Hurb, Greta Thunberg, AA…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
O fundo do poço tem porão e a Hurb achou a escada secreta
Não bastasse a fila de clientes lesados e as piadas prontas sobre a “flexibilidade” dos pacotes, agora são os credores profissionais — bancos e companhias aéreas — que se lançam sobre a carcaça da Hurb, antigo Hotel Urbano. Estão vasculhando até o cinzeiro do escritório para levantar créditos tributários e, se possível, penhorar o cachorro de estimação de João Ricardo Mendes. A brincadeira já soma R$ 100 milhões em execuções. O Ministério da Justiça suspendeu as vendas, o Ministério do Turismo cancelou o cadastro e o dono da empresa foi preso, num episódio constrangedor de cleptomania com esculturas e quadros. Detalhe: João Ricardo, aquele que se dizia o “Elon Musk brasileiro”, agora pode ser comparado apenas ao Elon das cavernas. No fim das contas, o “pacote flexível” mais famoso da Hurb acabou sendo o pacote completo rumo à cadeia. All inclusive.

Greta Thunberg sequestrada em águas internacionais. Mas calma, foi só Israel sendo Israel
Se alguém achou que a Freedom Flotilla ia passar tranquilamente levando ajuda humanitária para Gaza, subestimou o velho hobby das forças israelenses: interceptar navios e causar crises diplomáticas. Greta Thunberg estava no barco, o brasileiro Thiago Ávila também, e agora a galera virou peça de negociação internacional. A gravação prévia da Greta pedindo que “pressionem o governo sueco” parece ter sido escrita por roteiristas de série distópica. No fundo, não há surpresa: Israel considera qualquer coisa com a palavra “Gaza” uma ameaça existencial — até navio de ONGs. O navio Madleen foi levado para Israel e, pelo visto, o novo plano é transformar ativistas climáticos em prisioneiros políticos. Próximo passo: Greta denunciando crimes de guerra no TikTok. Atualizações em breve.
Alcoólicos Anônimos faz aniversário — e o Brasil agradece
Foi em 1935 que Bob Smith e Bill Wilson decidiram fundar, em Ohio, o Alcoólicos Anônimos. De lá para cá, o AA virou uma das maiores criações humanitárias da era moderna. Não à toa: num mundo que inventou open bar e happy hour, alguém precisava equilibrar a conta. No Brasil, o AA é praticamente patrimônio cultural — tipo samba e feijoada. Basta ver o orçamento de Brasília ou a mesa de um churrasco de domingo pra perceber que a luta ainda é longa. Mas o legado de Bob e Bill continua, firme e forte, salvando vidas — especialmente na segunda-feira, quando a ressaca moral é mais letal que a física. Parabéns, AA. O mundo estaria consideravelmente mais bêbado sem vocês.

Carla Zambelli: agora só falta o oficial de justiça entregar o recibo
O presidente da Câmara, Hugo Motta, fez aquele teatrinho básico: “não vamos votar nada, só declarar”. Tudo para parecer imparcial no caso da cassação de Carla Zambelli. O STF já fez o trabalho pesado: 10 anos de cana e perda do mandato. Condenação transitada em julgado. E Zambelli? Já está a caminho de fazer cosplay de Daniel Silveira na ala VIP da Papuda. O problema é o constrangimento institucional: a Câmara não quer parecer submissa ao STF, mas também não quer se associar ao vexame que Zambelli virou. Afinal, não é todo dia que um parlamentar foge para outro país por invasão de sistema do CNJ. Mas o show não pode parar. Resta saber se Hugo Motta vai entregar essa pizza com ou sem borda recheada.
Cartórios tentam monopolizar publicação legal, mas CNJ dá um tapa com luva de pelica
Quem achou que a máfia dos cartórios só ganhava dinheiro reconhecendo firma não conhece a criatividade do lobby brasileiro. Inventaram um esquema para obrigar que publicações legais fossem feitas só em plataformas digitais mantidas por… eles mesmos. Mas dessa vez a esperteza tropeçou no excesso. O CNJ interveio, anulou a palhaçada e devolveu o mercado para jornais impressos e digitais independentes. Ponto para o ministro Mauro Campbell Marques, que explicou o óbvio: obrigar o uso dessas plataformas é ilegal e fere a livre concorrência. Vitória da imprensa livre e derrota da reserva de mercado cartorial. No fim, sobrou para a Arpen e a Anoreg a imagem de quem tentou transformar a publicidade legal num cartório online. Não conseguiram. Assinem embaixo, com firma reconhecida.
Inflação recua, PIB sobe um tiquinho, mas o Brasil continua com juros de agiota internacional
O Boletim Focus veio otimista nesta segunda (09): inflação levemente menor (5,44%), PIB levemente maior (2,18%). Parece ótimo até você lembrar que a Selic continua estacionada nos 14,75% — uma taxa de juros digna de agiota de filme italiano. As projeções para 2026 são mais ou menos o mesmo pastel requentado: crescimento baixo, juros altos e dólar na casa dos R$ 5,80. Mas pelo menos, com o novo sistema de meta contínua, o Banco Central ganha desculpas mais sofisticadas para dizer que está tudo sob controle. No fundo, a economia brasileira continua naquele dilema clássico: o PIB rasteja, a inflação cisma de existir, mas quem manda mesmo é o rentista. Resumo: o Brasil vai crescendo devagarinho — desde que não atrapalhe o lucro dos bancos. Política monetária ou stand-up de humor negro? Difícil saber.
Última atualização da matéria foi há 4 meses
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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