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Armando Kolbe Jr. fala sobre startups e fintechs

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Armando Kolbe Jr. é doutorando em Engenharia do Conhecimento EGC – UFSC (2018), mestre em Tecnologias – PPGTE na UTFPR (2016), possui pós-graduação em Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em EAD pelo Centro Universitário Internacional UNINTER (2012), graduação em Administração de Empresas com Habilitação em Análise de Sistemas pela Faculdade Internacional de Curitiba (2010). Atualmente é professor do ensino superior do Centro Universitário Internacional UNINTER, atuando na área presencial e EAD. Tem experiência na área de programação, designer gráfico e gerenciamento de equipes, atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologia da informação, tecnologia educacional, sistemas tutoriais inteligentes, sistemas e segurança da informação gerencial, bancos de dados, análise de sistemas, processamento de imagens e computação gráfica. “Entre os três segmentos mais comuns no mundo temos as fintechs, inclusive no Brasil, as healthtecs, startups do setor de saúde, além das startups de Inteligência Artificial. O país que detém o primeiro lugar, com o maior número de startups é disparado os Estados Unidos, onde, também se encontram cerca de 50% dos unicórnios, startups que atingem um valor superior a U$1 bilhão. Em segundo lugar aparece a China e o Brasil aparece em 20º lugar”, afirma o professor com exclusividade ao portal Panorama Mercantil.

Armando, 2021 pode ser considerado um ano chave para as startups?

Sim, o ecossistema de inovação de startups esteve bastante aquecido e os números ajudam a mostrar essa evidência. Durante o ano de 2021, podemos destacar as fintechs, que oferecem serviços financeiros totalmente digitais, e martechs, que fazem uso de tecnologia e inteligência para planejar, executar e mensurar qualquer tipo de estratégia de marketing, que representaram uma significativa parte do capital de risco, mas também tem ocorrido um rápido amadurecimento de outros mercados. Um relatório da Inside Venture Capital aponta que somente no primeiro semestre de 2021 o valor de aportes recebidos por startups brasileiras foi de aproximadamente R$16,2 bilhões, valor 90% superior comparando-se a 2020. No total foram realizados 261 aportes realizados até maio e a expectativa é de terminar 2021 com mais de R$25 bilhões investidos em startups.

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Além disso, de acordo com a 100 Open Startups, plataforma brasileira, neste ano mais de 18.200 organizações adotam a inovação aberta, modelo de negócios no qual companhias compartilham entre si sua pesquisa e desenvolvimento, número superior às 13.500 startups cadastradas em 2020. Outro destaque é que foi sancionada no Brasil, em dia 1º de junho de 2021, a Lei Complementar n.º 182/21, que institui o “Marco Legal das Startups e do Empreendedorismo Inovador (MLSEI)”, que apesar de não atender à todas as demandas do ecossistema, com certeza tem sua relevância.

Como analisa o ecossistema das startups em nosso país atualmente?

Apesar do cenário econômico e da Covid, os números apresentados mostram um cenário bem promissor e o ecossistema brasileiro das startups é suficiente maduro e cada vez mais surgem oportunidades para crescimento em diversos locais. Porém, há a necessidade de evoluirmos as discussões sobre o Marco Legal das Startups e termos mais informação de mercado, para orientar as decisões na construção de comunidades e fortalecimento de polos regionais. Ainda temos inúmeras situações que são pouco exploradas, que necessitam de reflexões capazes de potencializar a atuação delas.

O surgimento de startups no mundo também tem sido exponencial?

Não é somente no Brasil que o mercado de startups vem batendo recordes de crescimento, no mundo inteiro podemos vislumbrar esse crescimento. Entre os três segmentos mais comuns no mundo temos as fintechs, inclusive no Brasil, as healthtecs, startups do setor de saúde, além das startups de Inteligência Artificial. O país que detém o primeiro lugar, com o maior número de startups é disparado os Estados Unidos, onde, também se encontram cerca de 50% dos unicórnios, startups que atingem um valor superior a U$1 bilhão. Em segundo lugar aparece a China e o Brasil aparece em 20º lugar. Além das fintechs, entre os segmentos que despontam no mundo, temos saúde, transportes, Inteligência Artificial e e-commerce. Um dos mercados que tem crescido muito é o da economia compartilhada, com startups como Uber e Airbnb e a tendência é continuar assim.

