Por que Lula é tão ojerizado pela Faria Lima?
A antipatia da Faria Lima em relação ao atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não é uma revelação recente, mas sim uma longa narrativa que tem se desenrolado ao longo dos anos. Agora, essa relação delicada entre o ex-presidente e o epicentro financeiro de São Paulo ganha um novo capítulo preocupante, especialmente para o governo petista. Uma pesquisa recente realizada pela Genial/Quaest revelou que quase metade do mercado financeiro brasileiro se declara pessimista em relação à gestão de Lula.
Os números revelam uma tendência preocupante para o Governo. A proporção daqueles que avaliam negativamente o Governo Lula cresceu de 44% para 47% entre julho e setembro, um aumento de 3 pontos percentuais em apenas três meses. Esse é um sinal claro de que a confiança no Governo está em queda livre. Por outro lado, a avaliação positiva caiu de 20% para míseros 12% no mesmo período, um declínio de 8 pontos percentuais. É evidente que o mercado financeiro está se distanciando cada vez mais do Governo petista.
Mas não são apenas os números que preocupam. O mercado financeiro não é conhecido por tomar decisões precipitadas. A desconfiança que está se instalando em relação ao Governo Lula é o resultado de uma série de fatores que estão minando a confiança dos investidores e empresários.
Um desses fatores é a percepção de que a política econômica atual do Brasil não está no caminho certo. Isso não se limita apenas ao Governo, mas também se estende ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A Faria Lima, que historicamente valoriza políticas econômicas alinhadas com o liberalismo econômico, vê com desconfiança as medidas adotadas pelo Governo petista. Aumento de gastos públicos, intervenção estatal em setores estratégicos e uma visão mais intervencionista da economia não são bem-vindos naquele que é considerado o coração financeiro do país.
O mercado financeiro está cético em relação à meta de “déficit zero” que Haddad tenta perseguir dentro do arcabouço fiscal. Para a grande maioria dos gestores, a ideia de que o Governo Lula conseguirá zerar o déficit primário no próximo ano é vista com incredulidade. Isso coloca em dúvida a capacidade do Governo de manter a estabilidade econômica e fiscal, algo que é essencial para atrair investimentos e garantir o crescimento sustentável do país.
Outro fator que pode estar contribuindo para a antipatia da Faria Lima em relação à Lula é a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. Bolsonaro, e por extensão seu ministro da Economia, Paulo Guedes, eram amplamente apoiados pela comunidade empresarial da Faria Lima. A derrota do candidato de centro-direita nas urnas pode ter gerado um sentimento de desilusão e incerteza entre os empresários e investidores da região.
Além disso, a origem sindical de Lula e suas posições políticas mais à esquerda do espectro político também podem estar contribuindo para a antipatia que a Faria Lima nutre pelo atual mandatário. A comunidade empresarial da região tende a ser mais alinhada com ideias de mercado, liberalismo econômico e menos intervencionismo estatal, o que coloca Lula em rota de colisão com essas ideologias.
A antipatia da Faria Lima em relação à Lula não é apenas uma questão de números, mas também uma questão de visão de mundo e ideologia. A desconfiança em relação ao Governo petista está crescendo, e o mercado financeiro está cada vez mais cético em relação à capacidade do Governo de manter a estabilidade econômica e fiscal do país. Além disso, fatores como a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022 e as posições políticas de Lula também contribuem para essa antipatia. O relacionamento entre Lula e a Faria Lima parece estar longe de melhorar, e o futuro político e econômico do Brasil permanece incerto.
Última atualização da matéria foi há 2 anos
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