Google, IA, Banco Central…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Ministros em escala, Sidônio no comando e a coreografia do Governo Lula: como transformar o julgamento de Bolsonaro em novela diária com direito a capítulos extras para redes sociais famintas de likes
No camarote da Secom, Sidônio Palmeira ensaia uma espécie de Carandiru midiático, só que com ministros revezando falas como se fossem atores de elenco global — versão Brasília, claro. A ideia é simples como pão com manteiga: ocupar o noticiário, driblar o algoritmo, atiçar os trending topics. No fundo, a aposta é que cada declaração pública funcione como clipe de campanha não-oficial, multiplicado em redes sociais onde o bolsonarismo ainda reina como se fosse a Disney do ressentimento. O timing é providencial: União Brasil e PP já ensaiam pular do barco governista, e nada melhor que mostrar “coesão” enquanto a orquestra afunda. É uma coreografia política que mistura tática de guerrilha digital com teatro mambembe. Se dará certo? Isso pouco importa. O que importa é não deixar Bolsonaro sozinho no palco. Afinal, quando o inimigo é forte nas redes, a melhor resposta é inundar a timeline com memes institucionais — mesmo que de gosto duvidoso.
Reese Witherspoon descobre a Inteligência Artificial e, entre compras online e consultas médicas, decreta: se as mulheres não abraçarem o futuro digital, a ficção será apenas mais um papel de figurante
Na última edição da revista Glamour, Reese Witherspoon resolveu dar sua contribuição para o manifesto do século: mulheres precisam se infiltrar na IA como hackers de saia justa. A atriz de Legalmente Loira virou, de repente, a porta-voz de um Silicon Valley feminista que ninguém pediu, mas que já chega com discurso pronto. A musa da televisão garante usar Perplexity e Vetted AI para desde marcar exames até não comprar errado na Amazon. Prático, mas falta poesia. James Cameron já correu para sentar no conselho da Stability AI e fala em “nova onda criativa” como se fosse Moisés partindo o Mar Vermelho em CGI. Reese, por sua vez, prefere o pragmatismo da dona de casa digital que agenda mamografia via chatbot. A revolução tecnológica, ao que parece, será televisionada — e patrocinada por aplicativos de comparação de preços. Enquanto isso, o cinema se divide entre dois caminhos: resistir como ateliê de artesanato ou virar franquia fast-food de algoritmos. Reese escolheu a segunda opção.

Larry Page e Sergey Brin, dois nerds em Menlo Park que não sabiam nada sobre jardinagem, mas inventaram uma árvore digital chamada Google que hoje cresce como parasita na vida de todo mundo
Em 4 de setembro de 1998, dois rapazes que pareciam saídos de um laboratório de ciências da oitava série criaram um motor de busca que mudaria o mundo. O Google nasceu como brincadeira acadêmica em Stanford e virou religião planetária. Hoje, é o oráculo de perguntas idiotas, diagnósticos médicos de conveniência e provas de colarinho branco com consulta rápida. A empresa, que começou num quartinho, é agora um império que sabe mais sobre a vida sexual, alimentar e financeira de cada um do que o próprio diário de família. Page e Brin criaram não só uma ferramenta, mas uma prisão voluntária: abrimos a cela todo dia, digitamos nossas dúvidas e entregamos dados como esmola. Ironia: a empresa que nasceu para “organizar as informações do mundo” transformou-se no caos mais bem monetizado da história. Em Menlo Park, talvez ninguém imaginasse que o projeto estudantil seria o Big Brother definitivo.

Celso Vilardi e a defesa impossível: transformar 70 terabytes de provas em poeira, transformar minuta em ficção e transformar Bolsonaro em inocente por falta de criatividade jurídica
O advogado Celso Vilardi, munido de retórica digna de peça teatral, foi ao STF dizer que não há “uma única prova” contra Bolsonaro. Detalhe: o processo está abarrotado de depoimentos, mensagens, planilhas e até tentativas de PowerPoint conspiratório. Mas, segundo a defesa, tudo isso é miragem, invenção, holograma. A criatividade jurídica chega ao ponto de chamar a delação de Mauro Cid de “jabuticada” — termo que, se fosse culinário, renderia prêmio no MasterChef. Vilardi ainda acusou a Polícia Federal de não respeitar prazos, como se analisar 70 terabytes fosse tarefa de estagiário numa tarde chuvosa. A estratégia é clara: dizer que não se conhece o processo, logo o processo não existe. É a filosofia do avestruz aplicada ao Direito. Se cola ou não, é outra história. Mas a defesa conseguiu um feito: transformar um julgamento histórico em aula prática de surrealismo jurídico, onde a única certeza é a dúvida fabricada.
PLP 39/2021 e a tentação populista: Congresso sonha em demitir diretores do Banco Central como se fossem síndicos de condomínio, esquecendo que independência monetária não é churrasco de domingo
O ex-diretor do BC, Luiz Awazu, levantou a sobrancelha para o projeto que permitiria ao Congresso demitir dirigentes da instituição. Para ele, é uma “péssima ideia”. Tradução: abrir as portas para a política transformar política monetária em feira livre. Já basta a inflação ser usada como fantasma eleitoral, agora querem que o juro vire moeda de troca em troca-troca partidário. Awazu, elegante, lembra que independência de BC não é licença para tecnocracia sem limites, mas ferramenta para evitar que populismos façam da economia laboratório de alquimistas incompetentes. O exemplo dos EUA com Trump está aí: gritar contra elites e bancos centrais dá voto, mas destrói reputações. No Brasil, o risco é repetir a palhaçada com sotaque tupiniquim. O BC pode ser muitas coisas — antipático, sisudo, até chato —, mas não deve virar brinquedo de deputados. O populismo monetário, se prosperar, vai custar caro: no bolso, na credibilidade e na biografia institucional.
DF-41, o míssil chinês que promete paz armada, dissuasão elegante e a doce ilusão de que ogivas nucleares são apenas decoração de desfile em Pequim
Enquanto o Ocidente se ocupa em brigar por curtidas e eleições, a China desfila mísseis intercontinentais como quem mostra nova coleção de moda militar. O DF-41 é capaz de atravessar 12 mil quilômetros, carregar múltiplas ogivas nucleares e mandar recado claro: Pequim não quer briga, mas se quiser, tem estoque. O Governo insiste que é “estritamente defensivo”, frase que já virou meme global da diplomacia: todo arsenal nuclear, afinal, é sempre para “não usar”. A exibição em praça pública, em meio à tensão com os EUA, é mais um capítulo da corrida armamentista rebatizada como “equilíbrio estratégico”. Em bom português: estamos todos sentados em barril de pólvora com etiqueta Made in China. A ironia é que, no meio de crises climáticas, pandemias e desigualdade, a solução encontrada é gastar bilhões em foguetes que ninguém pode disparar. Mas o recado foi dado: Pequim quer palco, e o mundo vai ter que aplaudir de pé, ainda que tremendo.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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