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Sarampo, Ronaldo Caiado, Paris…

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Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

Elon Musk, Sam Altman e a Santa Inquisição dos algoritmos: quando a Inteligência Artificial decide quem é Deus e quem só finge ser humano

“Governar a IA é governar o futuro da humanidade.” A frase, que poderia estar num panfleto de seita tecnológica, é o fio condutor de O Império da IA, livro de Karen Hao que expõe o bastidor das disputas corporativas entre bilionários com síndrome de Messias. A obra promete detalhar a criação da OpenAI — que começou com Elon Musk, terminou com Sam Altman e no meio trocou de alma umas três vezes. Musk queria salvar o mundo, Altman queria vendê-lo, e o resultado é esse amálgama digital que escreve, pensa e, em breve, votará melhor que nós. A autora descreve uma nova forma de poder: não mais tronos, nem canhões, mas códigos e servidores. Cada linha de comando é uma fronteira; cada prompt, uma rendição da humanidade ao conforto. Se antes os profetas falavam em nome de Deus, agora os engenheiros falam em nome da eficiência. E a fé se mede em gigabytes. O livro chega ao Brasil pela Rocco em 2026 e já é tratado como a “Bíblia do Vale do Silício”. Ironia das ironias: enquanto lemos sobre o domínio da IA, é ela quem lê tudo sobre nós — e, no final, ganha os direitos autorais de nossas próprias almas digitalizadas.

Ye, o profeta do delírio: show cancelado, Ministério Público à espreita e a triste epopeia de um homem que confundiu liberdade de expressão com manual de ódio

Kanye West, ou Ye — aquele que perdeu o nome, a noção e o senso de realidade — ainda promete se apresentar em São Paulo. O problema é que ninguém quer emprestar o palco. A Prefeitura vetou Interlagos, o GP de F1 e o bom senso também saíram correndo. O motivo? A canção “Heil Hitler”, cujo título já dispensa qualquer defesa estética. O Ministério Público de São Paulo determinou que, se Ye cantar a ode ao genocídio, será preso em flagrante — o que, convenhamos, seria o número mais aplaudido da noite. Os produtores, Fabz e companhia, ainda juram que o show acontecerá “em outro lugar”. Difícil. São Paulo não tem espaço público para Nazismo, e os privados têm vergonha. O prefeito Ricardo Nunes foi taxativo: “aqui, quem faz apologia ao Nazismo não canta nem no chuveiro”. No fim, o show virou um exercício de logística espiritual: onde colocar um homem que não cabe mais em lugar algum? Ye, outrora gênio, hoje ecoa o ruído mais indigesto da cultura pop — aquele em que o artista deixa de ser provocador e passa a ser só patético. A liberdade, afinal, tem limite: o da sanidade.

Ronaldo Caiado, Paulinho da Força e o novo amor de conveniência da política: casamento por interesse entre siglas que só lembram o eleitor na hora do bolo e do fundo partidário

O Solidariedade estendeu o tapete vermelho a Ronaldo Caiado, que já ensaia sua saída de cena do União Brasil com a mesma sutileza de um general em fuga. Paulinho da Força, que nunca viu uma costura sem tentar meter uma agulha, convidou o governador de Goiás para disputar a Presidência pela sua legenda — uma espécie de cruzeiro político em mar revolto, com salva-vidas de pano. Caiado, que se acha competitivo, foi lembrado por seu partido que precisará alcançar 10% nas pesquisas. Uma exigência que soa mais como “vá brincar no recreio, depois a gente conversa”. O goiano blefa, o União finge acreditar, e o Solidariedade se oferece como novo abrigo. A troca, claro, não é de graça: menos fundo partidário, menos tempo de TV e menos musculatura. Mas Paulinho promete algo que nenhum político recusa: controle. Controle sobre candidaturas, sobre os rumos do partido e, quem sabe, sobre a própria narrativa. O problema é que Caiado parece mais um eterno vice de si mesmo — sempre candidato a algo, mas nunca eleito à altura de seu ego. Em 1989, foi o mesmo filme: grande discurso, pequeno resultado. O Brasil muda, mas o roteiro político é teimoso — e, como todo remake ruim, sempre com o mesmo final previsível.

