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Daniel da Rosa analisa a transformação digital

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Daniel da Rosa é conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná). Fundada em 1972, a AHK Paraná integra uma rede composta por mais de 140 escritórios em 92 países que fomentam o desenvolvimento profissional e o networking dos seus associados. Também é diretor regional do Sindicato da Indústria de Autopeças (Sindipeças). A AHK Paraná está entre as cinco melhores e mais completas câmaras bilaterais do Brasil e agrupa empresas de capital ou know-how alemão e companhias brasileiras instaladas no estado com interesses na Alemanha. Para o portal Panorama Mercantil, ele afirma: “Temos setores e empresas muito bem posicionadas, mas, em geral, acredito que o Brasil ainda não despertou para este mundo VUCA. A letra V da sigla VUCA significa volatilidade e para lidar com volatilidade precisamos ser muito ágeis, rápidos, sem burocracia, além de se adaptar rapidamente às mudanças e fazer uso intensivo de inovação e das ferramentas digitais. E isso não ocorre ainda, uma vez que as mudanças demoram muito para acontecer. Vejam, por exemplo, a questão do sistema tributário brasileiro. Há um grande consenso de que o sistema atual é muito complexo e provoca alto custo e perda de produtividade. Existem organizações em que há mais pessoas trabalhando e mais recursos sendo aplicados para atendimento das exigências fiscais/tributárias do que na área de inovação.”

Daniel, o Brasil está preparado para o mundo VUCA?

O Brasil é um país muito heterogêneo e é difícil generalizar. Temos setores e empresas muito bem posicionadas, mas, em geral, acredito que o Brasil ainda não despertou para este mundo VUCA. A letra V da sigla VUCA significa volatilidade e para lidar com volatilidade precisamos ser muito ágeis, rápidos, sem burocracia, além de se adaptar rapidamente às mudanças e fazer uso intensivo de inovação e das ferramentas digitais. E isso não ocorre ainda, uma vez que as mudanças demoram muito para acontecer. Vejam, por exemplo, a questão do sistema tributário brasileiro. Há um grande consenso de que o sistema atual é muito complexo e provoca alto custo e perda de produtividade. Existem organizações em que há mais pessoas trabalhando e mais recursos sendo aplicados para atendimento das exigências fiscais/tributárias do que na área de inovação.

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Como a transformação digital afetará esse mundo?

A reforma tributária e as correções deste sistema vêm sendo discutidas há muitos anos e quando forem introduzidas provavelmente serão gradativas, levando entre 10 e 15 anos de transição, conforme previsto em alguns projetos. Ou seja, teríamos na melhor das hipóteses, se tudo desse certo, um sistema completamente implementado entre 2030 e 2040. Até lá, provavelmente, o ser humano já chegou em Marte e estabeleceu bases permanentes na Lua. Falta senso de urgência e, sem isso, corremos o risco que, neste mundo VUCA, só aumente o gap com o tempo em relação aos países mais desenvolvidos, que investem intensivamente em tecnologia e inovação. A transformação digital é, ao mesmo tempo, a causadora de tantas mudanças e volatilidade, mas, por outro lado, também é a solução para o mundo VUCA. Graças à transformação digital, o mundo não parou durante a pandemia. As empresas que se apoiam nestas tecnologias não só sobreviveram, mas também cresceram e, hoje, faturam mais do que antes da pandemia. Além disso, estão criando mais empregos e de alto nível.

A pandemia serviu de guru e mentora na sua visão e impulsionou a transformação digital. Quantos estão absorvendo essa “mentoria” de fato?

A absorção está ainda muito desigual e só no começo. Acredito que alguns pilares da transformação digital receberam um grande impulso e estão sendo absorvidos por muita gente. Por exemplo: na parte de comunicação e interação estamos fazendo mais uso de ferramentas digitais, como o Zoom e outras plataformas de lives e webinars. O ensino a distância – EAD também foi beneficiado, assim como o uso de redes sociais em empresas e o acesso remoto, em geral. O home office foi impulsionado, assim como o e-commerce/comércio eletrônico. Hoje, temos delivery de tudo. A telemedicina também está avançando. Mas, ainda, fazemos pouco uso de outras ferramentas digitais “poderosas”, como a Inteligência Artificial, que tem um potencial gigantesco em todas as áreas de atividade humana.

Utilizamos pouco a impressão em 3D e muitos nem sabem que existem também as impressoras 4D. Ainda há muitos processos manuais. Temos processos decisórios muito lentos e que passam por toda a hierarquia das organizações. A Inteligência Artificial pode automatizar a tomada de decisões. Ainda fazemos pouco uso do Big Data: falamos muito em sustentabilidade e em uso adequado dos recursos, mas temos um desperdício enorme de dados não aproveitados. Uma verdadeira mina de ouro desperdiçada. Mas não podemos ser injustos com as startups brasileiras, pois, elas têm uma performance excelente e aplicam a transformação digital, revolucionando a forma como fazemos as coisas.

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O “novo normal” existirá ou essa expressão não fará sentido no pós-Covid?

Essa expressão do “novo normal” foi muito útil no começo da pandemia, mas penso que já está desgastada. Vejo muitos dizerem: não vejo a hora de tudo isso passar para voltarmos a ter uma vida normal, mas não existe mais o normal. Tudo será diferente! Aliás, mesmo antes da pandemia, já sabíamos que a mudança é o normal. Nada vai ser como era. A tecnologia está transformando radicalmente a forma como pensamos, agimos e nos relacionamos. Hoje, as maiores empresas do mundo são da área de tecnologia: Amazon, Google, Facebook, Microsoft, entre outras. Aliás, a maior parte do lucro da Amazon não vem das entregas e do e-commerce, mas sim da prestação de serviços de tecnologia, como a computação em nuvem.

