Paulo Buhrer analisa a mente de um vencedor
Paulo Sérgio Buhrer é palestrante, professor, consultor e empresário. Tem ministrado palestras por todo o território nacional e internacional, e colaborado para o desenvolvimento de pessoas e para a excelência de empresas. É formado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO e pós-graduado em Gestão Empresarial e de Pessoas pela mesma instituição. Autor dos livros “Os dez mandamentos básicos na prestação de serviços”, “O Código Pensar”, “Se7e problemas e um segredo”, além do best-seller “Mente de Vencedor”, com milhares de exemplares vendidos no Brasil e no exterior. “Tudo aquilo que não agrega, desagrega. Parece simples essa tese, e é. O problema é que é mais fácil as pessoas acreditarem que não são capazes, do que crerem que são competentes para realizarem algo grandioso. É mais fácil, cômodo, e aparentemente, confortável acreditar que não vai dar certo, afinal, se realmente não der, já teremos uma boa desculpa, a mais terrível de todas, que é dizer: “Falei que não ia dar certo”. Muitos nem tentam fazer dar certo, pois, possuem crenças paralisantes. Quem quer um emprego, e tem uma entrevista, mas tem uma crença paralisante, vai dizer. “Penso que nem vou a essa entrevista. Semana passada fui a duas e não deu certo”. Veja que o poder do inverso ao sucesso a pessoa tem, que é a sua crença paralisante”, afirma.
Professor, por que boa parte dos seres humanos não conseguem destruir os seus medos?
As pessoas carregam as mais diversas crenças, desde o nascimento, até a hora do último suspiro. Há uma bagagem que todos nós teremos de transportar, dia após dia, com tudo o que o meio e o ambiente nos proporcionou. Aos poucos, vamos nos tornando aquilo em que mais acreditamos, e se fomos ensinados, por exemplo, de que as coisas são muito difíceis, que algo é impossível de ser conquistado, de que sucesso financeiro é para poucos sortudos, são essas as conexões que teremos em nossa mente. Com o tempo, essas serão as nossas referências e conexões mentais, para toda coisa que for um pouquinho mais complexa de ser feita, iremos travar, paralisar, pois, nosso cérebro já está programado para não tentar, não acreditar que pode ser feito, então, não destruímos esses medos, que, na realidade, são crenças que nos impedem de seguirmos rumo àquilo que lá, no fundo, sabemos que é o grande sonho da nossa vida, mas, infelizmente, consideramos impossível de ser atingido. Em vez de enfrentarmos os medos para destruí-los, eles é que vão sorrateiramente destruindo nossos sonhos.
O que é indispensável para se criar uma mente vencedora?
No meu livro “Mente de Vencedor”, eu criei cinco passos para que uma pessoa crie sua mente vencedora. São eles: pensamentos positivos, crenças estimulantes, blindagem mental interior, sonhos grandes e casca-grossa. Veja que o método tem uma ordem, e não é à-toa. O que mais vejo, por exemplo, são as pessoas tentando mudar um comportamento, sem antes, mudarem a forma como pensam. Esse é o primeiro passo que deve ser dado. Digo sempre, que apenas os pensamentos positivos não fazem de você um vencedor. Mas, somente os negativos tornam você numa pessoa perdedora. Por isso, quem quer mudar algo de maneira significativa, deve seguir o método.
Uma mente vencedora sofre mais ações internas ou externas?
Todo o meio influencia, os ambientes nos quais fomos inseridos e as pessoas com quem convivemos. Até certo momento, em nossa idade cronológica, seremos levados, basicamente pelas influências externas. Mas, de determinado ponto em diante, temos de tomar as rédeas da nossa vida, e atuarmos como protagonistas, e não mais como meros observadores dos acontecimentos, vivendo na plateia. Portanto, a maior influência, partindo do pressuposto de que somos responsáveis por nós mesmos é a nossa mente, que precisa saber trabalhar a nosso favor, para que realizemos os nossos objetivos, que apenas contará com o apoio externo, pois, isso é bem relevante, todavia, é vital prestarmos atenção em nossas ações internas. Essa assunção de responsabilidade pela própria vida, não tem uma data específica para acontecer, mas, digamos, a partir dos 18, 20 anos, embora alguns façam isso muito antes.
Qual a função do pensamento positivo nesse ecossistema?
Ele é a primeira mudança que temos de fazer. Ser otimista, positivo, em cada momento da vida é aquela fagulha que irá incendiar a realização dos nossos sonhos, e de nossos projetos. Veja, uma pessoa que acorda pessimista, negativa, ouvindo o obituário logo pela manhã, assistindo toda notícia ruim, não vai sair com boas energias para seu trabalho. Quem sabe, arrume uma encrenca assim que adentrar a empresa, pois, sintonizada de maneira negativa desde que acordou, dando “bicuda” até no pobre do cachorro em casa, não tem como ela ter atitudes diferentes por onde passar. É como uma rádio: a pessoa sintonizou sua mente na frequência negativa, ou seja, se não mudar isso, não tem como ela ter um dia positivo, e ouvir a melodia prazerosa dos seus sonhos. O dia todo vai ser só uma chiadeira sem fim.
