André Rocha analisa as incertezas do cenário
André Rocha é economista formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e advogado pela Gama Filho. É analista licenciado pela Apimec. Atua há mais de 20 anos na análise e gestão de ações. Ministra palestras e cursos sobre o mercado acionário e finanças pessoais. Iniciou a carreira na PriceWaterhouse. Trabalhou ainda em corretoras (sell side) – Unibanco e Bradesco e em administradoras de recursos (buy side) – BankBoston e Maxima Asset. A primeira foi eleita a melhor equipe de gestão por três anos seguidos pela Exame (2002/03/04) e o fundo Maxima Access foi o segundo mais rentável da indústria entre 1998 e 2001, segundo a mesma Exame. Foi também destacado em rankings que apontam os melhores analistas de mercado como o da Agência Estado em 2006 e Institutional Investor em 2006 e 2008. Entre agosto de 2011 e agosto de 2013, o blog de sua autoria “O Estrategista” sobre o mercado acionário e finanças pessoais ficou hospedado exclusivamente no site do Valor Econômico. “As ações de companhias de commodities podem continuar sua boa performance caso o balanço continue adequado entre oferta e demanda. Isso deve ocorrer caso a economia chinesa não apresente queda brusca de crescimento. Já as de varejo dependem de um crescimento sustentável da economia brasileira”, afirma o experiente analista de investimentos.
André, analisar o mercado brasileiro neste momento, tem sido uma tarefa mais complexa do que em outrora?
Sim, o componente político traz grandes incertezas sobre as variáveis macroeconômicas afetando a projeção dos resultados das companhias.
Acredita que a economia se descolou da política ou isso é impossível como afirma alguns analistas?
Não descolou. O mercado tal como ocorreu nas eleições de 2002 e 2014 oscilará ao sabor das pesquisas eleitorais. A crise fiscal é séria e é necessário que o futuro governante tome medidas duras. Um candidato que adote discurso populista pode deteriorar variáveis macroeconômicas como juros, inflação e câmbio tornando o país ingovernável.
Existe algo no horizonte que pode fazer com que os investidores fiquem ainda mais receosos em alocar os seus recursos para o nosso país?
A economia tem tido uma retomada, mas ela á apenas cíclica aproveitando a capacidade ociosa da economia. Investimentos consistentes, que possibilitará um crescimento sustentável, só devem deslanchar após uma definição mais clara de qual será o próximo presidente. Isso só deve ocorrer no segundo semestre de 2018.
Qual é o maior risco de um investimento num mundo globalizado e conectado como o atual?
Além das condições macroeconômicas citadas anteriormente, a tecnologia pode ter papel disruptivo em algumas indústrias, mudando seu modelo de negócios. São exemplo as indústrias da mídia e da música. Logo, investimentos feitos tomando-se por base um determinado cenário podem se mostrar inúteis caso haja uma ruptura no modelo de negócios, havendo um desperdício de recursos.
Como acredita que a bolsa deve operar até as eleições de 2018?
Com volatilidade alta, respondendo às reformas patrocinadas pelo atual Governo e o resultado das pesquisas eleitorais.
Para onde caminha a Petrobras em sua avaliação?
A empresa depende do preço do barril de petróleo. Como a política de preços atual reflete as variações do preço internacional, seus resultados seguirão a tendência do preço internacional. A empresa precisa ainda reduzir seu elevado endividamento. Logo venda de operações e a geração de caixa deverão ser usadas para desalavancar a empresa, limitando o pagamento dos dividendos. Uma descontinuidade tanto da política de preços quanto da de venda de ativos pode afetar negativamente a cotação da ação.
Quais empresas tiveram um bom desempenho no mercado de ações em 2017?
Empresas de commmodities como Fibria tiveram um bom desempenho seguindo a elevação do preço da celulose. Vale se beneficiou da melhora de sua governança corporativa como a ida para o Novo Mercado e a estabilidade do preço do minério de ferro. Algumas companhias de varejo tem se beneficiado como a de logística de veículos Tegma e Via Varejo (Casas Bahia) em decorrência da melhora de seus respectivos mercados, veículos e linha branca.
Acredita que essas mesmas empresas terão um bom desempenho em 2018?
As ações de companhias de commodities podem continuar sua boa performance caso o balanço continue adequado entre oferta e demanda. Isso deve ocorrer caso a economia chinesa não apresente queda brusca de crescimento. Já as de varejo dependem de um crescimento sustentável da economia brasileira.
Como se encontra a legislação societária do Brasil em comparação com outras parte do mundo?
Regras de governança corporativa começaram a ser implantadas de forma difundida a partir de 2001 como o Novo Mercado, alterações legais como a volta do tag along, atuação mais incisiva da CVM (Comissão de Valores Imobiliários), etc. Embora o mercado brasileiro não esteja imune a maus controladores e gestores, pode se dizer que o arcabouço de governança é satisfatório. Preocupa ainda a grande quantidade de estatais de peso relevante no mercado acionário brasileiro. A lógica dessas companhias muitas vezes não é a econômica penalizando os acionistas minoritários. Veja o caso de Petrobras, Eletrobras…
Os resultados de uma companhia é o que mais afeta o preço das ações?
Sem dúvida. No longo prazo, o desempenho da ação apresentará forte correlação com o lucro. No curto prazo, ruídos podem afetar o preço, mas no longo prazo o que vale é o resultado apresentado pela companhia e, por consequência, os dividendos gerados aos acionistas.
Como um leigo que acompanha o noticiário econômico, pode distinguir uma pseudoprivatização de uma privatização legítima?
Uma privatização legítima ocorre quando o controle é transferido para um ente privado. Em uma pseudoprivatização, o ente estatal (União, Estado ou Municípios) vende parte das ações da companhia estatal para o mercado, mas mantém o controle e, com isso, as futuras diretrizes da companhia. Logo, a atuação da empresa continua a mercê do governante de plantão.
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