Pablo Marçal, 15 de novembro, Anatel…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
STF libera visitas a Bolsonaro e Nikolas Ferreira comemora como súdito medieval celebrando a bênção do monarca: a corte vira roteiro de novela política de gosto duvidoso
Eis que, após três meses de suspense, tramas paralelas e recortes dignos de minissérie global dos anos 90, o ministro Alexandre de Moraes finalmente liberou Nikolas Ferreira para visitar Jair Bolsonaro em sua prisão domiciliar. O deputado comemorou nas redes sociais com a sutileza de um adolescente reprovado que culpa a escola: chamou Moraes de “rei do país”. Ironia, crítica ou puro marketing? Difícil saber — a fronteira anda mais borrada que live mal iluminada. A visita será no dia 21 de novembro, e não será a única. Magno Malta — eterno protagonista de suas próprias epopeias — faz sua romaria no dia 18. Marcel Van Hattem, Adolfo Sachsida, Bárbara Destefani e Alfredo Gaspar também ganharam o “sinal verde”. Gaspar, aliás, insistiu que, apesar da autorização, não vai visitar Bolsonaro enquanto for relator da CPMI — gesto que soa como aquele “não posso porque tenho que lavar o cabelo”, só que institucionalizado. A corte virou uma espécie de clube onde entrada depende de uma triagem moral, jurídica e performática. Bolsonaro, como protagonista em exílio doméstico, continua atraindo personagens diversos, todos orbitando sua casa como peregrinos políticos buscando benção, manchete ou engajamento. Tudo perfeitamente normal para 2025, onde a realidade compete com roteiros de sátira.
Limp Bizkit cancelado na Estônia porque Fred Durst amou Putin em 2014: diplomacia global descobre nu metal e reage com delay de uma década
Em um plot twist digno de documentário do History Channel, a Estônia decidiu cancelar um show do Limp Bizkit por declarações pró-Putin… feitas há 11 anos. O ministro das Relações Exteriores, Margus Tsahkna, explicou com firmeza: quem apoia a agressão russa não deve subir em palco estoniano. A política externa da Estônia, sempre pragmática, agora inclui avaliação retroativa de crushes geopolíticos de rockstars. O caso remonta ao relacionamento de Fred Durst com a maquiadora crimeana Kseniya Beryazina. Amor, costumes e anexação territorial se misturaram em 2014, quando o vocalista ergueu um cartaz “CRIMEIA = RÚSSIA”, selando sua reputação internacional. Resultado: banimento da Ucrânia, desconfiança generalizada e, agora, veto na Estônia. Durst, hoje mais zen e divorciado desde 2018, não toca no assunto político há anos. Mas política global não esquece — tem a memória rancorosa de sogra experiente. Para os fãs brasileiros, no entanto, tudo segue normal: show confirmado para 20 de dezembro no Allianz Parque, com direito a 311, Bullet for My Valentine e outros nomes que parecem senha randômica de Wi-Fi. A vida cultural brasileira segue ilesa, como sempre.
Justiça condena Pablo Marçal por difamar Tabata Amaral: política paulista prova que, em ano eleitoral, até o pai da candidata vira munição retórica
A Justiça Eleitoral de São Paulo decidiu que Pablo Marçal exagerou no teatro político ao insinuar que Tabata Amaral teria responsabilidade indireta pela morte do pai. A acusação — falsa, cruel e eleitoralmente conveniente — foi feita em entrevista de 2024 e viralizou como todo conteúdo tóxico que encontra internet sem supervisão. O MP apontou que Marçal difundiu um fato sabidamente inverídico com a elegância emocional de um pregador de feira. Tabata reagiu, chamou o ataque de “nojento” e lembrou que estava em São Paulo, com a família, quando o pai faleceu — nada de Harvard, glamour ou abandono. Apenas mentira pura, sintetizada, embalável e pronta para virar clipe de WhatsApp. A condenação: 200 salários mínimos de indenização e sete dias-multa. Um lembrete tardio de que liberdade de expressão não inclui fabricar tragédias alheias para fins eleitorais. A política paulistana segue sendo o teatro grego em versão stand-up: catártica, exagerada e sempre pronta para a próxima acusação.