Qualquer pequeno aborrecimento vira um pandemônio, motivo para discussões vãs, baixa produtividade, mau atendimento e assim por diante. A pessoa não percebe, mas, programou seu dia logo cedo para não vender, não produzir, para ficar estressada, e estressar os outros, pois, não tem nada pior do que trabalhar ou conviver ao lado de quem seca até pé de arruda, seu, e dos outros [Risos].
Quanto da cultura de segurança que foi implantada no Brasil incapacita o “sonhar grande?”.
O problema não é o Brasil. O problema é o que a pessoa deixa implantarem na sua mente. Se ela morar aqui, ou em Cingapura, mas mantiver uma mentalidade pobre de sonhos, será esse seu cenário de vida.
Fui muito pobre, mas pobre mesmo, e só não fui mais pobre porque não quis, porque chance eu tive bastante!
Contudo, mesmo inserido num meio onde os sonhos grandes pareciam não serem possíveis a mim, a partir de algum momento, e comigo isso aconteceu muito cedo, eu não permiti que os limites que os outros tinham, fossem os meus. Vendi frutas, sorvetes, verduras e até ferro-velho. Trabalhei como gari, vendi esfregadeira de roupa, mas, minha avó, Dona Zifa, que teve total influência no meu modo de ver a vida, dizia algo maravilhoso pra mim: “Paulinho, um dia esse ferro-velho vai virar ouro”. Eu não entendia muito bem na época o que isso queria dizer. Mas, com o tempo, fui percebendo que aquela frase dela queria dizer o seguinte: “as coisas difíceis e a necessidade que você está passando agora, são a ponte para a vida que você for capaz de sonhar em ter, desde que essas dificuldades e necessidades não o impeçam de sonhar grande”.
Portanto, esqueça a TV, a rádio, as pessoas à sua volta, quando estiverem dando notícias ou falando coisas negativas. Nesse momento, foque-se na sua mente, no seu propósito de vida, nos seus sonhos. Mantenha-se firme, convicto de que o lugar em que você está, é o ponto de partida para o lugar para onde você quer ir, esteja você onde estiver.
Fale um pouco sobre as crenças estimulantes.
Tudo aquilo que não agrega, desagrega. Parece simples essa tese, e é. O problema é que é mais fácil as pessoas acreditarem que não são capazes, do que crerem que são competentes para realizarem algo grandioso. É mais fácil, cômodo, e aparentemente, confortável acreditar que não vai dar certo, afinal, se realmente não der, já teremos uma boa desculpa, a mais terrível de todas, que é dizer: “Falei que não ia dar certo”. Muitos nem tentam fazer dar certo, pois, possuem crenças paralisantes. Quem quer um emprego, e tem uma entrevista, mas tem uma crença paralisante, vai dizer. “Penso que nem vou a essa entrevista. Semana passada fui a duas e não deu certo”. Veja que o poder do inverso ao sucesso a pessoa tem, que é a sua crença paralisante. Ela deveria focar na crença estimulante, de que podem até não terem dado certo as outras entrevistas, mas, avaliaria o que fez de errado, para não cometer isso na próxima entrevista de emprego, e sairia de casa com mais ânimo, alegria, bom humor, atitude de vencedor, e conseguiria a vaga de trabalho.
Então, toda crença que se passar na sua mente, e você perceber que ela não vai lhe ajudar em nada, precisa ser ressignificada, modificada, por uma que o leve na direção correta.
Quais as maiores dificuldades para revolucionar modelos mentais?
Assumir a responsabilidade por isso. As pessoas têm o hábito de querer que o médico, o terapeuta, a mãe, o pai, o papagaio, ajudem. Isso não vai acontecer, afinal, cada pessoa dessas, e até o passarinho, têm seus próprios medos, problemas e crenças para resolver.
Elas podem até apoiar, mas, só vamos mudar nossos modelos mentais quando assumirmos a responsabilidade por isso. E uma pergunta, que é vital para que isso aconteça, é: “Tudo o que estou pensando, acreditando e fazendo, está me levando na direção de eu mudar de vida, de ter e ser aquilo que quero e mereço?”.
A partir dessa pergunta, e se a resposta for um sonoro não, a pessoa tem de assumir um compromisso em mudar o que se passa na sua mente, pois, só assim vai mudar seu comportamento.
Em que momento se chega a um patamar de excelência empresarial?
