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As valiosas dicas do headhunter Robert Wong

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Robert Wong formou-se pela Chapel American School em São Paulo, graduou-se em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e recebeu uma bolsa como um Confederation of British Industry Scholar para sua pós-graduação na Inglaterra. Participou do curso de extensão em educação executiva pela Harvard Business School. Foi presidente da Korn/Ferry para o Brasil e a América Latina, uma das maiores empresas do mundo em recrutamento e seleção. Foi considerado pela revista “The Economist” um dos 200 mais destacados headhunters do mundo por seu genuíno interesse nas pessoas e no seu talento de descobrir qualificações, às vezes até desconhecidas pelo próprio candidato. É membro efetivo de vários ONGs e escolas, entre elas: FIA-USP, SIFE, Colégio Sidarta, ONG CEO do Futuro. Atualmente, Robert Wong é CEO da Robert Wong Consultoria. Wong é um ser humano tricultural: cidadão brasileiro de origem chinesa, fluente em inglês, português e chinês. Autor dos livros “O Sucesso Está no Equilíbrio” que está em sua 14.ª Edição e “Super Dicas para Conquistar um Ótimo Emprego”. É reconhecido como um dos palestrantes mais influentes e destacados no mercado. “Recrutar é uma arte que requer o bom uso dos dois hemisférios do cérebro, pois, o processo de contratar alguém passa basicamente por duas fases distintas”, afirma o consultor.

Robert, o senhor é considerado o maior headhunter do nosso país e um dos maiores de todo o mundo. Quais características mais buscadas pelas empresas num executivo atualmente?

Evidentemente, isto varia de empresa para empresa, mas creio que há características universais que todos almejam encontrar no executivo a ser contratado. Estes atributos normalmente não são “ensináveis”, pois, se espera que sejam intrínsecas ao indivíduo. São elas: Visão (enxerga o que outros não enxergam); Poder de Decisão (especialmente na escolha das pessoas-chave e as consideradas impopulares, mas necessárias); e Capacidade de Inspiração (para que as tropas deem o máximo de si). Além do mais, outras características importantíssimas que este líder deva ter são: Atitude (essência que já vem com o indivíduo); Competência (o que esta pessoa pode fazer para a empresa agora, e não o que ele conseguiu lá atrás); e seu Potencial para Crescer (até onde ele pode chegar). No fundo, estas três qualidades representam seu Passado, Presente e Futuro!

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O que distingue um bom headhunter do headhunter excepcional?

Como o trabalho envolve essencialmente lidar com gente, alguns fatores têm relevância ainda mais significativa, como, por exemplo: genuíno interesse nas pessoas… e em negócios, intuição, sensitividade, entendimento do comportamento humano, percepção do que está nas entrelinhas, inteligência emocional, capacidade de ouvir, empatia e especialmente humildade.

Recrutar um bom profissional no mercado é mais instintivo ou existe uma engenharia muita mais complexa do que isso?

Recrutar é uma arte que requer o bom uso dos dois hemisférios do cérebro, pois, o processo de contratar alguém passa basicamente por duas fases distintas. Na primeira fase, que é a seleção, quando se faz o peneiramento dos diversos candidatos possíveis, o procedimento é altamente objetivo e racional, pois, se avalia seus dados concretos e até mensuráveis e comparáveis (idade, formação, conhecimento de línguas, anos de experiência, resultados, empresas trabalhadas, etc). Na segunda fase, quando da entrevista com os finalistas para se tomar a decisão de quem efetivamente contratar, o processo passa a ser altamente subjetiva e emocional (deu-se a química, bateu o santo, feeling, questão de pele, entrosamento, etc). Até para escolhermos nossos cônjuges, acontece a mesma coisa. É ou não é?

Vamos voltar ao começo dos anos 2000. Os altos salários das ponto.com naquele momento era algo que estava fora da realidade?

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Como acontece de forma natural neste mundo do capitalismo, o que prevalece é a lei do mercado. Naquela época, havia uma alta demanda de profissionais para preencherem determinadas posições e infelizmente uma baixa oferta de talentos. Deu no que deu… e o fenômeno até ficou conhecido como “apagão de talentos”. Lembra?

Passados todos esses anos, acredita que as empresas deste mercado aprenderam a lição?

