Frei Chico, Petrobras, IHGB…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Diplomacia com cafezinho e veludo: Mauro Vieira e Marco Rubio posam de estadistas enquanto Trump limpa a poeira do quintal latino
Um brasileiro e um americano entram na Casa Branca — parece piada, mas é diplomacia. Mauro Vieira, nosso chanceler de voz de confessionário e alma de funcionário público experiente, encontrou Marco Rubio, agora convertido em conselheiro “moderado” de Trump, para uma conversa “muito positiva”, segundo o comunicado oficial, ou “muito calculada”, segundo qualquer pessoa com dois neurônios e um pouco de cinismo. O encontro, simbólico até o talo, teve tête-à-tête sem intérpretes — sinal de que ambos falam fluentemente a língua universal da conveniência. Nenhuma menção a Jair Bolsonaro, aquele espectro tropical que Trump usou como desculpa para tarifar o Brasil e aplicar sanções. Aparentemente, o ex-presidente virou assunto morto — e enterrado sem pompa no cemitério das irrelevâncias políticas. Rubio, com sua cara de quem sempre sabe mais do que diz, evitou o tema Monroe, mas Trump sonha em transformar a América Latina novamente em quintal, desta vez com piscina e energia solar. Lula, pragmático, deve jogar o jogo: sorrir para Washington enquanto acena para Pequim. O Itamaraty celebra “avanços” — o que, em diplomacia, costuma significar que ninguém saiu xingando ninguém. É o triunfo da moderação, essa arte de parecer firme sem dizer absolutamente nada.
Brigitte Bardot, 91 anos e ainda símbolo: a beleza que envelheceu, mas nunca pediu desculpas
Brigitte Bardot, ícone supremo do cinema francês e patrona dos gatos, cães e maridos abandonados, passou por cirurgia e se recupera bem em Saint-Tropez — o mesmo vilarejo que ela transformou em mito erótico nos anos 1960. Aos 91 anos, Bardot é o retrato de uma época que acreditava em charme antes do filtro e em pecado antes do politicamente correto. A mulher que inspirou De Gaulle a perdoar o hedonismo francês agora vive cercada de bichos, memória e mar. A nota oficial fala em “cirurgia bem-sucedida”, e os fãs suspiram de alívio. Afinal, Bardot não é só uma atriz aposentada: é uma instituição emocional da França. Lutou pelos animais, perdeu o pudor e ganhou o direito de dizer o que pensa — o que, em 2025, é quase um crime. Sua existência é um lembrete de que a velhice pode ser sexy e que a beleza, quando autêntica, sobrevive até ao bisturi do tempo.
Frei Chico aciona a Justiça: quando o irmão de Lula descobre que a internet não perdoa, nem reza
José Ferreira da Silva, o famoso Frei Chico — meio irmão, meio símbolo do “lulismo fraternal” — decidiu reagir às acusações nas redes sociais que o ligam a descontos indevidos a aposentados. Alega ser vítima de “julgamento antecipado”, o que é verdade, já que o tribunal digital tem toga e teclado. Vice-presidente do Sindnapi, o sindicato que descobriu a alquimia de multiplicar receitas em 500%, Frei Chico afirma não ter nada com o caso e se diz alvo de fake news. A CPMI do INSS, por sua vez, faz seu teatro habitual: deputados gritam, senadores suspiram e a verdade fica ali, tímida, encostada no corredor. O escândalo é um clássico nacional — aposentados lesados, sindicatos gordos e um parente ilustre para dar tempero. Frei Chico processa quem o acusa, o que é justo; mas o Brasil processa mal, o que é trágico. No fim, a fé e a dúvida dividem o mesmo altar.

Petrobras ganha licença para perfurar a Margem Equatorial: quando o pré-sal encontra o pré-colapso climático
O Ibama, em raro momento de generosidade ambiental, deu sinal verde para a Petrobras explorar petróleo na Margem Equatorial — o que é o mesmo que permitir a um fumante abrir um bar de charutos num hospital. A estatal festejou como “conquista da sociedade brasileira”, essa entidade metafísica que serve para justificar qualquer coisa, de aumento de tarifa a desastre ecológico. A presidente Magda Chambriard exaltou “a robustez da estrutura ambiental”, expressão que soa ainda mais curiosa quando aplicada a uma perfuração de 500 km da foz do Amazonas. A promessa é de segurança total, o que no Brasil costuma durar até a próxima manchete. O projeto é bilionário, as justificativas são patrióticas, e os ambientalistas já estão em posição fetal. Enquanto isso, Lula finge equilíbrio entre Greta Thunberg e Davi Alcolumbre, o novo padroeiro do petróleo do Amapá. A perfuração começa “imediatamente” — porque esperar para destruir o planeta é falta de ambição.
D. Pedro II funda o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e inaugura a mais antiga confraria de tédio solene do país
Em 21 de outubro de 1838, Dom Pedro II, então jovem, culto e já meio entediado com o trono, fundou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro — uma espécie de clube do bolinha ilustrado do século XIX, onde senhores de barbas respeitáveis podiam discutir fronteiras, genealogias e a geografia das suas próprias vaidades. O IHGB, ao longo dos séculos, tornou-se um templo da erudição burocrática e do latim ornamental, uma academia antes da Academia. Ali nasceram mapas, teses e discursos que fizeram o Brasil parecer civilizado antes de o Brasil sequer saber o que era isso. Os salões do Instituto são o retrato da velha elite letrada: um país que produzia mais memórias do que ações. E, convenhamos, continua produzindo. O IHGB segue firme, sobrevivendo a impérios, ditaduras, repúblicas e reformas do ensino — a prova viva de que o tédio institucional também é uma forma de imortalidade.

Jennifer Lawrence e Robert Pattinson comem do lixo e servem realismo à mesa de Hollywood
Jennifer Lawrence revelou que serviu comida retirada do lixo a Robert Pattinson — e ele comeu, pediu mais e agradeceu. O episódio, contado com risadas, é uma parábola perfeita da indústria do entretenimento: todos se alimentam do que já foi descartado, desde roteiros reciclados até amizades reencenadas para talk shows. A atriz, que estrela o thriller “Morra, Amor”, talvez tenha protagonizado sem querer o spin-off da decadência de Hollywood: o glamour está no lixo, mas o público ainda lambe os dedos. O caso gerou memes, claro, mas também certa ternura: a honestidade de dois milionários dividindo uma coxinha reaproveitada parece quase socialista. Robert, com sua cara de vampiro cansado, e Jennifer, com sua ironia afiada, provam que o lixo de Hollywood ainda rende manchetes, bilheteria e um ou outro prêmio. Em tempos de IA e roteiros genéricos, o improviso humano — mesmo com cheiro de lixo — ainda tem sabor.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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