Quem responde essa pergunta não é a pessoa dona de uma empresa. Ela só vai saber se atingiu esse nível, se os clientes disserem isso da empresa dela. E assim que os clientes afirmarem isso, nesse exato momento, o empresário deve chamar a equipe toda e dizer “galera, estamos com um ‘problema’. Nossos clientes estão satisfeitos, ou seja, precisamos elevar nossos níveis de qualidade e atendimento”. Não é incrível isso? O que move uma empresa não é a satisfação do cliente, mas sim, a insatisfação do dono e da equipe com o que fazem. Eles comemoram toda vez que algo dá certo, que algum cliente elogia, porém, não param aí, não dormem sobre o sucesso passado ou presente. Eles acionam a tecla da melhoria contínua, da excelência depois da excelência, pois, querem cada vez mais encantar seus clientes, proporcionando a eles as melhores experiências de compra, sempre.
Empresa boa é aquela que sabe que o cliente paga por aquilo que somos capazes de fazê-lo sentir.
Metas e ambição são equivalentes?
Sim, e a ordem correta é ter ambição, para então ter metas. Afinal, quem não tem metas de vida, nunca vai bater metas de vendas. E é isso que mais vejo nas empresas. O empresário, líder, gerente, contrata as pessoas pelas competências, pelo currículo. Isso é importante, no entanto, deveria pensar também em perguntar quais são os sonhos da pessoa, até onde ela quer chegar, que tipo de vida ela quer dar a si e a quem ama. Se a pessoa não for capaz de sonhar com algo grande para ela ou para um filho, por exemplo, como é que ela vai ser capaz de se doar por uma meta alheia?
Por isso, se você quer vender mais, produzir mais, ir além das suas metas, precisa ter fome de vencer na vida. Você já notou que ninguém que reclama de estar na fila do SUS, quatro da manhã, para conseguir uma consulta para a filha com febre alta, enquanto fuma seu cigarrinho, muda de vida? Sabe quem muda? É a pessoa que sonha com algo melhor para os filhos, portanto, para de fumar, e usa o dinheiro para pagar uma consulta particular. Veja que não estou falando mal de quem fuma, até porque tem muita gente que está na fila e não fuma. Estou falando que quem tem ambição, metas, não tem tempo para reclamar, e larga tudo o que não é essencial para sua vida, para fazer o que precisa ser feito em prol do que quer.
Vivemos na era das múltiplas competências?
Penso que sempre vivemos essa era. A diferença é que agora isso está mais evidente, devido à velocidade com que tudo muda. Toda vez que temos múltiplas competências, as oportunidades parecem se aproximar mais de nós. Na realidade, devido à essas competências, temos mais condições de visualizá-las ou criá-las, e ficamos mais visíveis ao mercado. Não basta motivação, vontade de vencer na vida, ser uma pessoa proativa. Claro que isso tudo é essencial. No entanto, o que sustenta uma carreira, uma vida, são as nossas múltiplas competências, porque só existe uma coisa pior do que uma pessoa que é incompetente, que vive indo pelo caminho errado, e tomando decisões erradas: é ela ir por esse caminho, motivada, mas, sem competências.
O que é sucesso em sua visão?
Essa pergunta é uma das mais delicadas que me pedem para responder, porque ela é muito pessoal. Para mim, sucesso é algo que não lhe tira a felicidade. Sucesso é uma soma de anéis caros, com algodão-doce no parque com a família. É jantar nos melhores restaurantes, porém, ser capaz de saborear um cachorro-quente de uma salsicha na pracinha. É estar sentado à mesa de mármore, com o filho no colo, lambuzando um ao outro com sopa de feijão.
Meu pai sempre foi um homem de poucas palavras, muito trabalhador, e com um estilo mais rústico. Não demonstrava muito amor, embora o tivesse em seu coração por todos nós.
Mas, lembro que toda tardinha em que ele vinha da serraria onde trabalhava, com seu bonezinho sujo, e seu chinelinho Havaianas estralando no calcanhar, com a roupa cheia de resina de madeira, eu ficava esperando ele na escada podre de nossa singela meia-água, com três cômodos. Assim que chegava, ele tirava sua marmita e me entregava, com um restinho de comida. Eu comia fria mesmo.
Essa era a maior demonstração de amor que meu pai me dava, afinal, tenho certeza que devido ao seu trabalho árduo e pesado, ele comeria duas marmitas daquela, mas, fazia questão de deixar um restinho para seu filho caçula.
Então, pra mim, sucesso tem que proporcionar felicidade. Se ele só me der dinheiro, recuso. De nada adiantaria meu pai chegar numa BMW, em nossa grande mansão, mas, passar por mim e jogar seu paletó de marca famosa sobre a mesa, sem sequer me dar um abraço. É isso que vejo acontecer com muita frequência. Pessoas que pensam que presentes caros, tecnologia de ponta, substitui o afeto, o colo, a atenção.
Até hoje, essa lembrança do meu pai me marca muito, e é assim que tenho levado a vida com minha família. Graças a Deus, consigo dar muitas coisas materiais pra todo mundo que amo, contudo, no dia em que eu parar de abraçá-los, beijá-los e carregar meus filhos nas costas pelo jardim de casa, saberei que não estou mais fazendo sucesso.
Última atualização da matéria foi há 2 anos
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