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Ângela Diniz, BTG, juros…

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Nem todo mundo tem tempo (ou estômago) para acompanhar o noticiário inteiro. É guerra lá fora, escândalo aqui dentro, político fazendo dancinha no TikTok e economista prometendo milagre com inflação alta. Enquanto isso, você tenta sobreviver à vida real. A gente entende.

Por isso nasceu o Condensado: uma dose diária de realidade em 6 tópicos, com informação quente, ironia fria e aquele comentário ácido que você gostaria de ter feito — mas estava ocupado demais trabalhando pra pagar o boleto.

Aqui não tem enrolação, manchete plantada ou isenção fake. Tem olho cirúrgico e língua solta. O que rolou (ou rolará) de mais relevante no Brasil e no mundo vem aqui espremido em 10 linhas (ou menos) por item. Porque o essencial cabe — e o supérfluo, a gente zoa.

Informação? Sim. Respeito à inteligência do leitor? Sempre. Paciência com absurdos? Zero.

Bem-vindo ao Condensado. Pode confiar: é notícia, com ranço editorial.

Gleisi, Gonet, Senado, CCJ, oposição aos gritos e o Palácio torcendo para ganhar sem parecer que implorou: Brasília segue fiel ao teatro de sempre

Gleisi Hoffmann passou o dia fazendo o que Brasília faz de melhor: pedir favores com ares de governabilidade republicana. A missão era garantir votos para Paulo Gonet continuar como Procurador-Geral da República. A cena é conhecida: corredores, cafezinhos, promessas implícitas, tapinhas nas costas, olhares que dizem “eu lembro, viu?”. O Planalto jura que está tudo sob controle, que a sabatina na CCJ será tranquila, que ninguém pensa em derrota ou surpresa de última hora. Mas Brasília é aquele lugar em que todo mundo sorri enquanto segura um punhal na manga. Sabe o ditado espanhol citado pelo Governo? Pois é: ninguém crê em bruxas, mas que o Senado gosta de uma travessura silenciosa, gosta. A oposição fareja sangue — não para derrubar Gonet, mas para fazer barulho o suficiente para desvalorizar a vitória alheia. No fim, a vantagem pode vir com aquele gosto de café requentado: ganhou, mas parecia que perdeu. E, claro, todo mundo dirá que sempre soube que seria assim — porque em Brasília ninguém erra nunca, só “reavalia”.

André Esteves explica o país como se fosse um powerpoint de banco internacional: juros, fiscal, Bolsa Família, Suécia tropical e Brasil como “nação amiga do mundo”

André Esteves, o banqueiro que virou espécie de filósofo financeiro da Faria Lima, resolveu lembrar que o Brasil não deveria viver com juros de 15%. Quem diria: até banqueiro acha caro. Em sua análise, falta coordenação entre a política fiscal e monetária. Que surpresa, não? Disse que a Selic cairá em 2026, em ritmo lento, dependendo do Governo que assumirá. A projeção é tão precisa quanto horóscopo detalhado: pode ser 11%, pode ser 7%, pode ser qualquer coisa — depende de como Brasília acordar. Esteves também defendeu apertar contas públicas e repensar o reajuste do salário mínimo, porque ganhar sem trabalhar é privilégio, mas lucrar sem risco é só “mérito bancário”. Criticou o tamanho do Bolsa Família, comparou o país com Noruega e Suécia (aquele momento mágico em que o Brasil vira Escandinávia de powerpoint) e lembrou que o setor privado pode ajudar a negociar tarifas internacionais. E encerrou com a hipérbole diplomática: o Brasil precisa ser “friendly nation”, pacífico e cheio de recursos naturais. Em resumo: o país poderia ser uma Suíça tropical, desde que o mundo e os brasileiros se comportassem como funcionários disciplinados do BTG.

Ângela Diniz, o assassinato que virou símbolo, a narrativa que volta às telas e o eterno esforço brasileiro em discutir feminicídio só quando dói no entretenimento

Quase meio século depois, Ângela Diniz retorna à cena pública, desta vez no rosto de Marjorie Estiano e no olhar de Andrucha Waddington. A história é conhecida: uma mulher livre, cosmopolita, independente — e por isso odiada. Ângela pagou com a vida o preço da autonomia. Doca Street virou símbolo do machismo homicida que se justificava em “defesa da honra”, tese que o STF só foi oficialmente enterrar em 2023, como se precisássemos de decreto para saber que matar não é ato de amor. A série promete o equilíbrio difícil entre memória e espetáculo. Não é história para ser contada com glamour de novela das oito, porque o circo já aconteceu no tribunal. O Brasil sempre transforma tragédia feminina em discussão moralista: quem ela era, como vivia, se “provocou”. “Praia dos Ossos” já reacendeu a ferida; agora, a TV a expõe novamente — talvez para lembrar que o país continua matando mulheres e oferecendo explicações polidas para isso. Se houver impacto, será não pela novidade, mas pela repetição. Porque a história não passou. Ela só teve novas vítimas.

