A bizarra morte de Sunjay Kapur
Por mais estranhas que possam parecer algumas tragédias envolvendo milionários e suas extravagâncias, poucas são tão improváveis quanto a morte de Sunjay Kapur. O bilionário indiano, herdeiro e presidente da gigante de autopeças Sona Comstar, morreu aos 53 anos, durante uma partida de polo, após engolir uma abelha. A causa ainda carece de confirmação oficial, mas os relatos convergem para um choque anafilático — um fim inusitado e cruel para um empresário acostumado a cavalgar entre campos esportivos e salas de conselho corporativo.
O episódio, ocorrido na última quinta-feira, 12 de junho, na Inglaterra, foi noticiado inicialmente pela agência ANI e depois confirmado por jornais como o britânico Mirror e o The Telegraph. Amigos que estavam no local relataram que Kapur disse ter engolido algo antes de perder a consciência. Poucos minutos depois, ele desmaiou e sofreu uma parada cardíaca. Apesar da rápida assistência médica no local, nada pôde ser feito.
“Esse contraste brutal entre riqueza, poder e fragilidade humana é o que torna o caso tão marcante, quase cinematográfico em sua ironia sombria.”
A morte de Kapur carrega um paradoxo trágico: um dos homens mais ricos e conectados da elite global morreu por uma das causas mais banais e aleatórias possíveis — um inseto minúsculo, possivelmente fatal apenas por um detalhe genético ou imunológico. Esse contraste brutal entre riqueza, poder e fragilidade humana é o que torna o caso tão marcante, quase cinematográfico em sua ironia sombria.
Não se tratava apenas de um jogo qualquer. Sunjay Kapur era presença constante nos eventos de polo mais exclusivos do Reino Unido, circulando por ambientes frequentados pela realeza britânica e outros membros da aristocracia europeia. O polo, esporte historicamente associado a reis, príncipes e milionários excêntricos, sempre foi uma paixão pessoal de Kapur, mas também uma extensão natural de seu papel social entre os mais ricos.
O bilionário, o polo e os círculos aristocráticos
Sua amizade com membros da realeza britânica é pública há anos. Kapur participava dos torneios mais prestigiados do verão britânico, onde negócios se misturam a tradições centenárias e alianças familiares. Não por acaso, sua morte provocou comoção tanto na Índia quanto na elite esportiva e aristocrática da Inglaterra. Para os padrões dessas sociedades fechadas, foi como se um elo entre dois mundos — o das fortunas industriais indianas e o do velho establishment europeu — tivesse sido rompido de maneira absolutamente insólita.
Essa dimensão simbólica ajuda a explicar por que a notícia se espalhou tão rapidamente e por que a tragédia chamou atenção muito além dos círculos de negócios ou do esporte.
Kapur era mais do que um rosto conhecido entre cavalos e troféus de prata: ele era também o responsável por transformar a Sona Comstar, fundada por seu pai, Surinder Kapur, em uma fornecedora global de peças para montadoras como Suzuki e Ford. Com operações na Índia, Estados Unidos, China, México e Sérvia, sua trajetória empresarial foi marcada por expansão e modernização. Em 2022, Kapur entrou oficialmente na lista de bilionários da Forbes, com um patrimônio estimado em US$ 1,2 bilhão.
Mas a vida pessoal do empresário também esteve nos holofotes, especialmente por conta de seu turbulento casamento com Karisma Kapoor, estrela do cinema indiano. O relacionamento, que terminou em disputa judicial, incluiu acusações sérias de violência doméstica. Mais tarde, Kapur casou-se com a modelo Priya Sachdev, com quem teve um filho. Sua vida, portanto, já era permeada por uma mistura de glamour, fortuna e escândalos, como tantos outros nomes que povoam a elite empresarial e social do sul da Ásia.
Não deixa de ser irônico que, no dia de sua morte, Kapur tenha usado as redes sociais para lamentar uma tragédia aérea — o acidente da Air India, ocorrido horas antes. Sua última mensagem pública foi um gesto de empatia diante do sofrimento coletivo, seguido logo depois por seu próprio destino trágico, desta vez individual e inexplicável.

A morte de Sunjay Kapur deixa perguntas que provavelmente nunca terão respostas definitivas. Como uma abelha foi capaz de encerrar a trajetória de um homem que comandava uma das indústrias mais robustas da Índia? Como o acaso pode, em frações de segundo, expor a vulnerabilidade de quem parecia inatingível?
Entre milionários, cavalos e príncipes, a lição é incômoda: o acaso, indiferente à fortuna, tem sempre a última palavra.
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