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Garnero fala da difícil negociação com sauditas

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O campineiro Mario Bernardo Garnero é um dos mais influentes empresários do Brasil. Em 1979, Garnero promoveu o I Seminário Internacional sobre investimentos no Brasil, em Salzburgo, na Áustria. Após o seminário, o Brasilinvest (banco de Garnero) começou a operar como banco de negócios, intermediando investimentos estrangeiros no Brasil. Desde seu início, em 1975, a empresa contou com sócios das mais diversas partes do mundo entre os quais se destacam japoneses, americanos, franceses, alemães, suíços, espanhóis e até mesmo de países então socialistas, como a antiga Iugoslávia. Em 2002, foi o único brasileiro a participar do encontro anual do Partido Republicano, em Beaver Creek, no Colorado. Na ocasião, Garnero entregou a Dick Cheney, na época vice-presidente dos Estados Unidos, uma carta escrita por José Dirceu, então presidente do PT. “Não criamos o etanol para substituir o petróleo, mas para complementar o perfil da matriz energética brasileira. O país pode e deve ser autossuficiente em energia com as fontes de petróleo, eólica, hidráulica, biomassa e atômica para usar as suas reservas enormes de urânio. Fukushima foi um tsunami e não problema técnico da usina. (…) A burocracia, os impostos desconectados com a realidade, a infraestrutura cara e ineficiente que anulam os ganhos de produtividade em todos os setores da economia nacional”, afirma o homem de negócios.

Quais são as maiores dificuldades encontradas para se administrar um grande negócio no Brasil?

A burocracia, os impostos desconectados com a realidade, a infraestrutura cara e ineficiente que anulam os ganhos de produtividade em todos os setores da economia nacional e criam inflação e rebaixam a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

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Muitas famílias perderam as suas respectivas fortunas na segunda geração. Como fazer para que suas fortunas continuem nas mesmas mãos e até se multipliquem?

O reforço da ideia do management profissional e do acesso a capitais através do mercado financeiro.

Se considera um embaixador de negócios informal do Governo brasileiro, já que consegue trazer para os seus projetos nomes como dos empresários Oleg Deripaska, David Tang, Nicolas Berggruen entre tantos outros?

Sou só um humilde mercador do nome Brasil, pioneiro da abertura ao mundo em 1975, com o Seminário de Salzburgo.

O senhor possui parcerias em 16 países de culturas totalmente diferentes. Em qual dessas nações os negócios são operados com maior agressividade?

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Sem dúvida ainda os EUA, por sua capacidade de gerar management competente e inovação tecnológica. Eles não perderão a liderança mundial neste século ainda. Só ver sua renda per capita e compará-la, por exemplo, com a China.

O que um empresário precisa para se tornar um competidor global?

Ter produtos que no mercado interno sejam líderes e que tenham horizontes certos para uma economia gerando mais de 2,4 trilhões de dólares que hoje é maior que economia da Itália.

O senhor é considerado o “pai” do carro a álcool. Acredita que um dia esse combustível poderá substituir por completo o petróleo?

Não criamos o etanol para substituir o petróleo, mas para complementar o perfil da matriz energética brasileira. O país pode e deve ser autossuficiente em energia com as fontes de petróleo, eólica, hidráulica, biomassa e atômica para usar as suas reservas enormes de urânio. Fukushima foi um tsunami e não problema técnico da usina. Mas devemos elevar a produção de etanol, como meta, para 60 milhões de metros cúbicos, mais que dobrando os 400.000 barris dia que hoje produzimos.

Não fica chateado quando o crédito de ter sido o pioneiro em trazer a tecnologia do telefone celular para o Brasil é dado às Organizações Globo e não ao senhor como é devido?

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A verdade sempre transparece. Fiz o primeiro banque d’affaires no Brasil, o primeiro celular, o primeiro laptop e você me chama de o “pai” do carro a álcool. Porque me incomodar, sem falsa modéstia, com gossips [fofocas].

Leia ou ouça também:  Projetos anticorrupção ganham destaque no 4º Prêmio Não Aceito Corrupção

Quem fez mais pelo empresariado nacional, Lula ou FHC?

Creio que Itamar, que sancionou o plano Real; FHC que o implementou e modernizou o Estado com a lei de responsabilidade fiscal; e Lula, com a paz social e a inserção internacional, além do crescimento da economia, foram presidentes que acreditaram na iniciativa privada.

Empresários são simpáticos por alguns partidos, ou eles são convenientes com aquela legenda que está no poder?

Os empresários são partidários de baixa inflação, planejamento estratégico dos Governos, melhoria da infraestrutura, reforma tributária para produzirem mais e mais competitivamente. Estes são os nossos partidos, e temos sido muito tolerantes com erros ou decisões não razoáveis.

Os empresários estão reclamando bastante da taxa de juros que é praticada no Brasil. O senhor também faz parte dos críticos ou é um pouco mais otimista?

Juros e câmbio são parte de um mesmo problema – Não temos coragem de decidir chegar ao déficit nominal zero em um prazo determinado, digamos 3 a 4 anos. No momento que o Governo anunciar esta meta e começar a cumpri-la, a inflação dos agora 10% anualizados cairá para o centro da meta mais que razoável de 4% ao ano, os juros desabarão e os investimentos especulativos do dólar desaparecerão com os juros nivelados aos padrões médios mundiais. A produção decolará e o câmbio será estável e adequado.

Qual foi a negociação em que estava presente, que mais lhe impressionou ao longo do tempo?

A próxima a ser realizada. As do passado são do passado. Mas talvez a mais difícil, tenha sido obter do governo saudita, 500 milhões de dólares, em 1978, a pedido de Carlos Langoni, presidente do Banco Central, com o apoio americano dado então, a meu pedido, pelo secretário de Estado George Shultz. Não fecharíamos a conta e o default (quando um devedor não cumpre as suas obrigações de acordo com um contrato de empréstimo) do Brasil seria declarado.

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O Brasilinvest irá investir na Copa do Mundo em 2014 e nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro?

Sim, estamos abrindo um escritório no Rio, para coordenar nossas atividades. E promover uma Copa e uma Olimpíada dominadas pelo conceito da Economia Verde.

Temos espaço para o surgimento de novos Brasilinvests no Brasil, ou o setor de merchant banks já está saturado?

Pelo contrário. Gostaria que o nosso exemplo bem-sucedido fosse o estímulo para o surgimento de novos merchant banks no Brasil.

Última atualização da matéria foi há 2 anos


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