Tarcísio de Freitas, Nixon, Meta…
Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.
Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.
Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.
Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.
Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.
Com camisa polo e bandeira de Israel, Tarcísio tenta virar popstar evangélico antes de pensar no Alvorada
O governador Tarcísio de Freitas ensaia um passinho diferente na pista presidencial de 2026. Na última quinta-feira (12), apareceu na Marcha para Jesus em São Paulo como quem vai ao próprio casamento, de polo verde engomada, bandeira de Israel à tiracolo e louvores na ponta da língua. Tudo registrado em fotos estrategicamente espontâneas. A estratégia é clara: agradar o eleitorado evangélico, cada vez mais crucial no jogo eleitoral. Mas há um pequeno detalhe incômodo na equação: Silas Malafaia, o fiscal do Céu na política, ainda torce o nariz para Tarcísio. Evangélicos são hoje 26,9% da população, e se o governador quiser a chave do Alvorada, vai ter que ajoelhar mais vezes. Por enquanto, parece mais ensaio para influencer gospel do que plano de governo. Faltou só o QR Code para pix no canto do palco.
R. Kelly preso, doente e agora alegando conspiração: os EUA conseguiram transformar a cadeia num filme B
O eterno escândalo ambulante chamado R. Kelly segue preso, mas agora decidiu adicionar um toque dramático ao seu roteiro judicial. Após uma visita emergencial à prisão, seus advogados dizem que ele tem coágulos nos pulmões e que cada minuto ali é uma roleta-russa pulmonar. Não satisfeitos, ainda jogaram na mesa a cartada digna de novela ruim: uma conspiração para matá-lo dentro da cadeia, supostamente arquitetada com ajuda de um colega de cela. Hollywood não escreveria melhor. O problema? O pedido de soltura emergencial foi negado. Motivo: “jurisdições diferentes”. Traduzindo: burocracia americana funciona até melhor que o sistema de saúde deles — para negar ajuda. No fim das contas, o julgamento da carreira de R. Kelly vai parecer light perto desse roteiro judicial que mistura emergência médica, teoria da conspiração e drama penitenciário.
Recordar é Viver: há 53 anos, Nixon mostrava ao mundo que o improviso político é melhor gravado que apagado
Watergate fez aniversário. 53 primaveras desde que Nixon e Haldeman, como dois vilões de desenho animado mal dublados, foram pegos no microfone discutindo como usar a CIA para atrapalhar o FBI. Detalhe: tudo devidamente gravado. Hoje, qualquer estagiário sabe que o primeiro mandamento é não deixar provas — menos o pessoal da Casa Branca nos anos 1970. Watergate não foi só um escândalo: foi um tutorial involuntário sobre como não cometer crimes de colarinho branco. Deu impeachment, deu livro, deu filme — só faltou a série da Netflix. O mais curioso? De lá para cá, a técnica de gravar a própria queda continua firme. De Nixon a Bolsonaro passando por Trump, o vício da autossabotagem gravada segue atual. Em tempos de áudio vazado no WhatsApp, Nixon deve estar orgulhoso no além.

Bolsonaro e a ABIN paralela: “não espionei ninguém, mas se tivesse espionado, quem foi que reclamou?”
Jair Bolsonaro não gosta de ficar fora de polêmica nem quando está saindo do hospital com pneumonia. No meio da apneia, defendeu-se da acusação de chefiar a espionagem ilegal pela ABIN com a lógica típica dos botecos de esquina: “Se eu tivesse espionado alguém, alguém reclamou?”. É quase poético. Segundo a PF, Bolsonaro era o centro de decisão da operação que usou a inteligência do Estado para espionar autoridades e jornalistas. Mas o ex-presidente nega tudo com um sorriso esbaforido e cara de quem foi injustiçado no campeonato de dominó. Nem o Figueiredo usaria desculpas tão ruins para justificar espiões. Agora, se ninguém reclamou, tá tudo certo. Faltou só ele completar: “Quem nunca montou uma ABIN paralela que atire a primeira pedra!”.
Meta e Oakley tentam convencer atletas a pagar quase três mil reais para tirar selfies em 3K pedalando
Depois de emplacar um sucesso improvável com os Ray-Ban com Inteligência Artificial, a Meta resolveu escalar para um público mais ‘premium’ e lançou óculos inteligentes com a Oakley. Agora, você pode pedalar ouvindo música, filmando o percurso em 3K e ainda perguntando ao Zuckerberg se essa subida vai acabar. Tudo isso pelo módico preço de até R$ 2.740. O plano da Meta é capturar ciclistas, surfistas e praticantes de esportes radicais com o sonho de virar stories ambulantes. Resistente à água, bateria melhorada, edição limitada com detalhe dourado — a ostentação chegou ao esporte, sem precisar de tênis importado. Zuckerberg, que não sabe a diferença entre mountain bike e ergométrica, quer ser seu personal trainer digital. Resta saber se quem sobe serra quer mesmo ser interrompido pelo assistente dizendo “Você parece cansado. Deseja ouvir Coldplay?”.

Austrália quer menores longe das redes sociais e promete multa milionária: TikTok e Instagram já gritaram “liberdade!”
A Austrália resolveu encarar o pesadelo de todos os CEOs do Vale do Silício: bloquear menores de 16 anos nas redes sociais. E não é ameaça boba, não. Quem não cumprir pode tomar multa de até US$ 32 milhões. Um estudo recente, contratado pelo governo australiano, garante que dá pra fazer a verificação de idade de forma robusta, eficaz e até respeitando a privacidade. Zuckerberg e Elon Musk já soltaram aquela desculpa padrão: “É muito complicado, compromete a experiência do usuário”. Tradução: compromete o faturamento. A verdade é que, para as big techs, o conceito de infância termina quando a criança consegue abrir o aplicativo sozinha. No fundo, a Austrália abriu a guerra civil digital: pais versus plataformas, infância versus algoritmo. Spoiler: se depender de quem lucra, o TikTok vai continuar sendo creche com dancinha.
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Franco Atirador assina as seções Dezaforismos e Condensado do Panorama Mercantil. Com olhar agudo e frases cortantes, ele propõe reflexões breves, mas de longa reverberação. Seus escritos orbitam entre a ironia e a lucidez, sempre provocando o leitor a sair da zona de conforto. Em meio a um portal voltado à análise profunda e à informação de qualidade, seus aforismos e sarcasmos funcionam como tiros de precisão no ruído cotidiano.
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