Antes, as grandes empresas eram de petróleo, transporte e grandes jornais. A pandemia trouxe uma revolução dentro da revolução que já estava ocorrendo. Em todas as oportunidades, recomendo que a primeira característica que as organizações e as pessoas devem ter é a capacidade de adaptação e aprendizado. Todos devemos cultivar um gosto pela curiosidade do novo, de experimentar, aprender, testar novos recursos e novas tecnologias. Melhor do que tentar prever o futuro, é preciso ter a capacidade de aprendizado e rápida adaptação. O mundo vai continuar mudando muito mais rápido do que podemos imaginar e tentar prever ou planejar o futuro pode ser um exercício inútil. Isso ocorre na geopolítica mundial: hoje, é muito interessante ver como as grandes potências mundiais estão envolvidas na corrida do 5G na área de comunicação.

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Quais os grandes pilares das organizações que irão sobreviver?

Acredito que os grandes pilares, os mais básicos e importantes, continuam sendo os mesmos: Governança, Valores, Propósito, Ética, Sustentabilidade e Cultura Organizacional. Está cada vez mais forte e influente o conceito de ASG (ou ESG, em inglês), que engloba e une todos os aspectos relacionados à Governança, Meio Ambiente e Aspectos Sociais. Outro pilar é o relacionamento estreito e transparente com os clientes, as partes relacionadas e toda a sociedade em geral. A capacidade de receber feedback, entender e transformar em melhorias. Acredito em três novos pilares que serão essenciais para a sobrevivência das organizações:

Capacidade de adaptação e aprendizado; Uso intensivo das tecnologias digitais, da aplicação dos conceitos de Indústria 4.0, da Inteligência Artificial e de todas as ferramentas já disponíveis; E saber usar de modo efetivo todos os recursos das redes sociais.

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Vamos voltar para a transformação digital. Vamos atingir a maturidade digital em algum momento?

A transformação digital é uma jornada, uma maratona e não uma corrida de 100 metros. Existem várias ferramentas disponíveis, que podem medir a maturidade da organização em relação à transformação digital, e existem vários estudos que mostram uma grande correlação entre a maturidade digital e o desempenho financeiro e crescimento das organizações.

Em outras partes do mundo essa maturidade já se faz presente?

Em termos comparativos, baseados em algumas pesquisas, podemos dizer que, embora algumas organizações de ponta no Brasil tenham maturidade equivalente às líderes mundiais, temos ainda um longo caminho a percorrer quando observamos uma média geral. O que chama a atenção é que a discrepância é enorme: enquanto aqui as líderes em transformação digital estão muito bem posicionadas ao nível mundial, outras organizações estão ainda praticamente na idade da pedra. Existe também muita discrepância entre os vários setores. Como mencionado, as ferramentas digitais estão disponíveis e o principal é a mudança cultural, a vontade de fazer e o senso de urgência.

Por que a chamada “mudança cultural” é pouco entendida?

A cultura organizacional e as mudanças culturais são aspectos muito subestimados e é a causa da maioria dos fracassos na implantação de novos programas, projetos de tecnologia, nas aquisições e fusões. Todos já devem ter vivenciado casos em que uma organização lança novos programas e projetos com grandes discursos, barulho, comemorações e toda a sorte de eventos possíveis. E, depois de algum tempo, o programa morre, não progride ou não traz os resultados prometidos. Em todos esses casos fica claro que a liderança subestimou os desafios das mudanças culturais. A liderança exerce um papel essencial, que não pode ser delegado na criação de uma cultura organizacional forte, além de ser um papel decisivo em todas as mudanças culturais.

Implementar uma mudança cultural nas organizações é uma tarefa que deve vir das lideranças?

A liderança tem que mostrar os benefícios das mudanças, explicar o porquê, dar o exemplo e apoiar todo o processo. Falando de novo em transformação digital, hoje, quase todas as tecnologias podem ser compradas. O que não pode ser comprado é a cultura. Essa tem que ser criada e cultivada internamente, diariamente, começando pela liderança.

Qual o papel da AHK Paraná na atual conjuntura e o que norteará a missão da organização no pós-Covid?

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A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná) tem como objetivo principal fomentar e promover as relações econômicas, culturais e sociais entre o Brasil e a Alemanha. A entidade promove também a troca de experiências entre empresas associadas e incentiva o intercâmbio de tecnologia entre os dois países, além de contribuir com capacitação e desenvolvimento profissional. Temos um grupo atuante e muito forte de Indústria 4.0, Transformação Digital e Inovação, além de outros Grupos de Intercâmbio nas áreas de Meio Ambiente/ASG, Planejamento Estratégico, Trabalhista, Tributário e outros. Desde o início da pandemia nos adaptamos rapidamente à situação. Substituímos todos os eventos e treinamentos presenciais por webinars e eventos virtuais com muito sucesso.

Temos oferecido muito conteúdo virtual, apoiando as empresas e os profissionais nesta jornada de adaptação durante a pandemia e, mais importante ainda, na preparação da retomada da economia e no entendimento das profundas mudanças que estão ocorrendo. Intensificamos também a nossa presença nas redes sociais, interagindo de forma muito efetiva com nossos associados e o público. Com tudo isso conseguimos manter a nossa missão e os nossos objetivos, mesmo nesta fase tão desafiadora. Além disso, contribuímos com a sociedade ao propiciar eventos e treinamentos virtuais abertos a todos e não só aos associados.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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