Linda Yaccarino, Walter Salles, telefonia…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
BTG quer vender celular e conectividade como quem oferece vinho do Porto: a Nio aposta alto, mas ainda não descobriu se é operadora, solução corporativa ou evangelizadora digital
Eis que surge a Nio, operadora com nome de carro chinês futurista, mas que na verdade é o projeto de telecom do BTG, aquele banco que mistura Faria Lima com megalomania. Herdando a carcaça da antiga Oi (que Deus a tenha), a Nio quer virar MVNO, MVNE, vendendo SIM card pra carro, pacote corporativo e até feitiçaria se for preciso. A empresa quer tudo, menos ser só uma operadora — porque isso hoje é coisa de quem parou nos anos 2000. Com um cofrinho recheado por mais de R$ 12,5 bilhões entre o BTG e um fundo canadense parrudo, a Nio se imagina como a Amazon da telefonia: um ecossistema sem fronteiras, sem alma e sem limites. A única dúvida é se o brasileiro — acostumado a sofrer com as promessas das operadoras — vai comprar esse discurso com cheiro de PowerPoint feito na Faria Lima às 23h.
Elon Musk derruba Linda Yaccarino do trono do X e confirma: plataforma virou uma rave distópica com moderação opcional e algoritmos surtados
Depois de dois anos tentando colar o vaso que Musk quebrou com gosto, Linda Yaccarino desistiu. Deixou o cargo de CEO do X, também conhecido como “aquele ex-Twitter onde a lucidez foi embora com o passarinho azul”. Nomeada para agradar anunciantes, Yaccarino logo percebeu que seu cargo era mais decorativo que útil, já que Musk mandava mais do que síndico em assembleia de prédio. Entre decisões erráticas, boicotes publicitários, teorias conspiratórias liberadas com selo de aprovação e tretas de ego com Trump, a rede social virou uma espécie de praça pública onde tudo pode — e ninguém mais quer anunciar. Resultado? O X hoje vale menos que as ações da Blockbuster. O bilionário dono do brinquedo agora dirige sozinho, no escuro, e com um megafone em punho. Boa sorte pra quem ainda acredita em liberdade sem consequência.

Walter Salles: o bilionário que chora no banho pelo imposto sobre grandes fortunas, mas só depois de ganhar o Oscar
Walter Salles ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional com “Ainda Estou Aqui”, mas o que chocou mesmo foi ele aparecer na lista da Forbes como o 12º homem mais rico do Brasil. Nada contra artistas ricos — até porque esse país vive de herdeiros e não de roteiros —, mas a fortuna de US$ 4,7 bilhões (ou R$ 25,6 bilhões, dependendo da cotação e do humor do Banco Central) causou mais impacto que qualquer cena de “Central do Brasil”. Em um gesto magnânimo, o cineasta defendeu a taxação de grandes fortunas. Fez discurso, citou justiça social, saiu da Faria Lima e desceu até a calçada da moral tributária. A pergunta que fica: ele topa pagar ou prefere só aplaudir o conceito? De toda forma, é reconfortante saber que a elite econômica também lê a Constituição de vez em quando — nem que seja só o artigo que fala sobre isenção fiscal para cultura.
Há 82 anos, tanques soviéticos e nazistas se enfrentaram na Batalha de Prokhorovka, e desde então a diplomacia internacional não conseguiu mais pilotar nem um patinete sem cair
No dia 12 de julho de 1943, o barulho ensurdecedor da Batalha de Prokhorovka ecoava pela Europa Oriental. Foram mais de mil tanques envolvidos numa dança macabra entre soviéticos e nazistas, um balé de destruição que hoje parece distante, mas que lançou as sementes de todos os conflitos que vieram depois. Afinal, se você ainda acha que guerra se ganha com coragem e estratégia, pergunte ao algoritmo de uma startup militar ou a um diplomata dormindo em conferência da ONU. O mais triste? Passamos 82 anos inventando novas tecnologias, mas continuamos brigando pelos mesmos motivos: território, poder e egos descompensados. E se hoje a guerra é digital, com memes, fake news e ataques cibernéticos, a essência segue a mesma: ninguém sabe quem ganha, mas sempre tem um povo que perde tudo.
China ameaça com Confúcio e cita a ONU enquanto Trump joga xadrez com bomba tarifária: Brasil vira peão num tabuleiro que nunca o convida pra jogar
Trump está de volta ao trono da disfunção global, e decidiu mirar sua ira tarifária no Brasil. Produtos brasileiros agora pagam 50% a mais para entrar nos EUA, porque, segundo o novo vilão de reality-show geopolítico, o Brics está querendo “destronar o dólar” — como se o real tivesse força pra comprar até bala de hortelã no exterior. Em resposta, a China evocou a ONU, Confúcio, e o manual diplomático da década de 70, tentando manter a pose zen. Enquanto isso, o Brasil, que organizou uma cúpula cheia de promessas e selfies, leva na cara sem entender se ainda faz parte do jogo ou se foi promovido a espectador. O novo tarifaço é mais um episódio da novela “Os EUA e o mundo: amor bandido”, em que Washington ameaça os vizinhos e depois manda flores. No final, o agro que se vire e o diplomata que escreva uma nota “veementemente preocupada”.

Lula invoca o sagrado direito à aposentadoria, culpa governos passados e promete ressarcimento com inflação — o milagre da previdência by STF, MPF, OAB & Cia
Num vídeo com trilha de esperança e enquadramento celestial, Lula falou em nome dos deuses do INSS: “Aposentadoria é um direito sagrado”. O contexto? Fraudes que arrancaram reais suados de aposentados — justo o grupo que já perdeu dente, paciência e fé nos boletos. Segundo o presidente, quadrilhas de governos anteriores foram as culpadas. Mas agora, sob sua batuta, um acordo homologado pelo STF garante a devolução integral, corrigida pela inflação. Tudo resolvido, como num toque de mágica jurídica com assinatura tripla: Ministério Público, Defensoria Pública e OAB. O Brasil é assim: alguém rouba, outro descobre, um terceiro faz acordo e todo mundo diz que é justiça. O importante é que o aposentado, depois de décadas de fila, espera, e desconto indevido, agora vai poder comprar mais uma cartela de remédio — com juros e correção monetária.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




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