Sinceramente, espero que sim. Há uma prioridade urgente em investir na educação e manter nossos talentos no Brasil para que não aconteça um “brain drain”, que é o pior déficit que um país pode sofrer. E falando em educação, permita-me usar uma frase que cunhei que diz:

“Qual a diferença entre a Escola e a Vida? Na Escola, você aprende uma lição e espera-se que você passe na prova. Na Vida, você passa por uma prova e espera-se que você aprenda a lição!”

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Os executivos brasileiros estão tendo aquilo que o senhor chama de eterna curiosidade de si próprio e sobre o outro?

Se curiosidade aqui quer dizer “interesse”, “vontade de conhecer”, “querer aprender”, então é ótima; mas se ser curioso for “bisbilhotar”, “infringir o espaço do outro”, “ser inconveniente”, então isto é péssimo. Costumo dizer que há 3 pessoas que podem se considerar plenas:

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Aquele que não sabe… e pergunta.

Aquele que sabe… e ensina.

E aquele que ensina… e pratica!

O total equilíbrio na esfera profissional/pessoal é possível num mundo altamente conectado?

Total é uma palavra meio forte, mas sim “equilíbrio equilibrado” é possível e altamente desejável. Este inclusive foi o tema do meu livro que foi um best seller na época, intitulado “O Sucesso Está no Equilíbrio”. O Equilíbrio, como a felicidade, é perfeitamente atingível, pois, ele é uma decisão pessoal!

O senhor fala fluentemente em 3 idiomas que são o português, o inglês e o chinês. O que mais gosta na cultura corporativa dos EUA, do Brasil e da China?

Gosto muito das 3 culturas que têm muito a nos ensinar, a saber:

EUA: Work ethics, foco no resultado, meritocracia, a lei é para todos, tempo é dinheiro, QI (Quociente Intelectual).

Brasil: Criatividade, jogo de cintura, calor humano, esperança, tempo não é dinheiro, QE (Quociente Emocional).

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China: Diligência, o dever antes dos direitos, produtividade, gostar do que faz, tempo é tempo e dinheiro é dinheiro, QO (Quociente Operacional).

E o que menos gosta?

Não gosto de julgar aos outros, mas já que tenho que responder a esta pergunta, aqui vai:

EUA: Às vezes, as coisas são feitas rigidamente “by the books”.

Brasil: Falta de pontualidade.

China: Demora na tomada de decisões.

Para descobrir nossa vocação é preciso ouvir a voz interior como já afirmou em uma certa ocasião. Na maioria dos casos que o senhor conhece, as pessoas ouviram a sua voz interior?

Poucos efetivamente ouvem sua voz interna, seu “chamado”, que, no fundo, é sua “Vocação”, pois, a maioria está mais atenta e ligada às vozes externas, aos ruídos da mente, às imposições da sociedade, à mídia, aos seus medos, crenças e ignorância. Para se conectar ao seu interior são necessários os três “Cs”: Competência, Condições e especialmente a Coragem. Faz se necessário sair da sua zona de conforto e arriscar. Vale a pena, podes crer!

O que tem assustado e motivado os profissionais neste mundo caótico e fascinante do qual fazemos parte?

Muita gente anda cada vez mais preocupada com o mundo cibernético e suas consequências, especialmente em relação à sua eventual substituição por uma máquina, um robô, a Inteligência Artificial, o computador, a automação e agora esta nova onda do “Blockchain”. Isto já está acontecendo e podemos ver que em alguns setores a predominância de máquinas e robôs está plenamente visível, particularmente onde o trabalho demanda tarefas repetitivas, perigosas ou insalubres. Mas, por mais que o computador e seus derivados possam realizar estes trabalhos de forma melhor, mais precisa, mais rápida, mais econômica que o ser humano, um robô é incapaz de produzir ou reproduzir um fator essencial – a empatia humana! Assim posto, trabalhos e serviços que requeiram um toque humano vão estar em alta, mais ainda no mundo atual que anda cada vez mais carente e mais egocêntrico. Invista nesta qualidade da sua persona, bem como na sua Sabedoria, Intuição, Criatividade, Ética, Sensitividade, Emoções e especialmente, na sua Liberdade, o qual defino como “o direito de você ser quem você é!”

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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