Ângela Diniz retorna à cena pública, desta vez no rosto de Marjorie Estiano (Foto: Wiki)
Ângela Diniz retorna à cena pública, desta vez no rosto de Marjorie Estiano (Foto: Wiki)

Haddad atira contra a taxa de juros, acerta o próprio pé, Lula aplaude e Galípolo tenta fingir que não é com ele: tragédias brasileiras em três atos

Fernando Haddad resolveu verbalizar a insatisfação do Governo com a Selic de 15%. Nada de novo: a política monetária virou a novela que nunca acaba. Mas o timing foi um desastre. Ele disse o que Lula pensa — e, convenhamos, o que boa parte do país sente — mas o fez no momento em que o Banco Central queria distância de ruídos. O problema é que o ruído virou microfonia. E o estrago colateral não pega só o BC: respinga em Galípolo, cria fissuras onde se jurava harmonia, e deixa o ministro da Fazenda com aquela cara de quem foi aplaudido, mas perdeu. Resultado: os mercados fingem espanto (como se não soubessem exatamente quem Haddad é), o Governo finge que não sabia do atrito, e o país segue pagando juros de país apocalíptico. A cereja do bolo? As apostas agora são de que ficaremos mais seis meses presos ao altar dos 15%. O ministro fala de desenvolvimento, mas a economia caminha como quem usa sapatos cheios de chumbo. E Brasília, claro, assiste de camarote, comendo pipoca e fazendo pose de cientista político.

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A Noite da Agonia, Pedro I mandando o Exército invadir a Constituinte e o Brasil descobrindo cedo que golpe também pode ser institucional e limpinho

Em 12 de novembro de 1823, o Brasil estreava sua vocação nacional: cancelar a festa quando ela começa a ficar democrática demais. Pedro I, incomodado com a Constituinte que ousava debater limites ao poder imperial, simplesmente chamou o Exército e encerrou a discussão do jeito mais brasileiro possível: na marra. A Noite da Agonia não é só um evento histórico; é um episódio fundador da nossa alma política. É o momento em que aprendemos que Constituição é boa, desde que não atrapalhe quem manda. A Assembleia foi dissolvida, deputados foram presos, e o país seguiu rumo a uma Carta feita sob medida — porque aqui governante sempre acha que governar é escolher o que o povo pode pensar. Dois séculos depois, continuamos apaixonados por decretos, medidas provisórias, articulações de madrugada e decisões tomadas antes que a sociedade entenda o que aconteceu. A democracia, no Brasil, é um teatro onde a plateia raramente é convidada para o ensaio geral. E Pedro I, claro, foi só o primeiro diretor desse espetáculo de longa duração.

Luiz Marinho celebra isenção do IR, promete o fim da escala 6×1, chama pejotização de fraude e avisa: o trabalho no Brasil será campo de guerra legislativa

Luiz Marinho saiu comemorando a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil — uma vitória política e um presente retórico para Lula. Mas o ministro não parou aí: agora mira o fim da escala 6×1 e a redução para 40 horas semanais. Ideia popular, porém explosiva. Empresários dizem que é impossível. Trabalhadores aplaudem. O Congresso observa, calculando que lado rende mais voto. Marinho chamou de “fraude” a prática de demitir CLTs e recontratar como PJ — algo tão comum que virou dinâmica de RH. E ainda criticou Gilmar Mendes, acusando-o de paralisar o debate ao suspender ações sobre o tema. O ministro descreve a pejotização como crueldade moderna: um país onde todo mundo vira empresa, mas ninguém vira acionista. A disputa é clara: ou o trabalho vira dignidade ou vira aplicativo. E no Brasil, onde o capital sempre tivera punho de ferro e fala suave, será briga longa. Marinho aposta que a história pode ser reescrita. Brasília aposta que tudo termina em acordo noturno, café fraco e sorriso cínico.

Gleisi, Gonet, Senado, CCJ, oposição aos gritos

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