A Proclamação da República comemora 136 anos: golpe militar disfarçado de ato cívico insiste em ser celebrado como sinônimo de democracia
Todo 15 de novembro o Brasil repete o ritual: celebra um golpe como se fosse feriado de ética cívica. Em 1889, o marechal Deodoro da Fonseca derrubou Pedro II em um movimento tão improvisado que faria um roteirista da Netflix corar. Foi uma troca de regime feita sem povo, sem plebiscito e sem glamour. O mais irônico? O Brasil gosta de chamar o episódio de “Proclamação da República”, expressão pomposa que oculta sua essência: uma quartelada. É quase um caso clássico de marketing político: embrulhar ruptura autoritária em papel de presente patriótico. Hoje, celebramos o feriado com a leve hipocrisia tropical que nos distingue: o país que derrubaria outra vez a monarquia sem entender por quê continua comemorando o ato que nunca escolheu. E Deodoro, em seus bronzeados monumentos, segue impassível, como se fosse fundador de uma democracia que só viria mais de um século depois.
Anatel tenta regular internet via satélite enquanto o céu vira uma rodoviária orbital: Brasil corre atrás do prejuízo enquanto Starlink, Kuiper e cia. já fizeram check-in no espaço
O Brasil — sempre ele — acordou para descobrir que o céu virou um grande sistema de transporte público, só que sem roleta, sem catraca e, claro, sem regras. A Anatel agora se vê na curiosa missão de “elaborar um novo marco regulatório para a internet via satélite”, expressão elegante para dizer: “gente, estamos completamente atrasados e sem manual”. Enquanto isso, as tecnologias Direct-to-Device (D2D) avançam com a delicadeza de um trilho de trem implantado em uma calçada de pedestres. Starlink, Kuiper, Telesat e toda a fauna da órbita baixa já despejam sinais como se o espaço fosse uma versão intergaláctica do Wi-Fi do shopping. As regras atuais? Um documento simpático que funcionava para os tempos calmos das VSAT — aquelas anteninhas que pareciam pertencentes a colecionadores de rádios amadores. Agora, falta tudo: parâmetros para banda S, banda L, mitigação de interferência, regras de convivência entre serviços móveis e satelitais… enfim, um condomínio vertical sem síndico. O setor privado pressiona: as operadoras móveis pedem limites técnicos, coordenação explícita e talvez paciência; já as empresas de satélite querem simplificação e menos papelada, como se o Brasil fosse a Estônia. O contraste é quase poético. Será que o novo marco regulatório virá antes de mais constelações surgirem? Ou teremos uma Via Láctea congestionada como Marginal Tietê às 18h?

Ex-ministro é apontado pela PF como “pilar institucional” de fraude no INSS: Estado brasileiro descobre que corrupção também usa crachá
A PF concluiu que José Carlos Oliveira, ex-ministro e ex-presidente do INSS, não era apenas um espectador, mas um pilar — termo arquitetônico para indicar que, sem ele, o teto da fraude poderia ter desabado. Segundo as investigações, Oliveira autorizou repasses irregulares, intermediou vantagens indevidas e facilitou descontos fraudulentos em benefícios de aposentados e pensionistas. Os detalhes impressionam: codinomes (“São Paulo”, “Yasser”), planilhas com R$ 100 mil em propinas, repasses de R$ 15,3 milhões à Conafer sem comprovação de filiação, e listas que permitiram descontos indevidos em 650 mil benefícios. Um enredo que parece escrito para aquele programa policial das tardes, mas com orçamento federal. O mais espantoso é a continuidade: o esquema teria funcionado durante todo seu período no Governo Bolsonaro, inclusive enquanto era ministro. A Conafer, por sua vez, diz que está disposta a cooperar — frase já clássica do folclore investigativo brasileiro, tão previsível quanto “confio na Justiça”. O Brasil segue cheio de pilares. Só falta o prédio.
Mulheres, Zumbi, ultraprocessados...
novembro 20, 2025Lil Nas X, Jonestown, Metarhizium...
novembro 18, 2025Tiktok, Acre, Noam Chomsky...
novembro 17, 2025Blake Lively, Argélia, Sedna...
novembro 14, 2025Sarampo, Ronaldo Caiado, Paris...
novembro 13, 2025Ângela Diniz, BTG, juros...
novembro 12, 2025Ahmed al-Sharaa, Marina Silva, lei...
novembro 11, 2025PT, COP-30, Me Too...
novembro 8, 2025Tarifas, Sam Smith, Bolcheviques...
novembro 7, 2025PCC, Claudio Castro, Morrissey...
novembro 6, 2025Dick Cheney, Obama, aéreas...
novembro 4, 2025Magna Fraus, Laika, CPI...
novembro 3, 2025
Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.




Facebook Comments