Em 1989, foi o mesmo filme: um grande discurso... pequeno resultado (Foto: Divulgação)
Em 1989, foi o mesmo filme: um grande discurso… pequeno resultado (Foto: Divulgação)

Dez anos dos atentados de Paris: o trauma, a cicatriz e o mundo que aprendeu a conviver com o medo como quem toma café da manhã

Em 13 de novembro de 2015, Paris sangrou. Cafés, a casa de shows Bataclan, estádios — todos convertidos em palco de uma coreografia do horror. Cento e trinta mortos, centenas de feridos e uma Europa que, pela primeira vez no século, percebeu que o terror não era um filme, mas uma rotina. Dez anos depois, o mundo ainda não sabe lidar com o pós-choque. O terrorismo se digitalizou, migrou para fóruns, virou avatar. As armas se sofisticaram, mas o medo continua artesanal. O Ocidente aprendeu a reforçar fronteiras e a fragilizar a empatia. As homenagens de hoje são belas, mas soam como liturgias de uma fé abalada: “Nunca mais” dito pela milésima vez. E no entanto, o extremismo continua se reinventando, agora de terno e laptop. A França, como a humanidade, transformou o trauma em monumento e o monumento em esquecimento. Os terroristas queriam instaurar o medo; conseguiram algo mais perverso — banalizá-lo.

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Sarampo, a doença vintage que voltou das férias: quando o negacionismo faz turismo e o vírus aproveita a carona

O sarampo está de volta, ainda que discretamente, com 37 casos confirmados no Brasil. Parece pouco, mas é o suficiente para mostrar que a burrice também é contagiosa. Depois de décadas de sucesso vacinal, o país agora celebra o retorno da doença com um entusiasmo digno de revival dos anos 1980. O Ministério da Saúde garante que não há circulação endêmica, apenas casos importados — o que é a forma educada de dizer “vieram de fora, mas se espalharam porque aqui tem quem não toma vacina”. O ministro Alexandre Padilha faz pose de iluminista e reforça a importância da imunização, enquanto as estatísticas mostram que a segunda dose da vacina ainda não alcançou nem 80% das crianças. A Opas elogiou o Brasil por manter o certificado de país livre da doença, mas já acendeu o alerta: o continente americano perdeu o título coletivo. O Canadá reintroduziu o vírus e o México o distribui como brinde. Enquanto isso, o Brasil doa vacinas à Bolívia e continua vacinando fronteiras — tentando manter o vírus lá e a ignorância cá. No fim, o sarampo é menos biológico e mais ideológico: um vírus da desinformação com febre de WhatsApp e erupções de fake news.

Descontos indevidos do INSS e a arte de roubar o aposentado com recibo carimbado: quando o Brasil vira uma pirâmide etária e financeira ao mesmo tempo

O Governo Federal prorrogou o prazo para os aposentados contestarem descontos indevidos em seus benefícios. Uma gentileza que chega com um toque de cinismo: afinal, devolver o que foi roubado é agora considerado ato de boa vontade. O escândalo das entidades “associativas” desviou bilhões — bilhões! — de quem trabalhou a vida inteira e agora precisa de aplicativo, senha e fé para reaver o troco. Dos mais de seis milhões de lesados, quase cinco milhões estão aptos a receber o dinheiro de volta. Só que, como tudo no Brasil, o sistema é tão burocrático que parece uma punição. Há até “programa de devolução”, expressão que soa como reality show da humilhação. O Governo estendeu o prazo até fevereiro de 2026, o que significa mais 90 dias para fingirmos que o Estado é eficiente. No total, R$ 2,5 bilhões já foram devolvidos — ou, na prática, devolvidos a conta-gotas, como quem paga penitência em prestações. No Brasil, a Previdência virou o espelho perfeito da política: todos prometem cuidar dos velhos, mas só se o Fundo de Participação sorrir primeiro.

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