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Possibilidades do cinema para Marcelo Galvão

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Marcelo Galvão formou-se em Publicidade e Propaganda pela FAAP em São Paulo e começou sua carreira como redator publicitário ainda na faculdade. Em 1999, foi morar em New York onde estudou cinema na New York Film Academy e tornou-se diretor e roteirista de cinema. Ao voltar ao Brasil, trabalhou como diretor em diversas produtoras reconhecidas no mercado como Espiral, TV Zero, Movie Art, Republica, Ioiô e O2 (uma das maiores produtoras da América Latina). Em 2001, Marcelo Galvão criou a Gatacine, produtora sediada em São Paulo especializada em cinema, conteúdo para TV e publicidade. Dentro do cinema, Marcelo Galvão coleciona mais de 50 prêmios em importantes festivais nacionais e internacionais. Na área de publicidade, dirigiu comerciais para grandes anunciantes como Unilever, Nike, Procter & Gamble, Fiat, Panasonic, Johnson & Johnson, entre muitas outras marcas líderes de mercado. Além disso, produziu diversos conteúdos virais para a internet, vários deles com mais de 1 milhão de visualizações, incluindo a famosa campanha do #VEMSEANPENN, na qual escreveu, dirigiu, produziu e montou um vídeo sobre o sonho de Ariel, um ator de cinema com síndrome de Down que desejava conhecer o astro Sean Penn. O vídeo teve mais de 1 milhão de views três dias após seu lançamento no YouTube e foi o sexto vídeo mais compartilhado do mundo na ocasião.

Marcelo, já podemos dizer que o Brasil tem uma indústria cinematográfica moldada ao nosso jeito de fazer cinema?

Não acho que podemos dizer que existe algum tipo de indústria cinematográfica no Brasil, pois mais de 90% dos filmes são, de alguma forma subsidiados pelo Governo, sejam através de editais, fomentos ou leis de incentivo. Para haver uma indústria, os filmes brasileiros precisam dar lucro suficiente para bancar uma próxima produção, sem precisar usar subsídio do Estado.

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Roteirizar, produzir ou dirigir, em que momento esses “três” Marcelos trabalham de uma forma uniforme?

Um está sempre corrigindo, ou tentando aperfeiçoar o que o outro fez. Quero dirigir melhor do que escrevi e quero montar um filme melhor do que filmei. Às vezes dá certo, às vezes não, mas o que sai é sempre algo em comum acordo com esses três Marcelos.

Já existiu algum tipo de briga interna entre as três funções que você está inserido, ou seja, na hora de dirigir viu que o roteiro não ficou como planejava e vice-versa?

Sempre. É uma luta constante que travo querendo sempre o melhor para o filme, por isso tenho que ser cruel com os meus heterônimos. Sempre procuro melhorar os diálogos do roteiro quando estou dirigindo os atores, sempre corto cenas fantásticas, interpretações geniais que não ajudam a contar a história.

Você também é conhecido como um grande preparador de elenco. O que um preparador de elenco acrescenta na carreira dos atores em sua visão?

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Adoro dirigir ator e procuro sempre me aprimorar nisso. Acho que para o ator é muito bom ter um diretor que se preocupe em tirar o máximo dele. Não consigo imaginar outra pessoa preparando os meus atores se não eu, como posso exigir deles, se não sei o que eles podem me dar? A preparação de ator para mim serve para encontrar, com o ator, o personagem da nossa história e, mais que isso, serve para eu conhecer bem a pessoa que irei trabalhar.

Em que momento um diretor pode se perder na cena?

Em vários momentos, principalmente quando não tem controle da equipe, nem dos atores.

Isso já aconteceu com você?

Ainda não.

Você é formado em Publicidade e Propaganda pela FAAP além de ter trabalhado em grandes agências. Já trouxe para os seus filmes algo que aprendeu com a Propaganda?

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Muitas vezes, o fato de termos que fazer uma pessoa rir ou se emocionar em 30 segundos nos ajuda a sermos objetivos e sintéticos na forma de contarmos essas emoções. Além disso, a propaganda tem uma exigência estética que nos disciplina a querermos sempre o melhor.

Quais os maiores desafios que encontrou quando realizou o filme “Colegas?”.

Preconceito na hora de captar recursos. Demorou sete anos ou porque não aceitei rebates ilícitos de comissões de captação ou porque as empresas não queriam associar a marca a síndrome de Down. Mesmo depois de ganharmos vários prêmios, ainda ouvi um alto executivo, de uma grande empresa, onde fui pedir apoio na divulgação, dizer que o filme seria um fracasso porque ninguém gosta de estar perto de um deficiente. Como resposta criamos um vídeo do Ariel (protagonista Down do Colegas) pedindo as pessoas para o ajudarem a realizar o seu sonho de conhecer o astro de Hollywood, Sean Penn. Resultado, em um dia o vídeo teve mais de um milhão e meio de views, foi o sexto vídeo mais compartilhado do mundo naquela semana e o executivo, preconceituoso, colocou nas suas redes sociais que o nosso filme era fantástico.

Quanto de “Thelma & Louise” existe em “Colegas?”.

Muito, é a inspiração deles para fugir. E acaba, de forma metalinguística, virando um “Thelma & Louise” deles; garotos inocentes, que buscam a liberdade, fugindo da polícia para realizar os seus sonhos.

Qual a sua visão sobre as novas plataformas como Netflix, sendo que nesta teve a experiência de realizar o filme “O Matador?”.

Novas plataformas estão vindo para ajudar, são mais players no mercado, precisando de mais conteúdos e isso é muito bom para toda a classe artística. Além disso, quando você faz uma produção original, como no caso de “O Matador”, você não precisa se preocupar com o financiamento, em captar recursos, aprovar o projeto nas leis, pois a plataforma banca todo o custo de produção. E o melhor de tudo é que o seu filme fica disponível para um grande público poder ver. No caso da Netflix, são mais de 190 países, mais de 20 línguas diferentes e mais de 110 milhões de usuários. A distribuição é maior do que qualquer lançamento em cinema.

Para onde você acredita que caminha o cinema com a tão falada convergência das mídias?

Para uma maior democratização da forma de produção e exibição e para uma meritocracia na audiência dos conteúdos.

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Última atualização da matéria foi há 1 ano


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