Reag, URSS, Adult Swim…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Reag Investimentos, PCC, Receita Federal e Polícia Federal em um só parágrafo: a alquimia brasileira de transformar bilhão em carbono oculto sem precisar de pedra filosofal
No Brasil, onde até a inflação parece ter CNPJ, a Reag Investimentos virou a bola da vez na maior ópera policial do ano, batizada de Operação Carbono Oculto. A empresa, que multiplicou sua base de ativos em 14 vezes em cinco anos, acordou hoje com a Receita e a PF batendo à porta, como quem pede açúcar emprestado, só que levando os cofres junto. Em 2020 eram R$ 21 bilhões em ativos; agora já passa dos R$ 300 bilhões. Milagre financeiro? Genialidade da gestão? Ou apenas aquela química contábil que faria até alquimista medieval chorar de inveja? O enredo inclui PCC, fusões e aquisições, e um cardápio robusto de captações. Oficialmente, a empresa “colabora integralmente com as autoridades”. Extraoficialmente, já entrou para o imaginário popular como mais uma instituição que confunde planilha com roleta. A Reag comprou até a Empírica em 2024, mas parece que a empiria agora é da PF. A nota da companhia garante transparência, mas a nuvem de fumaça continua espessa. No fim, o investidor brasileiro descobre que, entre pirâmides e fundos mágicos, talvez o único ativo sólido seja o cinismo coletivo.
Donald Trump, Chicago, raça, escolas e diversidade: quando até a palavra “inclusão” vira caso de polícia federal americana
Chicago virou laboratório do que resta da democracia americana: professores negros sendo contratados, currículos que falam de escravidão, programas de inclusão racial. Tudo lindo — até a Casa Branca de Trump decidir que isso é “ilegal”. Sim, o mesmo governo que prometeu muros agora levanta trincheiras contra salas de aula plurais. O Escritório de Direitos Civis, criado para proteger minorias, virou instrumento para atacá-las. É como se a lei tivesse feito yoga e descoberto posições contrárias à lógica. Há décadas, estudos mostram que estudantes aprendem melhor quando veem professores que compartilham sua identidade. Mas em Washington, a pedagogia virou crime e a equidade, ameaça nacional. Até estados republicanos mantêm iniciativas de diversidade, mas Trump prefere chamar de “ação afirmativa ilegal”. O resultado? Escolas sob investigação, comunidades em xeque e alunos aprendendo, desde cedo, que política educacional é guerra cultural. A ironia é amarga: a mesma nação que exporta discursos de liberdade agora criminaliza professores por ensinarem… liberdade.
Boi, Trump, México e churrasco: como a geopolítica transforma picanha em arma de guerra comercial
No cardápio da diplomacia brasileira, a estrela da vez é o México, que assumiu o posto de segundo maior comprador da carne bovina nacional, ultrapassando os Estados Unidos. Culpa do tarifaço trumpista: um aumento de 50% que deixou até o boi mais caro que iPhone importado. Resultado? A picanha brasileira pulou da mesa americana para a mexicana, sob aplausos da Abiec. Alckmin, vice-presidente, já corre para Cidade do México, porque se a política não garante aplausos, ao menos garante tacos recheados de exportação. A China continua no topo, porque comunista pode até censurar, mas não recusa churrasco. Enquanto isso, os EUA caíram para quinto lugar, provando que o protecionismo de Trump é tão eficaz quanto dieta de verão: só funciona para os outros. No fim, o Brasil segue soberano como maior exportador mundial de carne, e o boi, pobre coitado, continua sem saber se é bandeira diplomática ou apenas almoço de domingo.
União Soviética, agosto de 1991: quando o comunismo descobriu que até utopia tem prazo de validade
Há 34 anos, no dia 29 de agosto de 1991, o Partido Comunista se despediu do palco soviético depois de 75 anos de monólogo. Foi o adeus de um regime que prometia o paraíso dos trabalhadores, mas entregou filas para pão, tanques nas ruas e burocratas com cara de papel carbono. O colapso foi tão estrondoso que nem Marx imaginaria tamanha dialética prática: o sonho acabou, o rublo derreteu, e Moscou virou laboratório de oligarcas em tempo recorde. O “fim da história”, como dizia Fukuyama, foi apenas o início de outra novela — privatizações selvagens, máfias, vodka cara e Putin de figurante que virou protagonista. No Brasil, a esquerda chorou a perda como quem perde álbum raro; a direita comemorou como se tivesse vencido no grito. Hoje, o episódio parece distante, mas continua a nos assombrar. Afinal, o comunismo morreu, mas a nostalgia da utopia segue viva, vendida em camisetas vintage e discursos inflamados. A União Soviética se foi; a ironia, não.

Forbes, bilionárias brasileiras, Silvio Santos e testamento: quando herança vira reality show mais lucrativo que “Casa dos Artistas”
A Forbes Brasil 2025 trouxe um dado inédito: agora são 60 mulheres bilionárias no país, contra 48 no ano passado. Um avanço? Sim, mas elas ainda são só 20% da lista — ou seja, a plutocracia ainda veste terno e gravata. O destaque vai para Íris Abravanel e suas seis filhas, que herdaram R$ 6,4 bilhões com a morte de Silvio Santos. De Cintia a Patrícia, todas agora figuram na lista de bilionárias, provando que a frase “quem quer dinheiro?” nunca foi tão literal. Mas a fortuna vem temperada com disputa judicial: R$ 17,1 milhões de ITCMD cobrados sobre contas internacionais. A família alega que, como o dinheiro está no exterior, o imposto não vale. Traduzindo: até no além, Silvio conseguiu driblar a Receita. Outras bilionárias se destacam, como Vicky Safra, Cristina Junqueira e Lucia Maggi, mas nenhuma com tanto apelo televisivo. No fim, o ranking não é só sobre riqueza — é sobre narrativa. E nesse quesito, a herança Abravanel garante audiência até no além.
Adult Swim, HBO Max, palhaços e luto: a América transforma tragédia em animação para insônia de madrugada
O Adult Swim decidiu que a madrugada precisava de uma dose de humor pós-moderno e lançou a série HAHA, YOU CLOWNS, prevista para outubro. Três irmãos “de grande porte” e um pai carismático tentam lidar com a ausência da mãe morta. Parece roteiro de tragédia grega, mas embalado em animação colorida, sarcasmo e sentimentos “grandiosos”. O marketing vende como “caras grandes com grandes sentimentos” — porque emoção no capitalismo precisa vir com slogan. A série já teve prévia na Comic-Con, onde plateia emocionada gargalhou de tristeza, aquela risada nervosa típica de quem já está na terapia há dez anos. Os episódios terão 15 minutos, ou seja, a duração exata de um colapso existencial entre anúncios de antidepressivos e carros elétricos. O Adult Swim, fiel à tradição de rir do abismo, aposta que o público vai se identificar. Afinal, quem nunca foi um palhaço rindo da própria dor? Talvez seja a primeira vez que a psicanálise encontra a HBO Max sem precisar de consultório, apenas de Wi-Fi e pipoca.

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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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