Correios, Louvre, botox dental…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
MTV Brasil: de ícone pop a VHS arranhado na era do streaming
A MTV Brasil nasceu em 20 de outubro de 1990, e em 2025 será desligada da tomada pelo novo dono da Paramount — ninguém menos que o herdeiro de Larry Ellison (David), o bilionário que comprou a juventude dos anos 1990 só para desligar o som. É o fim melancólico da emissora que ensinou uma geração a confundir rebeldia com clipe musical. A MTV foi o oráculo dos videoclipes, o confessionário dos VJs e o altar da cultura pop, agora substituído por algoritmos e influenciadores sem fio de microfone. O encerramento é simbólico: o filho de um dos homens mais ricos do planeta desliga uma TV que pertencia aos pobres de espírito — os jovens. E assim a música, que antes pedia “I want my MTV”, hoje pede apenas um plano premium sem anúncios.
“No Kings”: Trump se diz plebeu enquanto janta a um milhão por prato
Milhares de americanos foram às ruas gritar “No Kings” contra Donald Trump, o presidente que jura não ser um rei, mas governa como se tivesse herdado o trono da Casa Branca. Enquanto os manifestantes transformavam a Times Square em uma mistura de Woodstock e Bastilha, o ex-empresário passava o fim de semana em Mar-a-Lago — seu castelo tropical — arrecadando um milhão de dólares por prato. Os protestos parecem mais uma performance coletiva de terapia política: cidadãos tentando exorcizar o fantasma do autoritarismo com cartazes e purpurina. O Partido Republicano chamou os atos de “comunistas”, o que nos EUA é o mesmo que chamar alguém de “herege”. Trump, sempre performático, respondeu com um vídeo em que aparece de coroa — o que, curiosamente, é o gesto mais honesto de sua carreira política. A América, mais uma vez, mostra ao mundo que é possível rir enquanto o império desaba.
Correios: de estatal exemplar a carteiro endividado com CPF negativado
Os Correios, outrora orgulho nacional e símbolo de eficiência (quando a carta ainda competia com o e-mail), agora protagonizam mais um escândalo bilionário digno de telenovela política. A deputada Carol de Toni (PL-SC) reuniu 130 assinaturas para criar uma CPI que promete investigar como a empresa foi de carteiro a credor compulsório. A estatal que já foi sinônimo de lucro, selo comemorativo e Papai Noel, hoje parece mais um aviso de cobrança atrasada — entregue por ela mesma. A iniciativa tem ares de moralidade republicana, mas também de palco eleitoral: afinal, investigar dá ibope, e o carteiro que chega com CPI na mão não é barrado por cachorro algum. A promessa é descobrir para onde foram os bilhões, mas todos sabemos o desfecho: cartas extraviadas, discursos inflamados e um relatório final que vai direto para o arquivo morto — também conhecido como gaveta da memória nacional.

Louvre em 7 minutos: o novo recorde olímpico do crime
Sete minutos. Foi o tempo necessário para criminosos entrarem no Louvre, quebrar uma janela e saírem de lá com joias de valor inestimável — e um lugar na história do crime europeu. Nem Lupin teria tanta eficiência, e nem os seguranças do museu tanta lentidão. O ministro francês Laurent Nuñez garantiu que “os responsáveis serão encontrados”, o que, em linguagem diplomática, significa “talvez, quem sabe, um dia, avec chance”. A França, que já perdeu a Mona Lisa uma vez, agora perde suas joias da coroa, provando que o verdadeiro luxo parisiense é a reincidência. Os ladrões fugiram de motocicleta, como bons franceses de filme noir, e deixaram para trás apenas uma peça — talvez um lembrete para o seguro. O Louvre, fechado às pressas, transformou-se em metáfora perfeita da Europa contemporânea: cercada, cara e vulnerável.
O país do botox dental e do sorriso inflacionado
O Brasil tem agora mais de 420 mil dentistas — o maior número do mundo — e cresce a 82% ao ano nas faculdades de Odontologia. É o verdadeiro “milagre da arcada dentária”. O Conselho Federal de Odontologia, preocupado com a invasão estética, propõe uma prova ao estilo OAB: o “Exame da Mordida Nacional”. O boom é alimentado por clareamentos, facetas e harmonizações faciais, que transformaram o sorriso em ativo financeiro. O dentista virou meio artista, meio empreendedor e meio dermatologista clandestino. Enquanto uns corrigem bruxismo, outros corrigem autoestima. A fronteira entre a saúde e o marketing é tão tênue quanto um fio dental. O CFO teme o excesso de profissionais, mas o brasileiro, esse eterno exportador de vaidade, não se preocupa: para cada novo dentista, há um novo sorriso esperando um financiamento em 12 vezes. Afinal, se o país não tem emprego, ao menos tem gengiva reluzente.

Reforma Casa Brasil: o puxadinho oficializado com juros subsidiados
Lula lança o programa Reforma Casa Brasil, um “Minha Casa, Meu Puxadinho” turbinado com R$ 40 bilhões em crédito para reformas e melhorias de moradias populares. A promessa é nobre: tirar o brasileiro da goteira e colocá-lo sob juros baixos. A Caixa entra com R$ 10 bilhões e o Governo com R$ 30 bilhões — a conta, claro, fica para o contribuinte, que já financia até a calha do vizinho. O projeto prevê juros menores que os do mercado, o que soa bem até lembrarmos que o mercado é quem financia o Tesouro. Lula aposta no cimento como ferramenta eleitoral: cada telhado refeito é um voto conquistado. O discurso fala em “moradia digna”, mas o timing fala em 2026. No Brasil, casa reformada é metáfora: pinta-se a fachada, mas o alicerce continua rachado.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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