Edgard Gouveia Jr. fala dos frutos da criação
Edgard Gouveia Jr. é arquiteto, urbanista e pós-graduado em Jogos Cooperativos. Ele dedica sua trajetória a mobilizar crianças, jovens e adultos, desenhando e aplicando jogos virtuais, gincanas e ações coletivas que desembocam em pequenas revoluções comunitárias. É cofundador do Instituto Elos, do Programa Guerreiros sem Armas e do Jogo Oasis. É Fellow Ashoka, Berkana Exchange e TRIP Transformadores. Professor da Pós em Jogos Cooperativos do Youth Initiative Program, MSLS na Suécia, Knowmads na Holanda e da Formação Gaia Brasília e Paraná. Palestrante em diversos TEDx e consultor internacional na Europa, América do Norte e Ásia, onde aplica tecnologias sociais como World Café, Open Space, Danças Circulares, Comunicação não Violenta e Jogo Oasis. É idealizador do Play The Call, uma gincana mundial online que tem tarefas concretas no mundo real e pretende envolver 2 bilhōes de pessoas em quatro anos para restaurar o equilíbrio na Biosfera. Ele acredita que mudar o mundo pode ser rápido, divertido e sem botar a mão no bolso. “Meu despertar para a arquitetura social veio no meu primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura – ENEA 89, que aconteceu em Belo Horizonte – MG. Eu estava no terceiro semestre da Faculdade de Arquitetura de Santos – FAUS, quando um aluno recém-transferido nos trouxe a notícia da realização desses encontros anualmente”, afirma.
Edgard, em que momento você acredita que a arquitetura exerce um papel social?
Meu despertar para a arquitetura social veio no meu primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura – ENEA 89, que aconteceu em Belo Horizonte – MG. Eu estava no terceiro semestre da Faculdade de Arquitetura de Santos – FAUS, quando um aluno recém-transferido nos trouxe a notícia da realização desses encontros anualmente. Minha expectativa é que fosse um encontro de festas, turismos e confraternizações estudantis, e, logo no primeiro dia, tive a surpresa de encontrar uma sala repleta de estudantes representando escolas de todo o Brasil, discutindo profundamente a qualidade do Ensino da Arquitetura no Brasil e o Papel Social do Arquiteto. Esses temas jamais haviam passado pelas minhas discussões na FAUS.
Dali em diante me entreguei às 12 horas ininterruptas de reuniões diárias, exaustivas e apaixonantes discutindo a aprovação do Estatuto da FeNEA – Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura. Mas voltando à pergunta, o momento determinante foi quando, no meio das discussões, ouvi um estudante da Paraíba, dizer: “se o papel do arquiteto e urbanista é desenhar – designar – a cidade… que cidades estamos desenhando – designando e para quem?”. Estas palavras definiram a minha trajetória até hoje.
E quando você acredita que encontrou a sua função social como ativista e empreendedor social?
Em dois momentos: Empreendendo na nossa Faculdade, em Santos, a reestruturação do Laboratório de Habitação que era focado em apoiar projetos arquitetônicos e urbanísticos, e as populações que não tinham acesso a esses serviços. Posteriormente, e mais fortemente, na minha experiência como aprendiz e depois instrutor de Bio Arquitetura no Instituto Tibá em Bom Jardim no Rio de Janeiro, com os arquitetos Johan Van Lengen e Valdo Felinto. Atuar na assessoria técnica às comunidades rurais da serra de Friburgo, autoconstrução em favelas de todo o Brasil e no treinamento e desenvolvimento de estudantes nacionais e internacionais, esculpiram em mim e em vários amigos, o olhar, a atitude e o comprometimento social que carregamos e compartilhamos até hoje.
O que é ser um empreendedor social em nosso país?
Segundo as pesquisas da tese de Bill Drayton, ex-diretor da McKinsey e fundador da Ashoka, são as mesmas características de um empreendedor de negócios, só que o lucro, é o bem-estar social e ambiental.
Como surgiu o Instituto Elos?
Do compromisso assumido por um grupo de estudantes da FAU Santos, de aplicar todo o aprendizado, contatos e êxito que tivemos na revitalização do Museu de Pesca de Santos, em ações concretas que beneficiassem as comunidades tradicionais do litoral paulista: caiçaras, indígenas e favelas.
Quais os principais pilares do Instituto?
