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Júlio Barroso: ousadia findada pela fatalidade

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Júlio Barroso, nascido em 15 de novembro de 1953, no bairro do Grajaú, Rio de Janeiro, foi uma figura emblemática na cena musical brasileira dos anos 1980. Cantor, compositor, jornalista, DJ, escritor e poeta, sua trajetória foi marcada pela ousadia e inovação, culminando na fundação da banda Gang 90 & As Absurdettes, que desempenhou um papel crucial na consolidação do rock brasileiro daquela década. Barroso iniciou sua carreira como editor da revista “Música do Planeta Terra”, colaborando com nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Posteriormente, atuou na revista “Som Três” e como DJ em casas noturnas renomadas, como a Dancin’ Days, de Nelson Motta, e a Pauliceia Desvairada, onde a Gang 90 fez sua estreia. Infelizmente, sua vida foi interrompida precocemente em 6 de julho de 1984, aos 30 anos, ao cair do 11º andar de seu apartamento em São Paulo, sob circunstâncias ainda debatidas.

Formação e influências: a gênese de um artista multifacetado

Desde jovem, Júlio Barroso demonstrou uma inquietação intelectual que o levou a transitar por diversas expressões artísticas. Sua formação foi marcada pela imersão na contracultura dos anos 1970, absorvendo influências do movimento beatnik, do tropicalismo brasileiro e da efervescente cena musical internacional. Essa diversidade de referências moldou sua visão artística, caracterizada pela fusão de estilos e pela busca constante por inovação. Barroso não se limitava a um único rótulo; sua atuação como jornalista, DJ e poeta refletia uma mente em constante ebulição criativa, sempre à frente de seu tempo.

A criação da Gang 90 & As Absurdettes: inovação e vanguarda no rock nacional

A fundação da Gang 90 & As Absurdettes, em 1981, representou uma ruptura com os padrões estabelecidos na música brasileira. Inspirado por bandas como Talking Heads e B-52’s, Barroso idealizou um grupo que mesclava a new wave com a música pop nacional. A formação inusitada, com três vocalistas femininas — as Absurdettes — e letras que abordavam temas urbanos e contemporâneos, trouxe frescor à cena musical. A participação no Festival MPB-Shell 81, com a música “Perdidos na Selva”, marcou a estreia da banda e evidenciou sua proposta ousada e inovadora.

O impacto de “Perdidos na Selva” e a ascensão da banda

“Perdidos na Selva” não apenas apresentou a Gang 90 ao grande público, mas também sinalizou uma mudança no panorama musical brasileiro. A canção (de Júlio Barroso e Guilherme Arantes ), com sua batida contagiante e letra irreverente, conquistou rapidamente a audiência jovem. Essa repercussão abriu portas para a banda, que passou a frequentar programas de televisão e a se apresentar em importantes casas de show. A Gang 90 tornou-se símbolo de uma geração que buscava novas sonoridades e expressões artísticas, consolidando-se como uma das precursoras do rock dos anos 1980 no Brasil.

“Essa Tal de Gang 90 & As Absurdettes”: um álbum emblemático

O lançamento do álbum “Essa Tal de Gang 90 & As Absurdettes”, em 1983, foi um marco na carreira da banda. O disco trouxe sucessos como “Telefone” e “Nosso Louco Amor”, esta última escolhida como tema da novela “Louco Amor”, de Gilberto Braga. As faixas refletiam a versatilidade e criatividade de Barroso, combinando ritmos dançantes com letras poéticas e bem-humoradas. O álbum recebeu elogios da crítica e solidificou a posição da Gang 90 como uma das bandas mais inovadoras da época.

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A relação de Júlio Barroso com a contracultura e a mídia

Barroso sempre manteve uma postura crítica em relação à indústria cultural e aos padrões midiáticos vigentes. Sua atuação como jornalista e editor de revistas alternativas evidenciava seu compromisso com a difusão de novas ideias e estéticas. Entretanto, ele também soube transitar pelos meios de comunicação de massa, utilizando-os como plataforma para disseminar sua arte. Essa dualidade entre o underground e o mainstream caracterizou sua trajetória e influenciou uma geração de artistas que buscavam autenticidade em suas expressões.

A morte precoce: acidente ou suicídio?

A trágica morte de Júlio Barroso, ao cair do 11º andar de seu apartamento em São Paulo, levantou diversas especulações. Enquanto alguns apontam para um acidente, possivelmente relacionado ao uso de álcool e drogas, outros sugerem a hipótese de suicídio. Amigos próximos, como Nelson Motta, relataram que Barroso estava otimista e cheio de planos, o que contraria a ideia de suicídio. Independentemente das circunstâncias, sua partida abrupta deixou uma lacuna na música brasileira e interrompeu uma carreira promissora.

Legado e influência na música brasileira

Júlio Barroso foi um visionário que, apesar de sua breve passagem, marcou profundamente a cultura brasileira. Sua capacidade de mesclar-se múltiplas influências e sua ousadia em experimentar novas sonoridades fizeram dele um artista singular. Seu nome permanece como um dos grandes ícones da música brasileira, lembrado não apenas pela originalidade da Gang 90, mas também por sua postura irreverente e inovadora. Embora sua morte tenha interrompido precocemente sua trajetória, sua obra segue ecoando entre aqueles que buscam autenticidade e criatividade no cenário musical. Se tivesse vivido mais tempo, certamente Júlio Barroso teria contribuído ainda mais para a evolução do rock brasileiro e para a cena cultural como um todo. Seu impacto transcende o tempo e continua a ser redescoberto por novas gerações.


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