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Quais os grandes componentes de uma startup de sucesso atualmente?

Devemos lembrar que uma das características humanas é a criatividade e as organizações necessitam contribuir, com mais versatilidade e flexibilidade, para que possa ser absorvida pelos negócios. Sendo assim, a criatividade é um dos pontos de partida. Com o advento da Covid, pudemos observar que os negócios não conseguem sobreviver sem as pessoas e as lideranças devem enaltecer o desenvolvimento humano, portanto, a capacitação então é importante nesse processo. Correr riscos está no DNA das startups, mas devem ser calculados e dirimidos. Para almejarmos o sucesso devemos investir em uma ideia que tenha um impacto positivo para o público-alvo, não esquecendo de fazer um bom estudo do mercado em vista e quais são os seus limites como empreendedor ou empreendedora “não dando o passo maior que a perna”.

Amadurecer e formalizar a ideia, validar as hipóteses, ter uma equipe empenhada e alinhada, testar e avaliar de forma contínua os resultados, ajeitar as arestas, ter agilidade, elaborar um plano de captação de recursos e montar um pitch elevator arrasador, obter apoio de mentores, ter propósitos e valores próprios, ter uma cultura empresarial, ter orgulho dos seus feitos e pensar grande podem ser componentes que podem auxiliar em atingir os objetivos almejados. Startups de sucesso como 99, Buser, Creditas, Descomplica, Gympass, iFood, Loggi, Nubank, Quinto Andar e Resultados Digitais são startups que revolucionaram o mercado brasileiro com suas soluções disruptivas. Essas startups nos ensinam que ter como foco principal as dores do cliente, usar as inovações tecnológicas para simplificar situações complexas, criar negócios que funcionem sem fronteiras e se reinventar junto de seu mercado para se manter atual são ações essenciais para alcançar e tentar manter seu negócio.

O que faz essas startups se tornarem um unicórnio ao longo do tempo?

Essa é aquela famosa pergunta que todos gostaríamos de ter a resposta. Primeiro devemos saber que o termo “unicórnio” foi cunhado pela primeira vez em 2013, pela investidora norte-americana Aileen Lee para designar startups avaliadas em pelo menos 1 bilhão de dólares e o Brasil teve suas primeiras unicórnios em 2017. Quem não gostaria de abrir um negócio avaliado por 1 bilhão de dólares? Com certeza é o sonho de muitas pessoas, mas alcançar esse objetivo, não é algo tão simples assim. Não existe, podemos dizer, uma “receita de bolo”, pois, são inúmeras variáveis nessa empreitada, desde as demandas do mercado, bem como das condições e da capacidade de inovação de cada empresa.

O cenário atual nos apresenta um boom das startups com inúmeras organizações que surgem no cenário digital, com soluções que buscam sanar várias deficiências do mercado, oferecendo maior praticidades nas rotinas. Um dos segredos, se assim podemos dizer, é necessário ter muito planejamento e foco, e seguir processos, como já falamos anteriormente sobre o sucesso das startups. O que faz com que muitos busquem abrir a sua startup é a possibilidade de ter alta capacidade de lucro e falando de startups unicórnio, o potencial não é milionário, mas, sim, bilionário. Daí alguém vai chegar para você e dizer que startups unicórnio são raras, e aí você pode responder que sim, mas elas nos mostram o quanto é possível ganhar bem com uma ideia inovadora. Tenham em mente que “no pain no gain”, sem trabalho, sem ganhos, e devemos colocar a mão na massa e tirar o projeto do papel.

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Qual a importância das conexões para o crescimento dessas startups?

