Junk food, Itaú, Khrushchev…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Cármen Lúcia, Dino e o divórcio definitivo com a tutela militar: STF decide dar uma surra constitucional nos quartéis e enterrar de vez os fantasmas da República Velha em toga nova
A cena é quase cinematográfica: Cármen Lúcia, com aquela voz de missas de domingo, dizendo que o julgamento de Jair Bolsonaro vai ficar nos livros de história, enquanto lembra – com polidez homicida – que três generais e um almirante podem trocar suas estrelas por tornozeleiras eletrônicas. Flávio Dino, por sua vez, ergue o dedo (jurídico) para repetir que Forças Armadas devem obediência ao poder civil, não o contrário. Para analistas, essa é a chance de ouro de se exorcizar o fantasma das quarteladas, dos fardões transformados em grupos de pressão e da tutela militar travestida de patriotismo. O recado, em pleno 2025, é direto: não há salvador da pátria, há Constituição. E mais: agora reforçado por sanções, o STF não se curvou. Em tempos de memória curta, é como um lembrete histórico com sabor de deboche: quartéis não são poderes moderadores; são repartições públicas com tanques.
Itaú fecha 227 agências e demite mil home officers: a transformação digital veste terno slim fit e tira o chão dos bancários old school
O Itaú, esse colosso que já teve agência em cada esquina, resolveu enxugar não só o cafezinho dos funcionários como também o próprio mapa. Demitiu mil trabalhadores em home office alegando baixa performance (o que soa sempre como “não gostamos mais de você”), e agora fecha 227 agências com um sorriso digital. Afinal, em 2025, o lucro foi de R$ 11,5 bilhões – quer dizer, milhões? Bilhões? O zero a mais ou a menos virou detalhe – um salto de 14,3% em relação a 2024. Transformação digital, dizem eles. Em linguagem popular, significa que o gerente do bairro virou um chatbot com voz de IA e sem paciência para ouvir seu drama bancário. Para os clientes, é adeus ao cafezinho e olá a telas frias; para os funcionários, é a constatação de que a “modernização” é o velho corte de custos vestido com roupa nova. No fim, a transformação digital é só a velha tesoura neoliberal com filtro do Instagram.
Leatherface troca de dono: A24 vence guerra judicial e promete ressuscitar O Massacre da Serra Elétrica com glamour cult de festival indie
A franquia que nasceu com motosserra e cheiro de gasolina agora ganhou perfume de festival de cinema europeu. A A24 venceu a briga judicial pela marca “O Massacre da Serra Elétrica” depois de décadas de contratos mal resolvidos, lucros escorregadios e autores reclamando direitos. Glen Powell e Roy Lee planejam série, longa, streaming, action figures e, se possível, um restaurante temático. É a prova de que Hollywood transformou até o terror rural setentista em ativo financeiro disputado por advogados em ternos caros. Kim Henkel, o coautor original, passou décadas reivindicando seus direitos usando uma lei obscura de reversão de copyright – um verdadeiro Leatherface jurídico. Agora, com a A24 no comando, a expectativa é de um Leatherface hipster, trilha sonora com Phoebe Bridgers e motosserra filmada em 16 mm. Talvez seja o destino inevitável das obras icônicas: virar objeto de culto highbrow para plateias que só conhecem sangue via filtro sépia.
Khrushchev em 1959 nos EUA: quando o comunismo foi fazer turismo no capitalismo e descobriu que refrigerante era arma geopolítica
Em 15 de setembro de 1959, Nikita Khrushchev pousava nos EUA e dava início à turnê mais improvável da Guerra Fria: um líder soviético visitando o coração do império capitalista. Foi recebido com hambúrgueres, discursos protocolares e olhares desconfiados. Era a primeira vez que um chefe do Kremlin colocava os pés em território norte-americano – um marco histórico que hoje parece anedótico, mas foi um dos primeiros passos para tirar o gelo da Guerra Fria. O encontro mostrou que, às vezes, diplomacia é feita de apertos de mão desconfortáveis e piadas sem graça para câmeras de TV. Hoje, com mísseis hipersônicos e deepfakes de presidentes, a cena parece quase inocente. Khrushchev descobrindo supermercados nos EUA é um meme histórico: o comunista admirado com as prateleiras capitalistas. E o capitalismo, claro, aproveitando para vender sua imagem de abundância como quem vende refrigerante no intervalo do jogo.

OTAN e Rússia disputam mísseis como quem disputa vaga no vestibular: alerta de Mark Rutte dá tom de Guerra Fria 2.0
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, soou o alarme: a Rússia prepara mísseis hipersônicos capazes de atravessar a Europa em minutos, fazendo Londres parecer vizinha de Moscou. O anúncio veio junto de tropas, tanques e caças sendo enviados às pressas para fronteiras vulneráveis, lembrando que a geopolítica é o eterno retorno do mesmo: estica e puxa de arsenais, promessas de “resposta proporcional” e reuniões de emergência. Putin fala dos Orenshiks como se fossem o novo iPhone militar – dez vezes a velocidade do som, capacidade nuclear e alcance “total”. O tom é de Guerra Fria remixada com estética cyberpunk: drones na Polônia, caças invisíveis, mísseis que fazem entrega expressa de ogivas. Para o público europeu, é a constatação de que, em 2025, o mapa continua igual ao de 1962, só com mais hashtags. No fundo, é a velha paranoia de blocos travestida de tecnologia de ponta e discursos sobre “defesa mútua”.
Junk food ataca o hipocampo: a ciência confirma que hambúrguer pode ser mais rápido que Alzheimer na corrida pelo esquecimento
A pesquisa publicada na Neuron é um tapa na cara do marketing de fast-food: apenas alguns dias comendo batata frita, pizza e hambúrguer gorduroso já bastam para bagunçar o centro de memória do cérebro. Os interneurônios CCK do hipocampo ficam hiperativos, a glicose não chega direito, a PKM2 – proteína que regula energia celular – entra em colapso e, voilà, seu cérebro começa a patinar como um HD antigo. Em linguagem popular: comer junk food é tipo dar tela azul no Windows do hipocampo. A boa notícia é que intervenções como jejum intermitente e dietas equilibradas podem reverter o estrago. A má notícia é que quatro dias de junk já te transformam em protagonista de Memento versão delivery. É mais um lembrete de que “somos o que comemos” não é só metáfora de nutricionista, mas ciência dura. E talvez a explicação secreta para esquecermos nossas senhas seja, no fim, uma pizza extra de pepperoni.

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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