Deixei o Instituto Elos fazem 6 anos e desde a minha saída, eles se desenvolveram bastante, em escala internacional, impacto socioambiental e profundidade metodológica, que podem ser encontradas no site da instituição: www.institutoelos.org. Nos anos em que estivemos juntos, os pilares do que é hoje conhecido como Filosofia Elos eram: o Olhar, o Afeto, o Sonho, o Cuidado, o Milagre, a Celebração e a Re-evolução. Vale visitar o site para ver cada um desses pilares em ação.
Você é criador de dois movimentos interessantes que são o Oásis e o Play The Call. O que lhe ambicionou a realizar estes movimentos?
Sou cocriador. Em todos os projetos anteriores e atuais nossa criação é sempre fruto de sonhos e incômodos compartilhados e ações coletivas. Oásis, Play The Call, Jornada X e Primavera X são expressões desse modus-operandi. Minha ambição em cada um deles é comum: despertar o verdadeiro espírito humano, pelos campos do brincar. Trocando em miúdos, usar o poder inevitável do brincar juntos, para despertar nas comunidades e na sociedade, o nosso poder coletivo de construir o mundo dos nossos sonhos. Meu comprometimento mais profundo, é garantir que as próximas gerações usufruam do encantamento e privilégio de conviver com a diversidade e exuberância da biodiversidade no planeta.
O sonho coletivo será o vetor que mudará o mundo em sua visão?
O sonho sim, mas principalmente a ação e a comoção coletiva mudarão os rumos que estamos imprimindo no mundo.
Como impregnar esse sonho coletivo de uma forma efetiva e perpétua em uma sociedade como a nossa?
Devolvendo o poder de se expressar, criar e cuidar das crianças e jovens e deixá-los guiar a sociedade para as transformações que todos ansiamos.
Sempre lemos que você é um viciado em ouvir histórias. Como essas histórias lhe realimentam?
Histórias me emocionam, me recordam – do grego recordaris: voltar a passar pelo coração – a beleza, a fortaleza, a fragilidade, a bondade, a tragédia, a dignidade, a superação, a resiliência e a impermanência, como, cita Leonardo Boff no Prefácio da “Carta da Terra”: “desse Projeto Humano… e do milagre que é estarmos aqui”. E as histórias que nos contam e encantam dos demais seres
O que é o projeto “Guerreiros sem Armas?”.
Ah… aconselho a visitarem o site e os vídeos do Elos. É uma experiência imperdível e difícil de descrever. Inclusive neste exato momento está acontecendo um na cidade de Santos-SP. Se estende por todo este mês. Apressem-se para ver!
O escritor Henry Miller, dizia que não podemos ver o mundo como uma luta e sim como um jogo ou uma brincadeira. Essa visão também é peculiar em seu modo de encarar a vida?
Desconhecia que ele tinha dito isso, mas ganhei um novo companheiro de visão e causa. Huizinga [no caso o historiador holandês John Huizinga] nos descreve mais profundamente e beleza no seu Homo Ludens. Talvez, e acredito, que socialmente, operamos tudo como um jogo. Cabe a nós, ajustarmos o convite: jogo trágico, jogo divertido, jogo competitivo, jogo cooperativo, jogo finito, jogo infinito… Como me disse uma vez o Rodrigo Rubido, amigo e cofundador do Instituto Elos: “é melhor você brincar, viu? Senão você vai ter que trabalhar!”
Última atualização da matéria foi há 5 meses
“Trono de Cangalha” é um livro de profundidade
setembro 22, 2021Paulo Kucher analisa custo da construção
setembro 20, 2021Plamev Pet faz sucesso com serviços de saúde
setembro 20, 2021Rádio Itatiaia trilha um novo caminho para o êxito
setembro 17, 2021Instituto Geração SouL com um novo projeto
setembro 16, 2021Eduardo Valério avalia os processos sucessórios
setembro 15, 2021Vacinas.net com uma proposta de gerar valor
setembro 14, 2021Armando Kolbe Jr. fala sobre startups e fintechs
setembro 13, 2021CapTable conquista a confiança dos investidores
setembro 10, 2021Ricardo Martins fala do boca a boca no digital
setembro 9, 2021A Tudu quer reinar no mundo das retailtechs
setembro 8, 2021Pedro Carbone fala sobre educação e tecnologia
setembro 7, 2021
Eder Fonseca é o publisher do Panorama Mercantil. Além de seu conteúdo original, o Panorama Mercantil oferece uma variedade de seções e recursos adicionais para enriquecer a experiência de seus leitores. Desde análises aprofundadas até cobertura de eventos e notícias agregadas de outros veículos em tempo real, o portal continua a fornecer uma visão abrangente e informada do mundo ao redor. Convidamos você a se juntar a nós nesta emocionante jornada informativa.




Facebook Comments