O Brasil tem enfrentado grandes desafios relacionados à inovação, ao ritmo acelerado da revolução tecnológica intensificando ainda mais essa necessidade e devemos buscar por soluções capazes de enfrentar este cenário. Sendo assim, a conexão entre as startups e as empresas do setor produtivo é uma forma potente de transformar a cultura de inovação do Brasil. A conexão com as startups é um dos veículos de inovação aberta mais utilizados por grandes organizações ultimamente. O backoffice, contratação da startup como fornecedora de serviços, é uma das formas de conexão mais comuns. Isso proporciona à organização ganho de maturidade na relação com startups e promovendo segurança para iniciar projetos de cocriação e desenvolvimento relacionados ao core business que é a atividade central da organização.

Sendo assim as conexões têm tido papel fundamental para que ocorra o desenvolvimento de inovações por meio de startups, não só alavancando novas soluções, mas também para experimentar novos processos e metodologias de trabalho, colaborando na trajetória rumo à transformação digital. É importante que cada vez mais ocorram ações que visam realizar conexões reais entre startups e organizações, prototipando ideias e soluções, sensibilizando e capacitando sobre a importância das conexões e desenvolvimento do ecossistema de inovação.

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O timing de uma ideia que gera um grande negócio também é crucial para as startups?

É crucial para uma startup o timing, ou seja, lançar um produto no mercado na hora certa faz toda a diferença. Estar atento às oportunidades é fundamental e as ideias não necessariamente precisam ser espetaculares. Algumas startups tiveram sucesso atrelado ao timing correto, ou seja, souberam aperfeiçoar o seu produto ou serviço com o tempo. A Uber e Airbnb são alguns exemplos, pois, surgiram com o advento da recessão nos EUA, onde as pessoas estavam em busca de uma renda extra e puderam fazê-la dirigindo seu veículo próprio ou alugando um quarto de seu imóvel. Devemos lembrar que as ideias surgem em qualquer lugar, qualquer momento, seja startup ou não. Quando e o que é feito com essas ideias é inovação, na prática, e pode ser um dos segredos do sucesso.

Falamos de timing e conexões. Qual o papel da pesquisa para uma startup que almeja se destacar?

Às vezes temos muitas dúvidas de qual celular comprar, qual refeição fazer ou qual seriado assistir e acabamos pedindo opinião de alguém. Normalmente precisamos da opinião de outros para convalidar nossas escolhas, seja em grandes ou pequenas decisões do nosso cotidiano e nas organizações e startups, não é diferente, ainda mais que em uma startup, as mudanças acontecem rapidamente. Trabalhar com dados e informação é um dos grandes diferenciais competitivos atualmente. Apresentar seu produto ou serviço no timing correto e/ou buscar conexões para auxiliar no crescimento do negócio necessita de ter informações sobre o mercado que está se inserindo, ou se já está inserido e sobre os seus concorrentes são fundamentais.

Ocorre que às vezes os sócios de uma startup acabam ingressando em um mercado desconhecendo suas particularidades. As pesquisas, em todos os níveis, podem auxiliar no entendimento sobre como as pessoas costumam consumir os produtos ou serviços similares, quais as marcas mais conhecidas, quais as principais dores que hoje o mercado não resolve e muitas outras informações que podem mostrar o principal caminho para onde a sua startup deve caminhar. Ter a oportunidade de aprender e aproveitar a expertise das conexões, evitar falhas recorrentes, aproveitar o conhecimento acumulado, capital intelectual e tudo o que esteja disponibilizado só vem a agregar para as startups.

Quais os principais fatores para a morte de uma startup?

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Nunca foi fácil começar um novo negócio, ainda mais quando empreendemos pela primeira vez. Inúmeras demandas e prioridades requerem atenção que devem fazer parte do seu planejamento. Se nas organizações tradicionais apresentar uma proposta diferenciada já é um processo hercúleo, a tendência é que este início seja ainda mais complexo e desafiador para os iniciantes nas startups.

