso foi resolvido fora do tribunal, longe do barulho público. Para alguns, é uma lição de pragmatismo; para outros, é a confirmação de que o silêncio ainda é a melhor moeda no show business. O que não muda é o padrão: se o acusado é famoso o suficiente, a resolução vem com cláusula de confidencialidade e a promessa de que o tapete é grande o bastante para esconder qualquer mancha. Arte e trauma dividem o mesmo camarim, desde sempre.

Quando Nixon e Khrushchov discutiram geladeiras e micro-ondas, a Guerra Fria se tornou uma disputa de eletrodomésticos e masculinidade ideológica
Em 24 de julho de 1959, o mundo assistiu a um momento surreal e deliciosamente simbólico da Guerra Fria: o Debate da Cozinha. De um lado, Richard Nixon, o americano que viria a cair por gravar demais. Do outro, Nikita Khrushchov, o soviético que batia sapato na ONU e acreditava que socialismo combinava com banha. Eles discutiram… geladeiras. Isso mesmo: a modernidade da dona de casa ocidental contra a praticidade espartana do lar soviético. O palco? Uma cozinha cenográfica na Exposição Nacional Americana, em Moscou. A disputa pela hegemonia global se reduziu a eletrodomésticos, com uma pitada de testosterona ideológica. Era como se estivessem dizendo: “nosso imperialismo frita ovos mais rápido”. Setenta anos depois, as cozinhas viraram locais de podcast e as guerras ideológicas ganharam Wi-Fi. Mas a essência permanece: é tudo teatro. Com micro-ondas e muita geopolítica requentada.
Pablo Marçal é condenado pela terceira vez e transforma a Justiça Eleitoral em figurante de sua série de lives motivacionais com pitadas de populismo alucinógeno
E o coach virou réu reincidente. Pablo Marçal, o guru digital que queria ser prefeito de São Paulo com frases de autoajuda e sorteio de boné, foi novamente declarado inelegível – agora até 2032. A condenação mais recente vem por abuso de poder econômico, uso indevido das redes e propaganda com influenciadores no lugar de cabos eleitorais. Nada de novo para quem transformou a eleição num game com sorteios de R$ 200 para seguidores engajados. Marçal não faz campanha: ele “manifesta sua energia no plano físico da liderança quântica”, ainda que isso viole todos os princípios da isonomia eleitoral. O juiz chamou o comportamento de “altamente reprovável”. O que é eufemismo jurídico para “isso aqui virou bagunça”. Mas não se iluda: para sua base, ele continua sendo o visionário incompreendido. Afinal, entre a urna e o algoritmo, a política virou uma thread motivacional com efeito colateral democrático.
Com 29 pedidos de impeachment nas costas, Alexandre de Moraes transforma o Senado em cartório de frustração bolsonarista com carimbo jurídico
Alexandre de Moraes já é quase um personagem mitológico: mistura de juiz, oráculo, anti-herói e antagonista fixo da extrema-direita brasileira. Com 29 pedidos de impeachment empilhados no Senado, virou praticamente um rito de passagem para qualquer político do espectro bolsonarista. O mais recente vem de Flávio Bolsonaro, indignado com a tornozeleira eletrônica imposta ao pai. A acusação? “Ativismo judicial”, a nova alcunha para qualquer decisão que incomode quem se acostumou a não prestar contas. Moraes, como um Sísifo togado, carrega a Constituição ladeira acima enquanto uma parte da classe política tenta esmagá-lo com teorias conspiratórias e discursos inflamáveis. Mas segue firme. Não porque é santo – longe disso – mas porque sua sobrevivência jurídica é, ironicamente, o que resta de freio institucional num país que flerta com o caos como estilo de vida. Se o Senado derrubasse um terço dos pedidos, o Brasil teria que importar ministros do STF por falta de estoque.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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