Emmanuelle, NASA, Yasmin Brunet…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Quem for ao cinema esperando reviver o erótico clássico dos anos 70 pode se preparar para uma Emmanuelle sem fumaça, sem veludo, sem Kristel e sem paciência para nostalgia decadente
Se em 1974 Emmanuelle nos oferecia uma fantasia vagamente libertária emoldurada por musiquinha de flauta e softcore com palmeiras tailandesas, agora temos uma protagonista que voa para Hong Kong em busca de prazer perdido — como se fosse fácil reencontrá-lo no meio do Wi-Fi instável de hotel boutique. A diretora francesa Audrey Diwan, que parece ter estudado sociologia pós-estruturalista com vinho do Rhône, sentencia: “a antiga Emmanuelle está morta”. Claro, madame. Já estavam nos dizendo isso desde que o pornô virou streaming. O novo filme, estrelado por Noémie Merlant, é mais uma “jornada” que substitui gemidos por metáforas e orgasmos por narrativas. Falar de sexo sem parecer vulgar? A França ainda tenta. Mas o que poderia ser uma releitura provocante termina como um seminário da Unesco com trilha de jazz e angústia performática. Se o erotismo morreu, o feminismo acadêmico matou — com um ensaio de 95 minutos sobre como o tesão também sofre com a globalização.
Tarifa, revanche e diplomacia ao estilo motociata: Trump cutuca o Brasil, Lula reage com cara de quem já viu esse filme dublado na Sessão da Tarde
Donald Trump, agora com os dedos no teclado e sem o Twitter original, anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O Governo Lula, em pleno “não fomos oficialmente informados”, reagiu com um mix de samba de breque e juramento de guerra tarifária. Sidônio Palmeira, o ministro da Secom e porta-voz dos recados com sotaque baiano, avisou: se entrar por lá, sai por cá. A famosa Lei da Reciprocidade Econômica, que geralmente vive esquecida nos arquivos do Itamaraty, ressuscita como zumbi tarifário. Lula não ligará para Trump, e nem precisa — os dois se entendem no idioma universal da birra geopolítica. Tudo, é claro, sem nenhuma confirmação oficial por parte do governo americano, apenas um post de Trump no que sobrou de sua rede social. Até lá, o agronegócio brasileiro vive o suspense: será que vão taxar o boi, o café ou o meme de exportação? O Brasil ameaça retaliar, mas o que sobra mesmo é a dúvida: e se for só mais um tweet de velho carente?
Yasmin Brunet e o eterno tribunal do corpo feminino: redes sociais como Inquisição do século XXI, só que com menos ética e mais emoticon
Yasmin Brunet desabafou sobre os comentários venenosos que recebe a respeito de sua aparência — porque, aparentemente, ser uma mulher famosa é um convite diário ao julgamento popular gratuito. Ex-BBB, modelo, filha de gente famosa e vítima do lipedema, Yasmin vem passando por uma drástica transformação corporal. E claro: isso é suficiente para virar assunto nos tribunais de celular em punho. Gente sem CPF emocional vomita opinião na própria página da moça como se fosse terapeuta não solicitado. Yasmin bloqueia, desabafa e avisa: “Não me machuca mais, mas incomoda”. E como não incomodaria? A internet tornou todo mundo juiz de beleza, empatia e moral alheia. A tela do celular transformou o internauta médio em Torquemada com emojis. E o que resta à celebridade é aprender kung fu emocional — para bloquear, silenciar, respirar fundo e seguir postando stories enquanto a sociedade digital aplaude o linchamento com filtros e likes.
Webb’s First Deep Field completa três anos e mostra que, em termos de profundidade, o universo ainda ganha de qualquer thread no X
Há três anos, no dia 11 de julho de 2022, a NASA nos presenteava com a imagem mais nítida do universo primitivo já captada: o Webb’s First Deep Field. Galáxias inteiras encolhidas em pixels cósmicos, revelando a beleza do caos em HD intergaláctico. E o que fizemos desde então? Usamos a mesma tecnologia para postar dancinhas no TikTok e teorias da conspiração em resoluções cada vez mais estonteantes. O telescópio James Webb olha para 13 bilhões de anos atrás enquanto a humanidade continua tropeçando nos próximos 15 minutos. O contraste é gritante: enquanto cientistas estudam estrelas mortas para entender a origem da vida, uma parcela da internet ainda duvida que a Terra seja redonda. O céu está cheio de respostas, mas a pergunta que nos persegue é uma só: por que insistimos em ser tão rasos em tempos de tanta profundidade?

Elon Musk lança o Partido da América, desafia Trump e transforma a política dos EUA num episódio inédito de Game of Thrones com Wi-Fi da Starlink
Elon Musk, não satisfeito em dominar o espaço, os carros elétricos, os memes e a fertilidade humana, agora quer presidir a política americana — começando com a criação do “Partido da América”. Nome humilde, né? A ideia é se tornar o fiel da balança no Congresso, com meia dúzia de parlamentares eleitos via algoritmos, foguetes e cultos de personalidade. Como o velho Epaminondas, general de Tebas, Musk quer destruir Esparta-Trump com um golpe tático: vencer com pouco, desde que esse pouco esteja no lugar certo. Trump, por sua vez, ameaça cortar subsídios à Tesla, à SpaceX e possivelmente até ao oxigênio de Elon. Mas será que pode? A NASA depende dele. A Estação Espacial depende dele. A Ucrânia depende da Starlink. A Terra, no fundo, já é meio dependente dele. Musk virou um Eisenhower de camiseta preta e wi-fi via satélite, e ameaça: se Trump blefar, perde o jogo. Se tiver os ases, Elon volta para Pretória. E a América fica, de novo, entre dois bilionários que acham que são Napoleão.
Inflação sobe devagarinho, energia explode, transporte por app vira item de luxo e o consumidor brasileiro ensaia um grito, mas engasga com o boleto
O IPCA de junho ficou em suaves 0,24%, o que, na prática, significa que a carestia continua firme, mas agora de salto baixo. Com um acumulado de 5,35% nos últimos 12 meses, a inflação segue aquela receita tipicamente brasileira: uma colher de otimismo, duas de aumento na conta de luz e uma pitada de desespero no fim do mês. O maior vilão de junho foi a energia elétrica residencial, que subiu quase 3% — com ajuda da sempre simpática bandeira vermelha, que cobra R$ 4,46 extras por 100 kWh e ainda exige que o cidadão sorria. A comida, milagrosamente, teve leve queda, talvez porque o brasileiro já esteja comendo menos. Enquanto isso, transporte por aplicativo disparou 13,77%: aparentemente, pedir um carro agora é um luxo equivalente a comprar um filhote de labrador treinado em Viena. Até o vestuário entrou na dança: roupa masculina subindo mais que a autoestima do economista-chefe do Governo. O IBGE divulga os dados, o Governo finge satisfação técnica, e o consumidor segue apertando o cinto — não por prudência, mas porque já não dá para comprar outro.

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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