Podemos elencar como a falta de resiliência como a principal vilã nessa história, pois, todo início é complicado, exigindo que escolhas e decisões importantes sejam tomadas e isso normalmente gera muitos conflitos. Se incluirmos interesses pessoais, em duelo com interesses profissionais há a probabilidade muito grande de que o negócio acabe levando a pior nessa batalha. Infelizmente no Brasil, 25% dos negócios morrem no primeiro ano de operação e 50% não chegam a completar 4 anos de vida.

Entre os três fatores que influenciam nessas questões da morte das startups, temos as questões que envolvem a sociedade, desde o número de sócios até questões que envolvem “coleguismos” centrados na amizade e não na competência das pessoas. Outro fator é o volume de capital investido no negócio, antes do produto ou serviço começar a ser comercializado de forma efetiva. Uma grande quantidade de recursos aplicadas logo no começo, antes de iniciar o faturamento, pode encobrir uma demanda real do mercado em relação ao produto ou serviço que está sendo lançado.

O local onde a empresa se instala para dar início às suas atividades também pode ser um problema. Àquelas startups que começaram em um espaço próprio, como escritórios ou salas comerciais tem mais chance de morrer frente as que começaram a operar em aceleradoras, incubadoras ou parques tecnológicos. Então, entre os 5 principais motivos que levam as startups à morte são a solução idealizada, time de fundadores, modelo de negócio, capital investido e lançamento muito cedo ou muito tarde. E, acredite, a principal causa mortis das empresas ainda está no time/equipe.

A transformação digital teve algum peso na morte e na continuação desses negócios?

A corrida da transformação digital tem se intensificado e, com ela, a necessidade de inovar vem se destacando e se tornado relevante. As startups estão frente a um cenário dividido onde muitos negócios buscam se reinventar e outros estabelecem e fomentam uma cultura predatória, em alguns casos, de fusões e aquisições. Nos casos em que os objetivos da transação não estejam bem claros e definidos, não fortalecendo a complementaridade, a fusão ou mesmo a aquisição corre o risco de virar um artifício financeiro, que pouco agrega ao futuro da operação e em alguns casos o fortalecimento da concorrência pela falta de inovação. A transformação digital colabora para elevar o nível das startups, proporcionando a possibilidade de obter maior destaque no mercado e desenvolver soluções com muito mais facilidade diante dos recursos, que podem ser ilimitados, das tecnologias.

A transformação digital ou disrupção digital é a evolução tecnológica que pode romper com modelos de negócios tradicionais, possibilita a criação de novas formas de consumo e supera líderes e mercados. Essa questão de transformação digital pode habilitar a criação ou desabamento de startups numa velocidade nunca vista e proporcionar que novos entrantes cresçam de maneira colossal em prazos antigamente impensados e assim causar a morte de startups que não se atentarem a esse cenário.

O cenário será de franca expansão pelos próximos anos em sua visão?

Os números não podem ser desconsiderados e eles nos dão um norte de franca expansão. Logicamente não podemos nos escorar e aguardar que as coisas aconteçam da noite para o dia e sem muito trabalho. Podemos observar que o cenário é positivo, ações têm sido tomadas e com estas reações têm emergido e trazendo à tona os ajustes que se fazem necessário. Cada vez mais as startups estão inovando, além de gerarem muitos empregos e capacitarem pessoas. Startups são conhecidas por criarem tecnologias, aprimorarem processos, reduzem desperdícios e aquecerem mercados. Em qualquer área que o planejamento esteja como cerne existe grande possibilidade de alcançar os objetivos. A Covid acelerou o uso das tecnologias digitais e os ambientes corporativos estavam começando a ter um olhar mais atento a esse cenário. Um outro fator que pode promover o crescimento de startups é o 5G que em conjunto com a transformação digital poderá criar e alavancar novos negócios. Logicamente tudo isso é especulação, porque no mundo dos negócios existem inúmeros fatores que podem alterar essas variáveis. Esse momento que estamos é muito delicado, mas vai passar. Novas tendências surgirão, novos mercados emergirão, e temos que ficar atento e nos preparar para uma nova normalidade.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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