Tuca Mei traz muita leveza para suas canções
A carioca Tuca Mei é um retrato fiel da nova geração da música: eclética, ela canta, compõe, produz (“Desatino” foi produzido por ela) e é multi-instrumentista. Após temporada com casa cheia na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, em novembro de 2019, ela volta à cena com o single “Bem Mulher (Ela Vem do Mar)”. A canção é uma MPB com pegada mística e pop, envolvente, que fala sobre a mulher que abraça sua essência, numa ampla busca por si própria, como o mar, que tem várias profundidades e tons. “Com a minha música espero mostrar que ser mulher é positivo, nutritivo e acolhedor, tendo a dualidade de ser vulnerável e poderosa”, diz Tuca. O single traz uma nova fase de Tuca, na qual ela se vê mais cheia de luz. “Falo desse meu caminhar, num lado mais solar meu; já que meu primeiro contato com a música foi mais lunar, introspectivo”, conta a promissora artista. A capa, com formato de carta de tarô, feita pela jovem pintora Luiza Furtado, mostra uma mulher multicolorida, psicodélica, transmutando energia, com os números dois e três, que representam, respectivamente, a sacerdotisa, a mulher sábia e mística; e a imperatriz, a mulher luminosa, que sabe o que quer. O single foi produzido no Estúdio Camelo Azul, por Barbanjo Reis e Serginho Carvalho. Já o videoclipe, banhado pela essência feminina e da natureza, teve a direção do talentoso Anderson Cabs.
Tuca, o que foi fundamental para trilhar o caminho da música?
O meu caminho foi muito espontâneo. Cresci buscando me desenvolver com a minha arte, mas sem intenção de fazer carreira artística, era um hobby mesmo. Quando comecei a cantar e compor vi que eu poderia compartilhar com o mundo algo especial. Acredito que o meu amadurecimento foi fundamental para reconhecer o meu dom.
Quando você percebeu que tocava as pessoas com as suas canções?
Percebi quando comentavam que a minha música ajudava a curar. No show, estou sempre atenta as expressões das pessoas, muitas se emocionam e se identificam com o que crio.
Quais os pontos mais líricos de tal percepção e que você coloca em suas interpretações?
Me vejo muito sensível e intuitiva. Esse olhar sobre mim reflete na minha visão sobre outros. Pra mim o mundo é um grande espelho. E a partir daí eu me inspiro nas minhas histórias, memórias e sensações para criar músicas e fazer minha performance. Gosto de ser espontânea nas minhas interpretações e permito que elas fluam, sem pensar muito.
Em que momento as observações externas fazem parte do seu modo de ver o seu ofício?
As observações externas são tão aprendizados quanto as internas. Se o universo é um grande espelho, saber escutar e compreender como os outros me olham é um grande ensinamento e um lugar de riqueza pro meu interior. Óbvio que selecionando essas observações ao longo do caminho. E esse olhar de fora sobre minha carreira artística me ajuda a me aperfeiçoar, entender o que o mundo precisa e o meu papel como artista.
As reflexões internas também fazem parte desse conjunto?
Ô se fazem… me percebo muito intensa e profunda nos meus pensamentos e emoções. Quando estou me movimentando e criando procuro não pensar por que sinto que me atrapalha. Mas antes da ação tenho muitas reflexões internas… vulgo inspirações e brainstorms! Conversas longas comigo mesmo ou com quem estiver perto pra escutar e debater! Procuro mergulhar em mim e me trabalhar pra entender. Me descobrir e transformar todos os dias! E nesse caminhar reflexivo vou contemplando e vivendo a vida!
Você acredita muito na sincronicidade das coisas. Quando esse sincronicidade foi marcante em sua vida?
Vai ser exagerado eu falar que todo dia eu me surpreendo e vivo a sincronicidade das coisas? Todo dia é um novo momento marcante e eu agradecendo. Desde coisas consideradas banais e outras reconhecidas pelos outros… Fica difícil falar o que foi mais marcante por que isso pra mim é algo muito grande e complexo! Quem me conhece acha até engraçado, por que estou sempre comentando como a vida não dá um ponto sem nó! Suas palavras, pensamentos e ações reverberam e afetam um todo! Por isso é importante estar na consciência… escolhi ter esse olhar pro mundo! Pra mim a vida é amiga, acredito que o universo está sempre me ensinando, guiando e me ajudando!
O que representou para o seu íntimo o álbum “Olhos Atentos” no momento em que foi lançado em setembro de 2018?
Senti que estava plantando uma semente muito especial. Dando o primeiro passo para algo desconhecido pra mim. O início de uma jornada de muito aprendizado! Me senti sendo mãe das minhas músicas, mas sendo um bebê como artista! Eu me senti corajosa! Me permiti perder o controle do por vir, expondo a minha arte, imagem e o que sou no mundo! Me entreguei!
Quais foram os sentimentos mais marcantes na hora de produzir esse trabalho?
Nesse EP, revivi minha história desde a minha primeira composição com 14 anos até 21 anos. Histórias de amor. De menina se tornando mulher. Na produção tive que me reconectar com sentimentos bons e ruins do meu passado…. Então foi muito intenso. Alguns momentos eram de muita risada e alegria, outros de dor e choro. Pra eu produzir é preciso organização e um olhar detalhista, porém, o mais importante é ser vulnerável e permitir que as emoções venham!
O que tem no seu EP “Desatino” que o distingue de “Olhos Atentos” e que só você vê?
Nesse novo EP me vejo mais mulher. E falo mais de mim nesse olhar. Abraçando todas essas que estão dentro de mim. São músicas que estão com um discurso mais fortalecido sobre o que sou, o que sinto e sobre o amor. Em “Olhos Atentos” quis traduzir minha expressão musical de um modo mais introspectivo por que foi como comecei a compor. Pra mim era fácil fazer música triste. No EP “Desatino” sinto que estou me amando cada vez mais, que cresci e fiquei mais sábia e segura do que sou! O trabalho é cheio de movimento… tem uma energia feminina e solar que combina com a minha essência! Meu jeito de ser é livre e dançante! E procurei passar isso para as minhas músicas! A minha intensidade ainda está ali… só ressignifiquei e aceitei a constante transformação que sou!
A sua canção “Bem Mulher (Ela Vem do Mar)”, fala sobretudo de uma mulher em busca por si própria. Essa busca faz parte da sua vida?
Sim, e percebi no processo de criação dessa música que isso vai ser eterno pra mim. Buscar é o que move a alma! Ser uma mulher cada vez mais alinhada com a minha potência é o que me faz ter gás pra vida! Pra mim o mais importante nesse caminhar é amar quem sou e inspirar outras mulheres a se amarem também!
O que você acredita que o futuro lhe reserva?
Acredito que coisas boas! Pra mim a gente só evolui, mesmo que pareça que não. Então espero que o meu caminho esteja repleto de conquistas e realizações, pois, procuro sempre aprender e crescer! Espero que o meu nome e música tenha um lugar grande no mundo… conectando, curando e unindo as pessoas!
Última atualização da matéria foi há 3 anos
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